quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Paulo Garcia humilha o Corinthians.

Paulo Garcia



As palavras do candidato da oposição à presidência do Corinthians, Paulo Garcia, que  perdeu  grande oportunidade de manter a boca  fechada , não caíram bem no clube. Na manhã desta quinta-feira, o postulante afirmou em entrevista ao canal Band Sports sobre a pressão que o time sofre por ter conquistado o Mundial de 2000 sem ter vencido a Copa Libertadores, e teve seu comentário rebatido horas depois.


"Nós somos até campeões mundiais. É como entrar na faculdade sem ter feito o vestibular. Por isso, precisamos da Libertadores", disse Garcia, que viu o diretor jurídico do Corinthians, Sérgio Alvarenga, publicar um comunicado no site do clube respondendo às palavras do candidato à presidência.


Escrito em primeira pessoa, o texto debate o significado do termo "mundial" e discute a questão do "vestibular" citado por Garcia. "A França não fez 'vestibular' para ser Campeã Mundial em 1998. Alguém ousará negar que é Campeão Mundial?! Infelizmente, lembro-me muito bem daquela partida. Para mim, não foi ficção", disse Alvarenga.


O diretor jurídico do Corinthians ainda sugeriu que a história do clube poderia ser matéria a ser estudada para o vestibular e alfinetou Garcia. "Apesar de não cair no 'vestibular' - embora devesse! - conhecer a história do Corinthians é requisito para ser Presidente", publicou.


Confira a seguir a íntegra do texto "Campeão mundial, sim!"
A França não fez "vestibular" para ser Campeã Mundial em 1998. Alguém ousará negar que é Campeão Mundial?! Infelizmente, lembro-me muito bem daquela partida. Para mim, não foi ficção.


Falando em França, o idioma oficial da República Popular do Congo é o francês. Apesar disso, seu time de futebol de maior destaque, a surpresa de 2010, Mazembe, trouxe relevantes contribuições para o idioma português. O país está situado no centro da África, mas a vitória do Mazembe sobre o Internacional de Porto Alegre, em 2010, trouxe à tona questões sobre a geografia mundial. Internamente, a República vivia à época - e ainda vive! - uma guerra civil. Mas sua equipe de futebol deu lições de democracia. Lições que alguns que se dizem Corinthianos ainda não aprenderam. Que pena!


É sabido que, antes do campeonato de 2000 - vencido pelo Corinthians no maior estádio de futebol do mundo, sem aspas - apenas clubes da América do Sul e da Europa participavam daqueles torneios realizados no Japão ou mesmo daqueles outros, mais antigos, com jogos na Europa e na América do Sul, ordinariamente chamados de "mundiais" - com aspas.


Aprendi na escola que as palavras têm seus respectivos significados. Significados que não mudam apenas pela vontade de quem as profere. Quem faz ¿vestibular¿ sabe. Segundo o Houaiss, "mundial" é adjetivo "relativo ao mundo como um todo, à terra inteira; geral, universal". Aulete: Ref. ao mundo inteiro, ao planeta".


Ora, ora. Já me perguntei antes: que estranho "mundo" - com aspas, claro! - era aquele que ignorava, por exemplo, a sua maior potência econômica e bélica, localizada na América do Norte? Já ouviram falar no tal de Estados Unidos? Sempre me acometeu a seguinte dúvida: que bizarro "mundo" era aquele que ignorava, por exemplo, o seu país mais populoso, na Ásia?


Sabe aquela guerra entre judeus e muçulmanos? No "mundo" daqueles que acham que havia Campeonato Mundial antes de 2000 não existe. Outra ficção. Que delirante "mundo" era aquele que ignorava o chamado continente negro? Continente, aliás, onde foi realizada a última Copa do Mundo. Será que era tudo virtual? Videogame? Há mais. Que esquisito "mundo" era aquele que ignorava o chamado Novíssimo Continente? Talvez seja essa a razão pela qual o Aberto da Austrália tenha causado tanto interesse nos últimos dias: é um torneio extraterrestre!


Só fazia parte do mundo quem fazia "vestibular"?! O mais curioso: que excêntrico "mundo" era aquele que ignorava até o próprio país no qual era realizado o torneio? Ou seja, o campeonato "mundial" era realizado fora do "mundo"! As equipes viajavam de disco voador?


Entendamos de uma vez por todas: para ser intitulado de mundial, é necessário, ao menos, dar oportunidade para que todos os continentes tenham seus representantes e não sumariamente ignorá-los. Não precisa de "vestibular"! "Vestibular" existe para entrar na Faculdade! Os prepotentes sempre argumentaram que o futebol fora da América do Sul e da Europa merecia, sim, ser ignorado.


O argumento é antidemocrático - coisa de quem é contra as eleições diretas! O argumento esquece que a África já ganhou o torneio olímpico em duas oportunidades, infinitas vezes mais do que o Brasil, por exemplo! O argumento esquece que a Coréia do Sul foi semifinalista em Copa do Mundo. O argumento esquece que os Estados Unidos foram finalistas da Copa das Confederações, após vencer a poderosa Espanha, atual Campeã Mundial.


É, de fato, os prepotentes não são tão potentes como acham... Não é preciso fazer "vestibular" para chegar a essa conclusão. Se os prepotentes querem fazer, disputar, comemorar a vitória em um torneio que ignora preconceituosamente vários continentes, que o façam, disputem, comemorem. Mas não o chamem de mundial!


É uma questão de semântica. É uma questão de geografia. É uma questão de democracia. Coisas de quem vai prestar o "vestibular". Campeão Mundial foi o Corinthians. Que foi vencedor de um torneio do qual participaram representantes da América do Sul, da Concacaf, da Europa, da Ásia, da Oceania. Foi o primeiro deles. Já que, confirmando tudo que foi dito acima, passou-se a copiar o modelo inicial e, hoje, são organizados, efetivamente, torneios mundiais.


As palavras, insisto, têm seus significados. E já que o assunto diz respeito a imprecisões da língua, permito-me uma redundância: o Corinthians é o primeiro Campeão Mundial de todo o mundo - sem aspas!
Apesar de não cair no "vestibular" - embora devesse! - conhecer a história do Corinthians é requisito para ser Presidente.


Sérgio Alvarenga
Diretor Jurídico do Sport Club Corinthians Paulista

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