domingo, 26 de fevereiro de 2012
Kyu Sakamoto “Sukiyaki”
Kyu Sakamoto
(Kawasaki, 10 de dezembro de 1941 — 12 de agosto de 1985) foi um ator e cantor japonês.
Nasceu na periferia de Kawasaki, Kanagawa, Japão, e era o menor de 9 irmãos do casamento de Hiroshi e Iku, funcionários de um restaurante. Ao estudar na escola básica e secundária começou a cantar, e em 1958 se integrou ao grupo vocal “Drifters” como vocalista.
Sua música mais popular (“Ue o muite aruko”) era mais conhecida como “Sukiyaki”, e foi um grande sucesso no Japão. Atingiu o primeiro lugar na Billboard Pop Charts nos Estados Unidos da América em 1963. Tornou-se até hoje a única canção de língua japonesa a atingir este sucesso.
Morreu tragicamente em 1985 no acidente do vôo Japan Airlines 123. Antes do impacto da aeronave com o solo escreveu um bilhete para sua esposa Yukiko Kashiwagi. Deixou dois filhos.
Álbuns
Sukiyaki And Other Japanese Hits (1963)
Kyu Sakamoto Memorial Best (2005)
Kyu Sakamoto CD & DVD The best (2005)
Filmografía
Takekurabe (1955)
Subete Ga Kurutteru (1960)
Kigeki: ekimae danchi (1961)
Ushichi jini aimasho (1963)
Shiawase nara te o tatake "Aplaude cuando estes feliz" (1964)
Garibā no Uchū Ryokō "Los viajes de Gulliver mas alla de la luna" (1965)
Kyu-chan no Dekkai Yume "El gran sueño de Kyu-Chan" (1967)
Tokkan (1975)
Curiosidades
O asteroide 6980 Kyusakamoto foi batizado em sua homenagem
Seu grupo sanguíneo era "A".
Seu sobrenombre (Kyū) era uma interpretacão alternada de kanji (九) para seu nombre real (Hisashi).
Suas músicas chegaram a ser trilhas de fundo nos quadros de humor do extinto Programa Francisco Barbosa (Rádio Globo).
Steve Allen show 1963
Apresentação de Kyu Sakamoto no Rio de Janeiro em 1968. Sayonara, Sayonara
O Vôo 123 da Japan Airlines era um vôo doméstico de Tóquio para Osaka. O Boeing 747-SR46 mudou a sua rota, colidindo-se no Monte Takamagahara a 100 km de Tóquio, em 12 de Agosto de 1985.
É o segundo maior acidente da história da aviação, apenas ultrapassado pelo desastre aéreo de Tenerife, e o mais mortífero com apenas um avião. Entre os 520 mortos estava cantor Kyū Sakamoto.
O voo saiu às 18h12min. Decorridos os primeiros 12 minutos, enquanto a aeronave alcançava a sua altitude de cruzeiro sobre a baía Sagami, rompeu-se o selo traseiro de pressurização, resultando na perda do estabilizador vertical e outras partes que caíram no mar, despressurizando a cabine e danificando severamente as quatro linhas hidráulicas da aeronave.
Os pilotos sintonizaram o transmissor-receptor numa banda de frequência exclusiva para emergências dirigida a Tóquio onde se lhes permitiu a aterragem proporcionando-lhes os vetores principais para uma aterragem de emergência. Continuando os problemas solicitaram os vectores de regresso a Haneda e depois a Yokota (onde há uma base militar dos E.U.A.), mas regressaram a Haneda, já que a aeronave começava a vaguear sem controle.
Com a perda de controle total das superfícies estabilizadoras o avião começou a oscilar elevando-se e descendo no que é conhecido como um ciclo fugóide, um modo de voo típico em acidentes de aeronaves em que os controlos estão indisponíveis. Depois de descer a 4.100m, os pilotos reportaram que a aeronave estava totalmente incontrolável, e sobrevoaram a península de Izu dirigindo-se para o oceano Pacífico e depois para a praia, descendo a 2.100m.
Os pilotos conseguiram elevar a altitude para 4.000 m antes de entrar numa descida vertiginosa através das montanhas e desapareceram do radar às 18h56min, a 2.100m de altitude. Durante as oscilações que precederam a queda da aeronave, os pilotos implementaram uma medida de controle usando a reação das turbinas. Os momentos finais do avião ocorreram quando colidiu em uma montanha como resultado da perda de controle, batendo na encosta. Trinta minutos entre a falha até ao momento de impacto permitiram que alguns passageiros escrevessem notas de despedida a seus familiares.
O acidente foi objeto de referência no álbum Reise, Reise da banda alemã Rammstein. O álbum inclui (em algumas versões, secretamente) o registro sonoro dos 40 últimos segundos do voo Japan Airlines 123. Também há referências na capa do álbum (que imita uma caixa-preta danificada de avião) e também na música Dalai Lama, que se ambienta num acidente aéreo.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Torta suiça ou Pudim de padaria .
Torta suiça ou Pudim de padaria .
Não importa muito, o que interessa é que é muito bom.
Quem nunca entrou em uma padaria e não saiu comendo um pedaço daquele pudinzinho, que ficava lá pedindo pra ser comido?
Ja faz muito tempo que não encontro mais esse pudim nas padarias.
Acho que os doceiros não lembram mais dos doces simples e gostosos.
Então como não encontro mais na padaria, só tem um jeito... eu mesmo fazer.
Ingredientes
1 k de açúcar.
250 gr de farinha de trigo.
100 gr de coco ralado.
100 gr de queijo tipo parmesão ralado.
8 ovos.
1 litro de leite.
Desse quilo de açucar tirei uma xícara e meia para preparar o caramelo.
Em uma tigela (grande) misture todos os ingredientes secos, bem misturados.
Coloque os ovos e mexendo até virar um pasticho, em seguida acrescente o leite aos poucos.
Sempre mexendo muito bem.
Use uma forma para pudim (GRANDE) onde coloque o caramelo somente no fundo da forma, nas laterais unte com margarina.
Coloque o pudim e leve ao forno em banho-maria ( ja com a água quente), por 1 hora em forno pré-aquecido a 280º C.
Deixe que esfrie leve o pudim na forma a geladeira até o dia seguinte.
Para soltar o pudim da forma, é só colocar sobre a chama do fogão alguns segundos.
Assim que o caramelo esquentar um pouquinho ja pode ser tirado do fogo.
Como essa receita rende bastante, divida com a vizinhança, assim todos nós matamos a saudade do pudim de padaria.
Quem gostar pode se servir.
Pudim de Leite Moça
Pudim de Leite Moça com calda de caramelo
Ingredientes
Calda
1 xícara (chá) de açúcar
Pudim
1 lata de Leite MOÇA® Tradicional
2 medidas (lata) de Leite Líquido NINHO® Integral
3 ovos
Modo de Preparo
Calda:
Em uma panela de fundo largo, derreta o açúcar até ficar dourado. Junte meia xícara (chá) de água quente e mexa com uma colher de cabo longo. Deixe ferver até dissolver os torrões de açúcar e a calda engrossar. Forre com a calda uma forma com furo central (19 cm de diâmetro) e reserve.
Pudim:
Em um liquidificador, bata os ingredientes e despeje na fôrma reservada. Cubra com papel-alumínio e leve ao forno médio (180°C), em banho-maria, por cerca de 1 hora e 30 minutos. Depois de frio, leve para gelar por cerca de 6 horas. Desenforme e sirva a seguir.
Dicas:
- É essencial que o pudim seja preparado em banho-maria para que asse de forma lenta e controlada, para atingir a textura ideal.
- Para que o seu pudim não forme furinhos, verifique se a temperatura do forno está regulada conforme indicação da receita. Leve a forma ao forno na grade superior, longe da chama.
Sobre a receita
Rendimento: 16 porções
Categoria da Receita: Sobremesas
Tipo de Prato: Sobremesas frias
Tempo de Preparo: 120 min.
Tempo Total de Preparo: 480 min.
Nível de Dificuldade: Fácil
Custo: $ - Baixo
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Bolo de chocolate com recheio : Vontade de doce? receitas irresistíveis
Bolo prestígio: a combinação do chocolate e coco sempre cai bem
Preparo: Médio (de 30 a 45 minutos)
Rendimento: 15 porções
Dificuldade: Médio
Categoria: Bolo
Calorias: 389 por porção
Ingredientes
Massa:
1 e 1/4 xícara de farinha de trigo
3/4 de xícara de chocolate em pó peneirado
1/2 colher (sopa) de fermento em pó
5 ovos separados
1 xícara de açúcar
1 xícara de leite fervente.
Recheio:
1 lata de leite condensado
100 g de coco ralado
1 colher (sopa) de manteiga.
Cobertura:
1 lata de leite condensado
3 colheres (sopa) de chocolate em pó peneirado
1 colher (sopa) de manteiga
Modo de preparo
Numa vasilha, misture a farinha, o chocolate e o fermento. Reserve. Bata as claras em neve. Acrescente as gemas uma a uma, sempre batendo. Junte o açúcar. Bata bem. Adicione alternadamente a mistura com a farinha e o leite. Misture bem.
Distribua a massa em duas fôrmas untadas de 24 cm de diâmetro. Asse em forno quente (200º) preaquecido por uns 20 a 30 minutos, ou até que, enfiando um palito, ele saia limpo. Deixe esfriar um pouco e desenforme.
Prepare o recheio misturando todos os ingredientes. Leve ao fogo até engrossar ligeiramente. Espalhe sobre um dos bolos e coloque o outro bolo por cima. Numa panela pequena misture os ingredientes para a cobertura. Leve ao fogo brando, sempre mexendo até engrossar e soltar do fundo da panela. Despeje ainda quente sobre o bolo e espalhe bem com uma espátula.
Bolo de chocolate com morango
Bolo de chocolate com morango: ideal para qualquer ocasião
Preparo: Demorado (acima de 45 minutos)
Rendimento: 10 porções
Dificuldade: Médio
Categoria: Bolo
Calorias: 578 por porção
Ingredientes
5 ovos
1/2 xícara (chá) de açúcar
1 xícara (chá) de farinha de trigo
3 colheres (sopa) de chocolate em pó
1 colher (sobremesa) de fermento em pó
600 g de chocolate ao leite picado
1 lata de creme de leite
400 g de morangos lavados
1/2 xícara (chá) de leite
. 1 colher (sopa) de conhaque
Modo de preparo
1. Bata as claras em neve e, sem parar de bater, acrescente as gemas e o açúcar.
2. Desligue a batedeira, misture bem, aos poucos e delicadamente, a farinha de trigo, o chocolate em pó e o fermento.
3. Coloque a massa em uma forma de 24 cm de diâmetro, untada e enfarinhada.
4. Asse em forno, preaquecido, a 200 ºC durante 40 minutos ou até que ao espetar um palito ele saia seco.
5. Prepare o recheio e cobertura: derreta o chocolate no micro-ondas ou em banho-maria. Misture o creme de leite.
6. Com um garfo, amasse metade dos morangos.
7. Desenforme o bolo, corte ao meio e umedeça com a mistura de leite e conhaque.
8. Sobre um disco espalhe o morango amassado e por cima metade do chocolate.
9. Cubra com o outro disco e finalize com o restante do chocolate. Decore com o restante dos morangos.
Dica: para que as camadas de recheio fiquem mais firmes, monte o bolo em um aro untado com óleo e polvilhado com açúcar.
Bolo de chocolate recheado com morangos
Ingredientes
4 gemas
1 xícara de açúcar
2 xícaras de farinha de trigo
3/4 de xícara de óleo
1 xícara de chocolate em pó
1 xícara de leite quente
1 colher de fermento em pó
4 claras
Recheio:
5 xícaras de chantilly
4 colheres de geléia de morango
500 gramas de morangos picados (deixe alguns inteiros para colocar em cima do bolo)
Modo de Preparo
Misture as gemas com o açúcar e bata na batedeira
Misture a farinha de trigo, o óleo, o chocolate em pó e o leite
Acrescente o fermento em pó e as claras batidas em neve e misture com uma colher ou ou batedor de mão
Coloque a massa em uma forma redonda , sem furo no meio, untada com margarina
Asse em forno pré-aquecido, a 200°C, por cerca de 40 minutos, ou até que enfiando o palito ele saia limpo
Deixe esfriar, desenforme e corte ao meio
Recheio:
Em uma tigela, misture o chantilly, a geléia e os morangos picados
Recheio o bolo e cubra somente a parte de cima com chantilly
Decore com morangos cortados nas laterais
Bolo de Chocolate recheado com chantilly, cereja e raspas de chocolate
Sobre a receita
Rendimento: 25 porções
Categoria da Receita: Festas/Coquetéis
Tipo de Prato: Bolos e Tortas
Tempo de Preparo: 30 min.
Tempo Total de Preparo: 60 min.
Nível de Dificuldade: Fácil
Custo: $ - Baixo
Ingredientes
6 ovos
6 colheres (sopa) de açúcar
6 colheres (sopa) de farinha de trigo
2 colheres (sopa) de Chocolate em Pó DOIS FRADES®
meia colher (chá) de fermento em pó
meia xícara (chá) de rum
500 g de chantilly
1 xícara (chá) de cereja picadas
500 g de Cobertura Chocolate com Leite NESTLÉ® em raspas
cereja inteiras para decorar
óleo para untar
farinha de trigo para polvilhar
Modo de Preparo
Em uma batedeira, bata as claras em neve, junte as gemas e o açúcar aos poucos, sempre batendo. Misture a farinha de trigo juntamente com o Chocolate em Pó e o fermento e despeje sobre as claras, misturando delicadamente. Asse em forma redonda (25 cm de diâmetro), untada e polvilhada e asse em forno médio (180°C), preaquecido, por cerca de 40 minutos.
Desenforme e deixe esfriar. Depois de frio, corte ao meio e umedeça com o rum. Recheie com parte do chantilly e as cerejas. Cubra com o chantilly restante e raspas de chocolate. Decore com as cerejas inteiras.
Dica:
- Querendo utilize a calda da cereja para umedecer o bolo, misturando com 1 ou 2 colheres (sopa) de rum.
Microondas:
Em uma batedeira, bata as claras em neve, junte as gemas e o açúcar aos poucos, sempre batendo. Misture a farinha de trigo juntamente com o Chocolate em Pó e o fermento e despeje sobre as claras, misturando delicadamente. Coloque metade da massa em um recipiente refratário redondo (25 cm de diâmetro), forrado com papel-manteiga untado e polvilhado e leve ao micro-ondas por cerca de 5 minutos.
Retire do micro-ondas e deixe cerca de 3 minutos em tempo de espera. Desenforme e repita o mesmo procedimento com o restante da massa. Depois de frio, coloque uma das metades de bolo em um prato e umedeça com o rum. Recheie com parte do chantilly e as cerejas. Cubra com o chantilly restante e raspas de chocolate. Decore com as cerejas inteiras.
Congelamento:
Se desejar, congele o bolo pronto. Embale em recipiente adequado, etiquete e leve ao freezer ou duplex por até 3 meses. Para descongelar, deixe-o em geladeira de véspera. Tenha cuidado para não danificar a cobertura ao descongelar o bolo.
Vontade de doce?
Existem pessoas que estão sempre com vontade de comer um doce ou mesmo comidas mais gordurosas. Essa preferência quase que involuntária pode ser causada pela presença de um gene particular chamado CD36, como foi revelado numa pesquisa realizada pela Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, que foi divulgada no dia 12 de janeiro.
No estudo, constatou-se que há uma ligação entre o receptor CD36 e a ânsia por comida, mais especificamente, ele é o receptor que dá origem ao desejo por alimentos gordurosos como chocolates, sorvetes e refeições compostas com manteiga, creme de leite, etc.
Os receptores CD36 estão localizados sobre a língua das pessoas, ajudando na detecção de gordura no alimento. O estudo indicou que quem possuía mais CD36 era oito vezes mais sensível à presença de gordura, possuindo mais chances de se entregar as delícias mais “engordativas”, do que aqueles que produziram 50% menos da proteína.
Através dessa descoberta, os pesquisadores estão esperançosos de que elas contribuam a detectar novas formas de tratar distúrbios alimentares. Acredita-se que cerca de 20% das pessoas obesas têm menor nível do gene receptor CD36, o que os tornam mais propensos em exagerar nas refeições gordurosas.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
The president Ricardo Teixeira.
The president Ricardo Teixeira determines how much the championships are worth, which network runs the games and which companies sponsor them. He’s the boss of Brazilian football, and he wants to pull off a flawless World Cup in order to be elected president of FIFA.
When the verandah of the Baur au Lac hotel was built in 1844, it was meant to offer guests an heart-quickening vista: first the meticulously trimmed garden, then the calm lake beyond, and the splendid sweep of the Alps in the background. The Zurich hotel’s principal clientele is tanned, Jaguar-driving millionaires, normally accompanied by ladies sporting two diamond watches on the same wrist (one set to local time, the other to their native time zone). Alternatively, by waiflike blondes who drink their Campari in slow sips.
This May, the hotel was packed with officials from the Fédération Internationale de Football Association (FIFA), which held its 61st annual Congress in the Swiss city*.
arly one afternoon, Ricardo Teixeira – president of the Brazilian Confederation of Football (CBF) – drank champagne with his back to the Baur au Lac’s garden. Elections for FIFA president were in six days. He chatted animatedly about this and that: the recent financial scandal involving government minister Antonio Palocci, the drinking-and-driving crackdown that had just snagged senator Aécio Neves, and Ronaldo’s retirement from the Brazilian national football team just a few days before.
He seemed impervious to the deluge of corruption allegations directed at the FIFA heads, even though he’d been personally singled out for criticism. David Triesman, ex-chairman of the Football Association, said that Ricardo Teixeira asked him for money in exchange for a vote for England to host the 2018 World Cup. The British football manager related that his Brazilian colleague approached him during the Brazil-England game the year before and said, “Lula’s backing means nothing; let’s see what you’ve got to offer me.”
On the terrace of the Baur au Lac, when the topic came up, he squinted, wrinkled his nose as if at some noxious smell, and let out a long “pffffffffffff” while swiveling his head to the side. The same procedure is repeated every time one mentions one of the allegations against him, or speculates that not all the stadiums will be ready in time for the World Cup.
“Sweetie, do you believe everything you read in the press?” he asked sarcastically. “It’s all nonsense. The British are pissed off because they lost, they won’t take that lying down. Look me in the face and tell me that I’d say something as stupid as that, that Lula was a nobody. And asking for a bribe in front of everyone, right there in the stands? Please.”
He then went on at length about colonial domination and British imperialism, referring to the English as “a bunch of pirates,” recounting instances of English arrogance, and even managing to bad-mouth English cuisine along the way. “Triesman is having to explain in court how he spent 50 million dollars, 15 million of which was government funds, on England’s campaign for the Cup,” he continued, emphasizing the currency. “It’s an absurd cost, there’s no justification. We spent three million reais and we got 2014. They just can’t take it, you know?”
et another allegation was levied by journalist Andrew Jennings, on the BBC program Panorama. He unveiled a list of FIFA notables – Teixeira and ex-FIFA head João Havelange among them – whom he charged had received $100 million in bribes during the 1990s from a sports marketing company called ISL. In exchange, he said, the suits had cut ISL deals in the form of distribution rights for the games.
According to the British journalist, Teixeira received $9.5 million funneled through a dummy company. Jennings said that a Swiss court had made the Brazilian return the money, which was tantamount to confession to the crime. “Oh, so I returned the money, did I?” asked Teixeira. “Then where is it? Why is no-one coming up with it?” According to the BBC, because the suit was closed with an extrajudicial gag order guaranteeing the anonymity of the accused. “I wasn’t even on the FIFA Executive Committee back then, why would anyone bribe me?”
Teixeira’s wife Ana Carolina Wigand (a brunette three decades younger than him at 34) and their lively 11-year-old Antônia joined him at the table. They chatted about the city, the climate, and the hotel. The president hugged his daughter, giving her a kiss and stroking her hair. He announced jokingly that he’d forbidden her to wear miniskirts out of the house.
When Ana Carolina and Antônia left, Teixeira got back to business. He said that Jennings, the author of a book about corruption within FIFA, was a “blowhard” who lived off of TV appearances. “Darling, listen up, think it through,” he begged. “The BBC is a state broadcaster, a government entity. It’s in the interest of the British government to invalidate Russia’s decision and knock Brazil out of the running, because they think they can fill in for us at the last minute. It’s all orchestrated, don’t you see?”
henever you want him to go on the record, Teixeira shushes you and raises a finger to his lips. He addresses men and women alike as “meu amor,” with an exaggerated Rio accent. “Meu amor, it’s all been said about me – that I smuggled goods in the Brazilian national team’s airplane, that there’s been dirty dealing in the World Cup, all those investigations into Nike and the CBF. It’s all the same gang – [news site] Universo Online, the [newspaper] Folha de São Paulo, [sports newspaper] Lance, ESPN – and they just keep repeating the same bullshit.”
A waitress comes by to take away our cups. “Lula told me once, ‘I don’t watch Globo News because they only get peanuts,’” Teixeira said, referring to the network’s low ratings. “Well, Universo Online only gets peanuts. Who reads Lance? Eighty thousand people? Peanuts! Who the hell watches ESPN? Peanuts!”
Teixeira agrees with the reasoning supposedly put forth by the legendary José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Brazilian TV mogul“Boni”) back when he was director of the Globo network. As the story goes, Boni was once told that a plane had crashed, killing hundreds of people. He’s said to have retorted that if it didn’t go out on Globo’s nightly news, then for all intents and purposes the plane hadn’t crashed. “So, meu amor,” explained Teixeira, “I’ll only start sweating when I see these accusations on the Globo nightly news.”
Ricardo Terra Teixeira is 64 years old, and has been head of the CBF for 22 of them. He’s also president of the World Cup Organizing Committee for 2014 and a member of FIFA’s Executive Committee. To put it another way: he’s the boss of Brazilian football, the cartola par excellence. (The Portuguese word cartola – literally, “top hat” – is a mildly pejorative term used to describe the suits who manage football teams.)
Teixeira is the cartola who sets the calendar for football in Brazil: where, when, and how the teams play. When it comes to the championships, he decides how much a friendly match weighs in the selection, the network that airs it, and which sponsors close the multimillion-dollar deals. He’s the one who gives journalists clearance for the stadiums. And he appoints the Brazilian team’s coach.
n the next World Cup, Teixeira will call the shots when it comes to choice of stadiums, which state capitals will host matches, and where the foreign teams will stay. He’ll be able to have a say in any government project connected to the Cup.
The son of a Banco Central employee and a housewife, Teixeira was born in Carlos Chagas in the state of Minas Gerais. He grew up in Belo Horizonte, but the family moved to Rio when he was still a child; he attended Santo Inácio, a traditional Rio school, where he learned French from a priest (he can make himself understood in portuñol and has a sub-basic grasp of English).
As a teenager, he made it onto the Botafogo sporting club’s volleyball team. Football was never his forte. He supports the Minas Gerais-based team Atlético Mineiro as well as Rio’s Flamengo, without going overboard about it. His father forced him to join the army; he was being trained in the reserves in 1968, when the military dictatorship intensified its control.
At a Carnival dance in Teresópolis, when Teixeira was 19, he was introduced to Lúcia. She was the daughter of João Havelange, president of the Brazilian Sporting Confederation (the CBF’s predecessor). They began dating, married five years later and had three children. Teixeira was in his fourth year of law school. He gave up his studies shortly thereafter to work with a financial company in Belo Horizonte, a job with an exhausting commute.
When Teixeira recalls his time in the financial markets, he loves to remember how he sold devalued shares and tripled his investments. “I made a lot more than I do today,” he said. “It was like I was earning a Dodge Charger every day.” Thanks to his connection to João Havelange, he studied and worked in Zurich and New York. It was the first time he’d traveled outside the country.
To explain how he left the financial world and became a football bigwig, Teixeira is concise: “It was just the way things came together.” In João Havelange’s version of events, the story is slightly different: he, Havelange, was Teixeira’s Merlin, leading the way and training his protégée in the ways of Brazilian football management. In 1989, Teixeira was elected president of the CBF. When he talks about the Confederation or the national team – the Seleção Brasileira – Teixeira tends to employ a metonymic “I”: “I had to pay,” “I have $75 million in the bank,” “I had to win that World Cup,” or “I didn’t want to play the opening match in the 2006 World Cup in Germany.”
Teixeira is a fount of homespun wisdom, quotations which – regardless of the topic – he always attributes to his mother. “Mamãe, who was from Minas, always said…” he starts, and goes on from there: “if your problem’s got no solution, then it’s solved”; “a stitch in time saves nine”; “nothing like a day after another”; “life is easy, people make it complicated.” His favorite expression for talking about the sports press is “Isso é de quinta categoria!” (Now that’s classless!)
He has slightly defined, plump features; his stooped, slow walk and raspy voice give the impression of an older man. Even when he’s relaxed or in a good mood he sports a pinched expression, as if the midday sun or a particularly bad headache were striking him squarely between the eyes. This has the effect of making him look permanently irritated. When he lets down his guard, or has a drink more on a given evening, he’s invariably witty and thoughtful. He dresses formally: brown pants, white shirt, blue blazer with gold buttons and a red tie. Before he got married, his wife says, he used to wear black shoes with white ankle socks.
In ten days of conversations, he laughed to the point of tears on two occasions. The first was when he told the story – which he swears is true – of two women from the Brazilian backlands who walked into an elevator in the Plaza Hotel, in New York, with Michael Jordan and a dog. Without knowing who Jordan was, and having been warned about violent blacks in the city, they cowered in panic when he ordered the animal to sit! The other story was about a group of Portuguese thieves who, in the process of blowing up a safe, managed to set fire to the money inside.
t 7:30 p.m., the president walked into one of his favorite restaurants, the Zeughauskeller. Specializing in sausage, sauerkraut, and rösti, the place has rustic Alpine décor: long tables and heavy wood benches. Teixeira was received in person by the owner, who greeted him by name and ushered him to a reserved table for 15. He sat down, undid his tie and rolled up his sleeves.
The guests were cartolas from other South American football conferences, as well as their wives and assistants. It was like a scene from El Chapulín Colorado, complete with silver bracelets, mahogany-hued hair, polyester pants, and penciled-on half-moon eyebrows. The octogenarian Julio Grondona, head of the Association of Argentine Football, was there. He’s accused of having taken $78 million to vote for Qatar to host the 2022 World Cup.
Nicolás Leoz, the 82-year-old Paraguayan who directs the South American Football Confederation, was in attendance as welll. Besides having taken bribes from ISL, he’s also said to have asked David Triesman for a title of nobility in exchange for his vote for England. “Don Leoz, ¿dónde está su corona?” bellowed Teixeira, conferring the longed-for title of “sir” on his colleague. Leoz pulled a face and raised his arms above his head, making as if to be crowned, to general guffaws. “If they give us the Malvinas Islands back, I’ll vote for anything!” yelled Grondona, who wears a gold pinky ring engraved with the words “Todo pasa.”
In Zurich, Teixeira always sticks with the Latin Americans. When he wasn’t with his family, his most frequent companions were football managers from Uruguay, Argentina, and Paraguay. Even during the worst crisis in FIFA history, he stayed out of the fray during summit meetings, like the one held on the eve of the association’s elections, when a group spent the night helping Sepp Blatter prepare his speech.
After dinner, Teixeira – despite his slow gait – wanted to return on foot to the hotel. In 1998, following a fall from a horse, he had an iron plate implanted in his thigh which shortened his right leg by 2 centimeters. He manages by wearing specially designed shoes, “made by a guy in Rio,” one with an internal lift to compensate for the height difference.
s he went along the Bahnhofstrasse, a street lined with luxury shops, he commented on what he saw in the windows. “I don’t like that, it’s tacky.” “Huh, look how original that one is.” “That’s a new store.” “You can find any kind of perfume there.” “Oh, look at how lovely those chocolates are.” At the corner of the Baur au Lac, he stopped cold, hands stuffed in his jacket pockets: “Ah, look at this! A fur coat for a thousand Euros? I have to buy it. That price is unbelievable.”
He seemed tired, but suggested that we get one last coffee in the tearoom. In half-English, half-Spanish, he asked for a bit of hot water as well. It was 6 p.m. Brazil time, and Rodrigo Paiva, the CBF director of communications, was fielding nonstop calls. In 40 minutes he’d taken 13 calls, answering questions about the delayed paychecks for the Brazilian women’s national team, the supposedly ailing David Triesman, and the Confederation’s running costs.
When Paiva hung up, Teixeira straightened up in his chair as if he were done resting and said, “What the fuck do these people have to do with the CBF’s accounts? What the fuck do they have to do with bookkeeping over at Bradesco or HSBC? They’re all pri-vate en-ti-ties. There’s no public money in this, no tax breaks. Why the hell is everyone giving us shit?”
Upon assuming the presidency of the CBF, Teixeira surrendered his right to all public funds, including dividends from the loteria esportiva (a state-run lottery of championship brackets), one of the organization’s main sources of income. He also gave up any future gain from the use of the teams’ images, and let all ticket sales income devolve to the football clubs. As opposed to the Brazilian Olympic Committee, the CBF takes no government money.
As he tells it, when he took the job, the Confederation was in a terrible state. Even the Jules Rimet Cup had been pawned. At times, players would refuse to come onto the field until they were shown the money – sometimes literally – for their delayed salaries. He says that he managed to put the CBF back in the black thanks to his experience in the financial market. Today the organization has $75 million in the bank, a private jet, a helicopter, and a $16 million plot of land in the Barra neighborhood of Rio that will be the site of the new CBF headquarters. Under his command, the Brazilian national team got to the World Cup final three times, won twice, and carried off the America Cup five times.
ast year, he commissioned a poll through the agency Vox Populi. Out of 2,500 people interviewed in 150 municipalities, 53% said that his work as head of the CBF was “great” or “good.” More than half thought that the Brazilian Football Championship (the “Brasileirão”), was better organized. And a majority approved of the changes that the president had made - among other things, changing the format of the Brasileirão from a series of knock-outs (the mata-mata system) to a round-robin where the team with the most overall points wins and there is no final match. “Only journalists badmouth me,” he said.
Everyone had finished his or her coffee. A representative from the company Match, which negotiates the housing and ticket packages for the World Cup, had an interview scheduled on the Globo network and wanted to know if there would be any questions about the reportedly stratospheric prices of hotels and restaurants in Brazil. “No, none of that, it’s all under control,” said Teixeira. At nearly one in the morning, he excused himself. Before stepping into the elevator, he remarked, “And all this about Dilma being sick? I don’t even want to think about it.”
Inaugurated two years ago, FIFA’s Zurich headquarters cost $250 million. The three-story, 44,000-square-meter building has five subbasements, a meditation room, a chapel, a gymnasium and an official football field. The lobby floor is tiled with granite and lapis lazuli imported from Brazil. It was noon when Teixeira came out of a meeting and checked his schedule for the day with his personal secretary.
lexandre Silveira has been with Teixeira for 18 years now. He carries the boss’s briefcase, cell phone, and laptop, always has two spare ties on hand, finishes Teixeira’s sentences, organizes his schedule, and does whatever else is asked of him with the crisp efficiency of the Changing of the Guard at Buckingham Palace – all this without so much as a “please” or a “thank you” from Teixeira. A former CBF receptionist, he’s young, short, always in a suit, and spends more time with the boss than with his wife or 7-year-old daughter. José Serra, one-time presidential candidate and former governor of São Paulo, once confused Silveira with Sports Minister Orlando Silva and went on to compliment Silveira effusively.
Breno Silveira and Andrucha Waddington, with Conspiração Filmes (Conspiracy Films), took their cameras behind the scenes at the 2006 World Cup in Germany. On the DVD with the first cut of the footage, you can see a shirtless Ronaldo, all 91 kilos of muscle, back when the press was calling him fat (today he weighs around 110 kilos). There are a few striking scenes in the locker room which give a clear sense of tension, a presentiment of defeat, as early as halftime in the game against France.
In the car, on the way to lunch, Teixeira said that he wants to make a film in 2014 about “the Cup we lost and the Cup we won” (assuming that the Brazilian national team is victorious next time around, that is). He wanted to shoot it at last year’s World Cup but coach Dunga barred the filmmakers from access to the players, to Teixeira’s irritation. From the backseat, Rodrigo Paiva noted that they should ask for the footage that had been shot already. Teixeira would have none of it. “I’m not going to fucking ask, the footage is mine.”
At the Italian restaurant Bindella, with the temperature around 18°C, Teixeira wanted to sit out on the terrace. That morning, the Folha de São Paulo had run a five-line piece about the case known as the voo da muamba, the “contraband flight,” in which he was a defendant. Seventeen years after it’d started, the case was just now being shelved. “Those sons of bitches at the Folha didn’t even write that there was nothing on board for my bar,” he complained.
When the Brazilian national team returned from the U.S. after the 1994 World Cup, their plane was carrying 17 tons of baggage: purchases made by players, managers and guests. Teixeira was accused of forcing a customs officer to let the material go through without being inspected. “They said I’d brought contraband back, goddammit,” he recalled. “Now, you know why all this happened in the first place? Because I didn’t let the press corps on the plane, and because the Tax Secretary, Osíris Lopes Filho, was about to be fired.”
he waiter, who spoke Portuguese, interrupted the conversation to take our orders. He wanted burrata with prosciutto crudo, well-cooked pasta (“I hate al dente, it tastes like flour”, he said) and red wine. Teixeira doesn’t like fish, could do without chicken, and won’t eat anything green.
He explained that Osíris was about to be let go by then-president Itamar Franco for “having run his mouth about Petrobras.” In fact, in a talk in July of that year, the Tax Secretary had said that the state-run company owed the equivalent of a billion dollars in taxes.
“It was a set-up,” he went on. “We landed at the airport and the Tax Ministry people told us to leave the baggage, that they were going to keep it there and three days later we could come back and get it. The CBF was going to pay all the necessary taxes, and did pay them later, but Mr. Osíris decided to put on a show, flew in like some avenging angel. The press bought the story and we got fucked.”
There were all sorts of electronics and appliances on board. The Brazilian left back Branco was said to have brought an entire kitchen with him, and Teixeira was supposedly bringing draught glasses for his bar in the Rio Jockey Club. “Those glasses came from New Zealand,” he said. “Now, listen up: do you think that this genius here managed to smuggle beer glasses into the United States, leave the United States illegally, and then come into Brazil illegally without being found out?” Days later, in Brasília, we ran into Henrique Hargreaves, presidential chief-of staff during the Itamar Franco administration, who confirmed Teixeira’s version of events.
Jean-Marie Faustin Goedefroid de Havelange has been staying in the Hotel Savoy for more than 40 years. He doesn’t like all the comings and goings at the Baur au Lac. One afternoon, he arrived for an interview in the Savoy lobby with Swiss punctuality. At 95 years old, he maintains a straight-backed, gentlemanly air. Perennially in a suit, he calls everyone over the age of 15 “sir” or “ma’am.” To make his points, he uses the Socratic method: he poses questions to which he already knows the answer, but lets the other party come to the conclusion on her own.
Havelange may be the key person responsible for FIFA’s transformation into a major power. He says that when he took the job, he found just 20 dollars in the organization’s bank account. Back in the 70s, he was one of the first people to see that football had the potential to transform itself, with the help of live satellite transmission, into a sport with a worldwide audience, one which could attract multinational sponsors. And since the United States wasn’t interested in it anymore, football had the advantage of not being tangled up in Cold War politics (unlike the Olympics).
But the Federation - a moneyed European organization - needed to embrace poor countries as well. Havelange changed the criteria for the election of FIFA president, giving equal weight to votes from European, African, Caribbean, and Asian countries and setting aside funds to build national football infrastructure in those regions. FIFA’s reign was secure. Now it rakes in $4.6 billion in World Cup revenue alone.
At the Savoy, Havelange said that, if he was a success, it was only because he was born in Brazil - where one learns, “from the get-go,” how to deal with differences of race and religion. He recalled the first FIFA congress that he organized, in 1974: “Do you think that an Englishman would deign to greet a black man with a kiss on the cheek? A German? Well, my wife Anna Maria and I kissed all of the African leaders who came to that congress.”
The choice of Brazil for World Cup host came about because of Havelange’s relationship with the African FIFA members. In 2006, using the clout from his many years at the head of FIFA, Havelange had engineered a majority of support for South Africa’s candidacy. In exchange, the African countries would support Brazil’s candidacy in the next round of elections.
t the last minute, however, in a highly suspicious move, the New Zealand representative abstained and Germany got the 2006 World Cup. FIFA reacted by changing its hosting rotation, so that the next host would be in Africa and the next in South America. Since South Africa and Brazil were the richest countries in their respective continents, they were guaranteed to win. And win they did.
Corruption allegations don’t faze him. For Havelange, they’re just machinations, tricks to trip up the various candidates for an extraordinarily coveted post. “Who doesn’t want to sit in that chair, with all the resources and power that FIFA has today?” he asked.
He describes Ricardo Teixeira thusly: above-average intelligence, a keen observer, quiet (like any good Minas Gerais native), always has a man on the inside (“which means he’s always well-informed”), capable of withstanding abuse and plotting payback. “What is Ricardo, after all? Mineiro, from Minas Gerais. Aécio [Neves, Minas Gerais governor] is a friend of his, isn’t he? Where do you think the World Cup opening’s going to be?” “In Belo Horizonte,” he concludes. “That’s Ricardo, all right, we’re the dumb ones.”
When Teixeira divorced his daughter, Havelange broke off relations with him. Nobody in the family mentioned the ex-son-in-law’s name to Havelange’s face. “One day my wife Anna Maria said to me, ‘Don’t forget that he’s the father of your grandchildren,’” Havelange related. “And that was it. I went back to speaking with him as if he were still married to my daughter. Because grandchildren are grandchildren. Great-grandchildren are great-grandchildren.”
And that’s why he’ll do whatever he can to help his ex-son-in-law to win the FIFA presidency in 2015. “Ricardo wanted to run now, but I told him, ‘Put on a good World Cup, treat everyone well, and they’ll vote for you out of sheer gratitude.’”
asked if Teixeira needed his help to win. “Of course not, stupid is the one thing he isn’t,” responded Havelange. “If you had to define cunning – in the best sense of the word – it’d be Ricardo Teixeira.”
However, he thinks that his heir should take more time in cultivating personal relationships, like he himself did. And he could probably try to step on fewer toes. Havelange said that once, Sepp Blatter was going to Ethiopia by jet. Havelange gave a piece of advice to his FIFA successor: “Don’t show up in a poor country in a private jet. Take a regular plane, go about your business, people will respect that. That’s the kind of mindset you have to have.”
After almost two hours of sitting down, Havelange suddenly felt a stabbing pain in his foot. He still swims 1,200 meters every day, but has a hairline crack in his anklebone. Havelange ended the interview as politely as possible. His parting observation: “Ricardo’s alone. He should have someone to confide in, to se détendre, unburden himself.”
ports journalists told me that the CBF favors reporters and media outlets that they think will go easy on Teixeira and protect him from those they think might be critical. In Zurich, he spoke twice with lawyers about the possibility of denying press credentials to the Brazilian national team’s games. They advised him to let the critics in for at least one match, so as not to appear discriminatory.
In the process of putting together a report on the 2014 World Cup, a team from the BBC sent Teixeira more than 10 interview requests. “I’m going to make their lives hell,” he said. “While I’m at the CBF, at FIFA, they won’t get past the door.” While the BBC report and David Triesman’s testimony have been splashed across the headlines of dozens of newspapers, Teixeira hasn’t sought redressing in court. A French lawyer told him that a suit against the BBC would cost $500 million, minimum. “And I’d have to go there, testify, and all that, it’d be a load of work.”
In Brazil, he has a favorite target for his legal investments – the sports journalist Juca Kfouri, whom he’s already sued more than 50 times. “I don’t let him get away with anything,” Teixeira declared. “The other day I got some money out of him. I’m going to give it to charity. The next time I get money from him, I’m going to put a thank-you note on the CBF website.”
The quarrel between them, he says, is personal. Before Teixeira got divorced from Havelange’s daughter, a rumor went around that one of his lovers had been killed in a car crash in Miami. Kfouri reported the story, setting off a bombshell in Teixeira’s family life that would lead to the end of the marriage.
Kfouri says that Teixeira uses the story as a pretext to attack him, and that the real source of the bad blood was his story on the CBF president’s “incestuous relations” with Nike. “His strategy is to sue me for everything. He’s hoping that my employers will think that they’re spending too much on lawyers and send me packing,” said Kfouri. “He can’t do whatever he likes as the head of football and think that nobody is going to say anything. The national team’s jerseys don’t read Teixeira.”
On the terrace at Bindella, Rodrigo Paiva took more Brazilian reporters’ calls while the table waited for dessert to arrive. They wanted to know what the CBF president thought of the evangelical federal deputy Anthony Garotinho’s attempt to organize a Parliamentary Inquiry Commission (CPI) into the CBF and the World Cup. “He’s working for Record,” said Teixeira.
Teixeira’s relations with the Record network turned sour last year, when the company – backed by the Pentecostal Universal Church of the Kingdom of God – tried to win the airing rights to the Brasileirão away from the Globo network. Rumor had it that Record offered 1 billion reais to the 20 best teams, gathered around the so-called “Group of 13.” And Globo, with the support of the CBF, went on to negotiate individually with the sporting clubs. Straight away Globo signed Flamengo and Corinthians, whose presidents are fairly close with Teixeira. In the end, the majority went with Globo, and Record, once again, was left with no football.
ver since then, Garotinho’s been trying to get a CPI off the ground,” said Teixeira. In March, Garotinho, a former governor of Rio de Janeiro, managed to muster the necessary signatures for an investigation into the World Cup. Caught off-guard, the Confederation president flew to Brasília, made the rounds in the capital and managed to sway a good number of politicians. “Everyone from the PT [Workers’ Party] who’d already signed backpedaled when they saw that the whole thing was ridiculous.”
Before paying the check, Teixeira spoke on the phone with Evandro Guimarães, a Brasília-based Globo lobbyist. They swapped ideas about artificial cattle insemination, which is one of Teixeira’s latest projects. His ranch, in the interior of the state of Rio, produces 10,000 liters of milk a day; the president’s dairy products are served up in many Rio restaurants. He also sells dulce de leche, ricotta, Minas cheese, Parmesan, and requeijão, Brazilian cream cheese (the best product, in his opinion). Is it turning a profit? “I’m not the type to throw away money.”
Asked who his best friends are, he said, “Rico, Beto, Joana and my wife.” Rico, Beto, and Joana are his three oldest children, who, along with his brother and his brother-in-law, are all in the business of football. To illustrate his vision of friendship, he spins a little fable. “If you’re in deep shit, people will say, ‘Poor Ricardo, let’s lend him a hand.’ But then they all go home, don’t help and pretend that they forgot all about it,” he said. “Now, think about the opposite: ‘Hell, Ricardo’s done well for himself, that’s great.’ You can be sure that the guy you thought was your best friend will say, ‘Sure, you can do well for yourself if you rob people blind.’”
e says that he doesn’t mind the corruption charges. “I don’t pay attention to them. Besides, it’s all shit. I couldn’t give a shit.” Like Tom Jobim, he thinks that Brazilians can’t handle other people’s success. “A black guy in Harlem looks at a white guy’s car and thinks, ‘I want one just like that,’” he reasoned. “The black guy doesn’t want the white guy to fuck up and lose the car. But Brazil isn’t like that. It’s classless, is what it is.”
Having left Bindella, he decided, once again, to return to the hotel on foot. “I need to take a little walk to help my digestion,” he said by way of justification. As we passed the store with the fur coats, he perked up again: “Look at that overcoat, it’s still there. Do you think the price is still the same?”
In the tearoom at the Baur au Lac, the Argentine Julio Grondona was sprawled in an armchair, his face aglow. “Ah, I went to see Chagall’s stained glass windows, I had a wonderful risotto, I drank a bottle of Chianti and we toasted to the FIFA election,” he said, bursting into laughter.
Teixeira seemed surprised to find that the Fraumünster Cathedral and its Chagall-designed windows, one of the main tourist attractions in Zurich, was less than 500 meters from the hotel. Even though he’s been visiting the city for over 30 years, his paths are always the same: hotel, then FIFA, then the same restaurants as always, where he’s attended by the same waiters as always and orders the same dishes as always. Landscapes no longer impress him.
At 5:30 p.m., Teixeira said that he needed to make a few calls, said that we’d have dinner at 8, and went up to his room. Eduardo Deluca, the secretary-general of the South American Football Confederation, opened up about his colleague. “Do you know anyone in his position, with his prominence, who doesn’t have the same crazy stories told about him? He’s a very strong candidate for 2015, that’s why he’s being attacked. We’re behind him all the way.” Deluca is a Pantagruelian figure who speaks in a monotone and always seems to be gazing into the middle distance.
he president, his wife, the two daughters, Rodrigo Paiva and the secretary Alexandre Silveira dined at Dézaley, a restaurant with one of the most legendary fondues in Zurich. They settled down at a table in the back and were greeted in Portuguese by a waiter who took their orders.
“Hey, I’ve got news,” announced the cartola to his wife, passing her a bundle of papers. “The English Federation sent a report to FIFA this afternoon saying that I’ve got nothing to do with all that business of asking Triesman for a bribe, look.”
When the fondue came, Teixeira said that the report would be made public in three days at a press conference. “But why on earth would you wait until then?” asked Ana. “I couldn’t care less,” he said. His oldest daughter, Joana Havelange, 34, quietly listened to the conversation. She’s tall, blonde, and favors black clothing. Her father named her executive director of the World Cup Organizing Committee.
At lunches or dinners with Ricardo Teixeira (who never let me pay for so much as a cup of coffee in his presence), everyone is prodded to weigh in on football bureaucracy – about the World Cup in particular – and indulge in political gossip. Intimate moments are rare. On one occasion, the baby of the family, Antônia, hugged her father and said that he was lovely, he had wonderful hair and he should never cut it. Melting, Teixeira let his head rest on his daughter’s shoulder.
hen the check came, Teixeira took out his Gucci wallet – which only has credit cards, not a single bill or coin –, and examined the total. He perched his glasses on the bridge of his nose and asked, flustered, “What’s trinkgeld?” When he was told that it was the tip, he said that once he’d had a card rejected because he entered the PIN wrong, even though the limit on it was up to 600,000 reais.
Close to midnight, the group made its way to the bridge over the river Limmat and stopped in front of the Fraumünster Cathedral. They were armed with old bread taken from the restaurant; the pieces were tossed to the wind, fell and floated in the clear waters of the river. “I’ve been feeding the ducks here since 1974,” said Teixeira with a sigh. On the Bahnhofstrasse, he got his daughter’s attention: “Look, Toninha, that coat – a thousand Euros! I’m going to buy it!”
In 1997, Ricardo Teixeira separated from Lúcia Havelange and began a relationship with the socialite Narcisa Tamborindeguy. Shortly thereafter he met Ana Carolina, who was studying administration at the Catholic University of Rio de Janeiro. She was waiting for friends at the bar at El Turf, his nightclub. The friends never showed up, and the president, without introducing himself, told an employee to get that 19-year-old’s number. A few days later, he called. “He didn’t beat around the bush,” said Ana Carolina. “He said that he wasn’t young anymore and didn’t have the time or patience to flirt – he just cut straight to the chase.”
Weeks went by before she finally agreed to a date. They went out to dinner, and he kissed her goodnight. She had liked him, but then Teixeira gave her the cold shoulder. “Afterwards he completely ignored me, and I was totally taken aback – who did he think he was?”
Ana Carolina said that recently she was looking through a box of old photos. She was surprised to see how much her husband had changed in just a few years: “His neck, his skin, everything. His hair was gray and now it’s white.”
fter another couple weeks, they started dating seriously. Then came Paris. With a telling smile, she remembered the first trip they took together. They dined in the Jules Verne, the restaurant in the Eiffel Tower. On the way back to their hotel, she recalled, they had one of the most romantic moments of their marriage. “There was a gypsy woman selling roses. He asked how much they were, she said 10 francs, and he gave her a 500-franc note and picked a single rose,” she said, looking at her husband. Teixeira, examining something invisible in his hands, didn’t return her gaze. “Then he gave the rose to the gypsy, picked up the entire basket of roses, and gave it to me.” Teixeira kept his head down. When I asked what had made him notice Ana Carolina, he failed to respond (to his wife’s dismay).
Four days before the election of the FIFA leadership, a team from Globo News was sent from London to Zurich to do a report on the World Cup preparations. Executives from the Federation, including Teixeira, spoke extensively about the infrastructure being developed in Brazil, the construction of stadiums and the host cities. Despite the recent flurry of corruption and bribery accusations, Globo didn’t ask a single question in that area.
During the Brazilian parliamentary investigation into Nike in 2001, the network had run a piece on the news program Globo Repórter saying that Ricardo Teixeira’s lifestyle far outstripped his ostensible income. Shortly thereafter, out of the blue, the CBF announced that it was moving the time of the Brazil-Argentina match, a South American classic that draws record audiences. Instead of the normal time slot, after the 8pm novela, the game was bumped to 7:45.
t pre-empted two novelas and the nightly news, you know what that means?” whispered Teixeira to me in the Baur au Lac, when the story was brought up. Since Globo was broadcasting the game, the network had to go without airing its most expensive prime-time ads. After that, there were no more unpleasant reports about the CBF president on Globo.
Teixeira wanted to have lunch at the Zeughauskeller again. On the way, Rodrigo Paiva’s cell phone rang. Someone on the other end of the line, in Rio, told him that Rio’s mayor Eduardo Paes had said that the World Cup press headquarters would be located downtown, near the docks. The announcement should have been made by the Organizing Committee – by Ricardo Teixeira, that is. What Teixeira went on to say in the car is not fit to print.
It was pouring rain, and Paiva’s cell phone was ringing off the hook. In another call, someone told him that a “hair-raising” story about Teixeira was set to air on Sunday, on Record. Teixeira reacted by cursing the station, journalists, news websites, and the news media in general. He said he could care less, because the Igreja Universal’s network “got peanuts” in viewers. As a matter of fact, he thought it was a good thing. “The more I take a beating from Record, the better I’ll come off on Globo.” As the days went on, though, he came to feel that it wasn’t fair for him to be suffering the brunt of a dispute between the two networks.
When the car pulled up to the restaurant, he told his secretary not to forget to “buy socks for [Rio de Janeiro] Vice Governor Pezão.” At the Zeughauskeller, he ordered veal Stroganoff and a beer. Then he called the head of the PMDB (Brazilian Democratic Movement Party), Henrique Eduardo Alves, to complain about Garotinho.
s he ate, he explained that he’d “always” been on board for Sepp Blatter, who was competing with the Qatari millionaire Mohammed Bin Hammam. His daughter Antônia, who was eating French fries, turned to her father with a confused expression. “But don’t you want Bin Hammam to win?” Teixeira made a swift move with his right arm under the table. It was meant to be discreet, but the girl cried out – “Ah, daddy, don’t pinch me!”
There was an uncomfortable silence. Teixeira went back to eating, his wife read the menu and Antônia tapped out a message on her smartphone. She passed the phone to her mother, who wrote something else before returning it to her. Looking at the screen, Antônia laughed. “Sorry,” she said out loud.
Teixeira told his secretary to call Sandro Rosell, Barcelona president, former director of Nike and best man at his wedding. “Good luck, meu querido, wish you the best, we’re rooting for you.” The next day, Barcelona was set to play Manchester in the final of the Champions League in London. Rosell had invited Teixeira to come see the game, but the latter excused himself, wanting to avoid the onslaught of the English press.
They’ve been friends since the 1990s, when Rosell lived in Rio. It was then that the company became the official supplier for the Brazilian national team and one of the CBF’s main sponsors. The relationship between Nike and the Confederation was brought under investigation by the Senate and the Chamber of Deputies, and stayed in the headlines for months.
ll that was just to draw the spotlight away from the Eduardo Jorge investigation,” said Teixeira. “It was all set to go, but then they went and concocted this football CPI that obviously eclipsed the other one.” He was referring to the chief-of-staff under the Fernando Henrique Cardoso administration. At the time, Jorge – along with the judge Nicolau dos Santos Neto and the senator Luiz Estevão – was involved in an overbilling scandal regarding the construction of a federal courts building in São Paulo. (Jorge wasn’t found guilty on any charges, and subsequently got settlements from the various media outlets that had accused him.)
“Even [the footballer] Ronaldo had to give testimony at the Nike CPI,” he went on. “And at one point during the questioning, one deputy ended up asking who was in charge of marking Zidane. Is that something that belongs in a CPI?” In the end, 13 charges were brought against Teixeira, including embezzlement, money laundering and tax evasion. All 13 were subsequently dropped by the Public Prosecutor’s Office. “They looked over everything and they didn’t find anything. Everything was abandoned. So, what, is the Public Prosecutor’s Office incompetent?”
The ticketing company Match had rented a space in the hotel so that the FIFA bosses could watch the Manchester-Barcelona game. Teixeira settled himself into a front-row seat. There were snacks and cocktails, but he accepted a juice. A Uruguayan cartola quizzed him about the Brazilian teams, and he responded laconically, in Spanish. “Santos is very good. The only problem is that they only have two players.” “Palmeiras’ problem is that they managed to spend a lot and win nothing.”
Unlike the rest of the crowd, which was chatting, yelling, and cursing, Teixeira might as well have been watching a rerun. He made a few comments about Barça’s bad passes, and pursed his lips when the team missed a good shot. In the middle of the game, he picked up his iPad. When Messi scored, he barely lifted his gaze above the rims of his glasses to check the instant replay.
fterwards, he confided that he disliked watching games with “lots of people around.” He’d already told me that when it comes to football he keeps business separate from personal. “I’m not a fan, I’m an administrator,” he’d said. “I don’t want to know who the coach’s going to pick for the team, I don’t catcall the players, and I don’t invite the players over to my house.”
In the light of the recent scandal, the traditional gala ball on the eve of the FIFA elections was canceled. Secretary-general Jérôme Valcke had already shown the press the official report absolving Teixeira from the bribery accusations, but the CBF president still wasn’t pleased. “Look how disgusting the Brazilian press is,” he said. On his iPad, he turned up three different articles on Brazilian news sites about the report. Only the BBC story clearly laid out the details. The rest painted the document as suspect, given that it was the product of an internal FIFA investigation.
“The Brazilian press is a bunch of jackasses,” he said. Once, he said, a site – relying on the word of a hotel doorman – reported that he’d spent Réveillon at a ski resort. “If I hadn’t been with my wife, those sons of bitches would have ended my marriage.”
At 7:45 a.m., João Havelange was sitting alone in the Savoy lobby waiting for his driver, who would take him over to the FIFA elections at 9. In the car, he said that for decades he has been celebrating his birthday by going to a circus in Zurich. “The circus is the only place in the world today where you still have real solidarity,” he said. When the car pulled up in front of the building, there were 10 protesters holding up signs for a “clean game”. More than 500 journalists were registered for the event, the majority of them English.
efore voting could begin, Jérôme Valcke warned the 203 FIFA delegates to test their voting devices. He would ask two sample questions, and the delegates should press the green button for yes, the yellow button to abstain and the red button for no. The instructions were translated into seven languages. “Is this Congress taking place in Hungary?” was the first question. To general surprise, 45 delegates responded yes. “Did Spain win the last World Cup?” The board showed that 7 delegates answered in the negative.
The congress approved points of the new FIFA constitution, along with the entry of new members, and – in response to the corruption allegations – instituted changes in the system for choosing host countries. From then on, all the delegates, not just members of the Executive Committee, could vote. In theory, opening up the voting to the whole Congress should make the process more honest. That is, there would be significantly more people to bribe.
Ricardo Teixeira spent the entire time listening to the simultaneous translation. Before the election results were announced, he vanished – he had to catch a flight to Brazil that afternoon. In the absence of any opponents, Blatter was reelected for four more years. British Prime Minister David Cameron called the victory “a farce.”
t was noon when Ricardo Teixeira stepped into the lobby of the Caesar Park Hotel in Guarulhos, São Paulo, where the Brazilian national team was staying before a friendly match against Romania. The game would be Ronaldo’s last. He was given a commemorative watch in a ceremony at the hotel; Teixeira and the Fenômeno had been close. “You were the best Seleção player since I’ve been running the CBF,” he said. There was a little jab hidden in the remark. The politician and former footballer Romário, who’d wanted to have Teixeira brought to testify in Congress, had said that he, not Ronaldo, was the best athlete in Brazil’s recent history.
The FIFA election had happened a week ago, and there was no more discussion of it. When I met up with Teixeira, I wanted to know if the situation was like the phrase on his friend Grondona’s ring: Todo pasa. He laughed, clapped a hand on my shoulder and said, “Losing’s rough, sweetie. When you win, that’s the end of it.”
On the way out of the event, Corinthians president Andrés Sanchez said that Lula had told him that he couldn’t attend Ronaldo’s game because he had to go to Brasília “to fix this Palocci thing, which is a real pain in the ass.” When someone said that Palocci wouldn’t last much longer, Teixeira shot back, “Why’s he got to step down? He doesn’t have to leave, Palocci’s not leaving anytime soon.”
That afternoon, the Brazilian national team did a quick warm-up in Pacaembu Stadium. At the end, Globo director Luiz Gleiser rehearsed Ronaldo, practicing how he and his two sons should walk onto the field, when they should start jogging, how many minutes later they should leave the stadium, where he should speak. And so it was that, after 15 minutes on the field and two missed goals, the Fenômeno bid farewell to football.
uring half-time, Ronaldo read a prepared speech and thanked his fans for “accepting me for who I am.” Video rolled and cameras flashed, capturing the last images of the legend on the football field: overweight, sweating, and, strangely enough, sporting a nasal strip. At home, meanwhile, Globo viewers had a special bonus. Between Galvão Bueno’s sign-off and the start of Jornal da Globo, a single ad aired: a spot for Respire Melhor, the nasal strip that Ronaldo had been wearing for apparently no reason.
The next week, Ricardo Teixeira walked into a VIP area at Santos Dumont Airport, in Rio, where he would take the CBF jet to Brasília. He was told that Palocci was stepping down, and that the Minister for Fisheries Ideli Salvatti had just been named his replacement as chief of staff. “The President knows exactly why she wants Ideli in the job,” he said in response to someone’s surprise at the nomination.
As the plane taxied, he looked out the window, breathed deeply, and crossed himself five times in a row. He only relaxed once the jet was at cruising altitude. Alexandre Silveira sat across from him and the two got down to business. There were three folders with dozens of letters, requests, and invitations. Teixeira marked each one with a designation: “File away,” “Meet with,” Send to Salim,” “Say I’m available.” Faced with an invitation to a Copacabana Palace dance in honor of Queen Elizabeth II’s birthday, he only said, “Nobody’s going to anything British.”
In Brasília, he planned to go to the inauguration of three Superior Court of Justice ministers, as well as meet up with Congressman Ciro Gomes and senator Aécio Neves. He calls the former “Cirinho,” and hopes that the latter will be President someday. The friendship between the cartola and the senator is still new; back when Neves was president of the Chamber of Deputies, he appointed Sílvio Torres to write up the Nike investigation report. Torres turned out a hard-hitting, well-founded denunciation of Teixeira.
Up until the Nike investigation, the CBF had made cash donations to candidates, building up a Congressional “football caucus.” Now, with up to 24 billion reais in World Cup investments up for grabs, politicians are brown-nosing and arm-twisting in an effort to get games scheduled in their home districts.
Teixeira first approached Lula in 2004, when, as part of a PR effort to honor the Brazilian troops sent to Port-au-Prince, the national team went to play a game in Haiti. Lula came to meet with Teixeira regularly, usually on Friday afternoons, to have a whiskey and talk football and politics. With Dilma Rousseff, everything changed: Teixeira’s never been received by the President. When he wants to know something behind the scenes at the Planalto Palace, he usually goes to mutual friends in high places.
Upon entering Gero, a restaurant in a Brasília shopping center, Teixeira was greeted by a majority of the diners. “Hey, president!” “Boa tarde, president!” “Over here, president,” said the waiter. “I don’t have the slightest idea of who that short guy is. I’m nearsighted,” he told me. Ciro Gomes and Aécio Neves didn’t show up; they were out of town.
He ordered gnocchi with ragù (“Gnocchi well cooked, tá? Ragù, is that like a Bolognese sauce?”), and a bottle of red wine. One assistant said that the success of the Brazilian World Cup would be a testament to Teixeira’s talent and would quiet his critics once and for all. Teixeira pointed out that he’d already gotten together $300 million three years before the World Cup, while South Africa spent less than $40 million on the whole Cup.
hat’s it,” he went on, “that’s my point of pride. Seeing how the biggest companies in the world – the biggest meat company, the biggest insurance company, the biggest brewery, the biggest bank in Brazil, the biggest news publishing company, everyone – sank millions into a dirty thief, this crook here, into a shitty football confederation, into a team that always loses.” He was referring to the big World Cup sponsors: Seara, Liberty, Ambev, Itaú and Abril. Between guffaws, he recalled how, upon returning from Zurich, he canceled all his newspaper subscriptions, stopped watching TV and poking around on the Internet. “I don’t read a goddamn thing anymore, life’s a breeze now, things are really great.”
The justices’ inauguration ceremony was brief, but the receiving line was interminable. Upon leaving the chamber, Teixeira was approached by a reporter. “I’m not giving interviews,” he said brusquely. He was told that the journalist was from TV Justiça and just wanted to know what he thought of the ceremony.
After an hour standing in line, Teixeira began to feel an ache in his right leg, the one with the iron plate. A High Court judge at his side was pressing him about the 2014 World Cup construction projects. “Where we’re concerned, it’s all on schedule,” he said. “I’m not worrying. It’ll all turn out. Rio’s buzzing with construction – Belo Horizonte, Salvador, and Recife, too. Money makes the world go round.”
The judge wanted to know about the controversy over the São Paulo stadiums. “The press is most at fault in all that,” said Teixeira. “It’s a hotbed of paulistas, so they spent three years trying to shove the Morumbi stadium down my throat. That’s how all the projects got delayed.”
here’s another version of events. As some have it, in the wake of the dust-up with Globo, Record, and the Group of 13, Teixeira bad-mouthed Morumbi out of revenge. The stadium, after all, belongs to the São Paulo Football Club, whose president Juvenal Juvêncio is one of Teixeira’s critics. Others pointed out that while Morumbi would just need a renovation, it would cost three times as much to build Itaquerão, the Corinthians Football Club stadium.
Teixeira argued that the best stadium at Germany’s World Cup was one “between one highway and another.” According to him, “Itaquera has much better infrastructure than Morumbi. It has a rail system and a Metro station right by the stadium.”
As usual, he blamed the press for the uproar. “Look at the fucking mess that the World Cup was in France – Brazil played in a 27,000-seat stadium, we ended up in the middle of nowhere. Did any journalist complain? No, they didn’t. After all, they were going to Paris.” When the conversation turned to airports, he made it clear that it wasn’t his problem. “That’s on the government. And if the government doesn’t think that the Cup is a priority, I can’t do anything about it. It’s YOUR country, after all.”
The line was moving, but there were 20 minutes to go. They chatted about Flamengo’s goalie Bruno, accused of having murdered the mother of his son. Teixeira thinks that there are at least five renowned footballers who were saved by the sport. If they hadn’t gone pro, he says, they’d have become juvenile delinquents and been killed before the age of 15. After nearly two hours of waiting, it took about five minutes to congratulate the justices. But Teixeira was pleased. “Well worth it, I spoke with at least 20 judges.”
t the Brasília Air Base, he got a call warning that Record was airing yet another “attack program” on him that night. Teixeira excused himself to speak with his lawyer, and asked what exactly would be included in the report. Reporters had taken pictures of his ranch, wrongly attributed a house in Búzios to him, and shown his house in Florida.
He told the lawyer to start drawing up a lawsuit. The jet began to taxi, and he took one more cellphone call. When he hung up, he stayed sitting on the edge of his seat, holding the phone in his hand. “Heard anything about Palocci today? No? If I resigned today, I’d be named a saint,” he vented.
As the plane took off, he took off his shoes, stretched out his legs on a cream-colored leather ottoman and crossed himself. We’d left the city lights behind by the time he broke the silence. “In 2014, I’ll be able to get away with anything. The most slippery, unthinkable, Machiavellian things. Denying press credentials, barring access, changing game schedules. And you know what? Nothing’ll happen. You know why? Because in 2015 I’m out of here. Then it’ll all be over.”
*An earlier version of this article incorrectly identified Zurich as the capital of Switzerland
Tradução para o Portugues.
A varanda do Hotel Baur au Lac foi construída, em 1844, de maneira a oferecer aos hóspedes uma paisagem inspiradora: o jardim aparado com esmero em primeiro plano, depois o lago sereno e, ao fundo, os Alpes soberbos. Milionários bronzeados que pilotam Jaguar são habitués do hotel, no centro de Zurique. Eles costumam ser acompanhados por senhoras que portam dois relógios de brilhante no mesmo braço (um que marca a hora local e o outro com o fuso do país de onde vêm). Ou então por loiras magras que bebem Campari com gestos lentos. Em maio, o hotel estava cheio de dirigentes da Fédération Internationale de Football Association, a Fifa, que realizava o seu 61º congresso na cidade* Suíça.
Num começo de tarde, Ricardo Teixeira, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, tomava champanhe sentado de costas para o jardim. A seis dias da eleição do novo presidente da Federação, ele falava de tudo um pouco, com animação: das dificuldades do ministro Antonio Palocci para explicar o seu patrimônio, da blitz da Lei Seca que pegou o senador Aécio Neves ao fim de uma noitada, da despedida de Ronaldo Fenômeno da Seleção, dali a alguns dias.
Parecia imune à catadupa de incriminações de corrupção dos dirigentes da Fifa – ele inclusive, e com realce. David Triesman, ex-presidente da Federação Inglesa de Futebol, dissera que Ricardo Teixeira lhe pedira dinheiro para votar na Inglaterra para sede da Copa de 2018. O cartola britânico contou que o colega o abordou durante o jogo do Brasil com a Inglaterra, no ano passado, e lhe disse: “O Lula não é nada, venha aqui e diga o que você tem para mim.”
Quando o assunto surgiu, no terraço do Baur au Lac, ele apertou os olhos, franziu o nariz como se tivesse sentido um odor pestilento e emitiu um “pffffffffffff”, enquanto girava a cabeça para o lado. O gesto se repete todas as vezes em que se fala de uma acusação a ele, ou da hipótese de um estádio não ficar pronto a tempo da Copa no Brasil.
“Minha filha, você acredita em tudo que sai na imprensa?”, perguntou, sarcástico. “Esquece, isso é tudo armação. Esses ingleses estão putos porque perderam, eles não se conformam. Olha para mim e me fala se eu diria uma bobagem dessas. Que eu ia dizer que o Lula era nada. E pedir suborno em tribuna, na frente de todo mundo. Faz favor, né?”
Discorreu então sobre o domínio colonial e o imperialismo britânico. Classificou os ilhéus de “piratas do mundo”, relatou casos da empáfia da Loira Albion e lembrou até de falar mal da comida inglesa. “Esse Triesman está tendo que explicar na Justiça como gastou 50 milhões de dólares, sendo 15 do governo, na candidatura da Inglaterra”, prosseguiu, sublinhando as moedas. “É uma quantia absurda, não se explica. Nós gastamos 3 milhões de reais e levamos 2014. Eles não engolem isso, percebe?”
Outra acusação foi feita pelo jornalista Andrew Jennings, no programa Panorama, da BBC. Ele apresentou uma lista de dirigentes da Fifa, entre eles Teixeira e João Havelange, que teriam recebido 100 milhões de dólares, ao longo dos anos 90, de uma empresa de marketingesportivo chamada ISL. Em troca, os cartolas teriam concedido benesses à companhia na venda de direitos de transmissão de campeonatos.
Teixeira, afirmou o repórter inglês, recebeu 9,5 milhões de dólares, por meio de uma empresa de fachada. Jennings disse que um tribunal suíço obrigara o brasileiro a devolver o suborno, o que significava admitir o crime. “Ah é? Devolvi dinheiro? Então, cadê? Por que ninguém mostra?”, perguntou Teixeira. Porque, segundo a BBC, o processo foi encerrado com um acordo extrajudicial que garantiu o anonimato dos acusados. “Eu nem era do Comitê Executivo nessa época, iam me subornar para quê?”
Juntou-se à mesa a mulher de Ricardo Teixeira, Ana Carolina Wigand, uma morena de 34 anos, trinta mais nova que ele, e a filha do casal, Antônia, de 11. Falou-se da cidade, do clima, do hotel. O presidente abraçou a filha, uma menina espevitada que o beijava e acariciava os cabelos dele. Brincando, ele disse que a proibiria de sair à rua de roupa curta.
Quando as duas se foram, ele voltou ao assunto. Disse que Jennings, autor de um livro sobre corrupção na Fifa, era um “fanfarrão” que vivia de palestras. “Minha querida, presta atenção, raciocina”, pediu, “a BBC é estatal, é do governo, entende? É interesse do governo inglês anular a escolha da Rússia e tirar o Brasil do páreo, porque eles acham que podem nos substituir na última hora. É tudo orquestrado, percebe?”
Quando quer que fixem o que diz, Teixeira faz “psssiiii” e põe o dedo indicador na altura da boca. Ele costuma chamar mulheres e homens de “meu amor”, com acentuado sotaque carioca: “Meu amor, já falaram tudo de mim: que eu trouxe contrabando em avião da Seleção, a CPI da Nike e a do Futebol, que tem sacanagem na Copa de 2014. É tudo coisa da mesma patota, UOL, Folha, Lance, ESPN, que fica repetindo as mesmas merdas.”
Uma garçonete se aproximou e recolheu os copos. “O Lula me falava: ‘Eu não vejo essa Globo News porque só dá traço’”, disse, referindo-se à baixa audiência da emissora. “Então, esse uolsó dá traço. Quem lê o Lance? Oitenta mil pessoas? Traço! Quem vê essa espn? Traço!”
Ele concorda com um raciocínio que José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, teria feito no tempo em que dirigia a Rede Globo. Certa vez, falaram-lhe que um avião caíra e centenas de pessoas morreram. Boni teria dito que, se o Jornal Nacional não noticiasse, para todos os efeitos o avião não teria caído. “Portanto, só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional”, disse Teixeira.
Aos 64 anos, o mineiro Ricardo Terra Teixeira está há 22 à frente da CBF. É também presidente do Comitê Organizador da Copa de 2014 e membro do Comitê Executivo da Fifa. Dito de outro modo: ele é o chefe do futebol brasileiro, o cartola-mor.
É Teixeira quem decide onde, quando e a que horas os clubes jogam. No que toca à Seleção, ele define o cachê de um amistoso, a emissora que o transmite, e é quem fecha os acordos milionários com os patrocinadores. É quem dá ou não credenciais para que jornalistas possam trabalhar nos estádios. E quem nomeia o técnico da equipe brasileira.
Na próxima Copa, Teixeira influenciará na escolha dos estádios, dos lugares de concentração das equipes estrangeiras, e poderá palpitar sobre qualquer obra pública ligada ao Mundial.
Filho de um funcionário do Banco Central e de uma dona de casa, Teixeira nasceu em Carlos Chagas, no interior de Minas Gerais. Foi criado em Belo Horizonte, mas ainda na infância se mudou para o Rio. Estudou no Santo Inácio, escola tradicional carioca onde aprendeu francês com um padre (se comunica bem em portunhol e tem um inglês infrabásico).
Na adolescência, chegou a integrar a equipe de vôlei do Botafogo. Futebol nunca foi o seu forte. Torce pelo Atlético Mineiro e pelo Flamengo. Em 1968, ele estava no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, o CPOR, de onde observou a radicalização da ditadura militar.
Aos 19 anos, em um baile de Carnaval em Teresópolis, foi apresentado a Lúcia, filha de João Havelange, o presidente da Confederação Brasileira de Desportos, organização que antecedeu a CBF. Começaram a namorar, casaram-se cinco anos depois e tiveram três filhos. Abandonou o curso de direito, no 4º ano, para trabalhar em uma financeira de Belo Horizonte, o que o obrigava a viver na ponte aérea.
Quando fala de seu período como operador do mercado financeiro, ele se deleita em lembrar como vendia ações desacreditadas e triplicava o investimento. “Eu ganhava muito mais do que hoje”, disse. “Era como se eu ganhasse um Dodge Charger RT por dia.” Graças aos contatos de João Havelange, fez cursos e estágios em Zurique e em Nova York. Foram as suas primeiras viagens ao exterior.
Para explicar como saiu do mercado financeiro e virou cartola de futebol, Teixeira é sucinto: “Foi o rumo natural das coisas.” No relato de João Havelange, porém, foi ele o Merlin que ensinou e preparou o genro para as artes da cartolagem. Em 1989, Teixeira foi eleito presidente da CBF. Ao falar da Confederação ou da Seleção, Teixeira emprega a metonímia “eu”: “Eu tive que pagar”, ou “Eu tenho 120 milhões em caixa”, ou “Eu tinha que ganhar aquela Copa”, ou “Eu não queria abrir a Copa da Alemanha”.
Teixeira é pródigo em citações folclóricas, que atribui sempre a sua mãe, qualquer que seja o assunto. “Mamãe, que era mineira, sempre dizia...”, ele começa, e daí segue: “o que não tem remédio, remediado está”, “aqui se faz, aqui se paga”, “macaco senta no próprio rabo para falar do dos outros”, “nada como um dia após o outro”, “a vida é fácil, a gente é que complica”. Sua expressão predileta para falar da imprensa esportiva é: “Isso é de quinta categoria!”
Ele tem as feições pouco marcadas, rechonchudas. Como anda um pouco curvado, devagar e tem pigarros recorrentes, aparenta mais idade. Parece estar sempre irritado porque, mesmo relaxado ou de bom humor, mantém o cenho contraído, como se o sol do meio-dia ou uma forte dor de cabeça lhe atingisse em cheio a fronte. Quando se desarma, ou toma uma taça a mais num fim de noite, é espirituoso e atencioso com todos. Ele se veste de maneira formal, padrão: calça marrom, camisa branca, blazer azul com botões dourados e gravata vermelha. Antes de se casar – sua mulher contou – usava sapato preto com meia soquete branca.
Em dez dias de convivência, riu às lágrimas em duas ocasiões. Na primeira, ao contar a história, que jurou ser verdadeira, de duas brasileiras do interior que entraram num elevador do Hotel Plaza, em Nova York, com o jogador de basquete Michael Jordan e o cachorro. Sem saber de quem se tratava, e alertadas para a violência na cidade, vinda dos negros, elas se agacharam em pânico quando ele ordenou sit! ao animal. A outra foi sobre ladrões portugueses que, ao explodir um caixa eletrônico, botaram fogo no dinheiro.
presidente entrou às sete e meia da noite num dos seus restaurantes preferidos, o Zeughauskeller. Especializada em salsichão, chucrute e batata rosti, a casa tem a decoração rústica dos Alpes, com mesas longas e bancos de madeira pesada. Foi recebido em espanhol pela dona, que o conhecia pelo nome e o encaminhou a uma mesa reservada para quinze pessoas. Sentou-se, tirou a gravata e arregaçou as mangas.
Os convivas eram cartolas de confederações sul-americanas, suas esposas e assessores. Parecia um jantar do elenco do seriado Chapolin, com muita tinta acaju, pulseiras de prata, calças de tergal e sobrancelhas feitas com um risco em forma de meia-lua. Estava lá o octogenário Julio Grondona, jefe da Associação do Futebol Argentino. Ele é acusado de ter ganho 78 milhões de dólares para votar no Catar para sede da Copa de 2022.
Também apareceu Nicolás Leoz, um paraguaio de 82 anos que preside a Confederação Sul-Americana de Futebol, a Conmebol. Além de ter recebido suborno da ISL, diz-se que ele teria pedido um título de nobreza a David Triesman, em troca de seu voto pela Inglaterra. “Don Leoz, donde está su corona?”, gritou-lhe Teixeira, trazendo à baila o almejado título de sir. Leoz fez um bico de muxoxo e levantou os braços sobre a cabeça, fingindo estar sendo coroado, e todos gargalharam. “Se nos devolverem as Malvinas, eu voto em qualquer coisa!”, gritou Grondona, que usa um anel de ouro no mindinho com a expressão Todo pasa.
Em Zurique, Teixeira anda sempre com os latinos. Quando não estava com a família, sua companhia mais frequente eram cartolas uruguaios, argentinos e paraguaios. Mesmo durante a maior crise da história da Fifa, permaneceu à margem de reuniões da cúpula da entidade – como a que ocorreu às vésperas da eleição, quando um grupo virou a noite ajudando Joseph Blatter a preparar seu discurso.
Depois do jantar, Teixeira – apesar da locomoção vagarosa – quis voltar a pé para o hotel. Em 1998, caiu do cavalo, foi operado e lhe colocaram uma placa de ferro na coxa, o que lhe encurtou em 2 centímetros a perna direita. Ele enfrenta o problema usando sapatos feitos sob medida, por “um cara em Olaria”, com um salto interno para compensar a diferença.
À medida que percorria a Bahnhofstrasse, a rua das lojas de luxo, comentava o que via nas vitrines: “Não gosto dessa roupa, acho brega”, “Olha que diferente isso”, “Essa loja é nova”, “Nessa aqui você acha tudo quanto é tipo de perfume”, “Olha que coisa bem bolada esses chocolates”. Na esquina do Baur au Lac, ele parou, com as mãos enfiadas nos bolsos do paletó, e se espantou: “Ah, não. Olha isso! Casaco de pele a mil euros? Tenho que comprar. Não é possível esse preço.”
Parecia cansado, mas sugeriu que tomássemos um último café no salão de chá. Meio em inglês, meio em espanhol, pediu um expresso com um pouco de água quente em separado. Eram seis da tarde no Brasil e o celular de Rodrigo Paiva, diretor de comunicação da CBF, tocava sem parar. Em quarenta minutos, ele havia atendido treze telefonemas, e escutara perguntas sobre o atraso do salário da Seleção Brasileira de Futebol Feminino, o suposto achaque ao dirigente inglês e os gastos da Confederação.
Quando Paiva desligou, Teixeira se aprumou na cadeira, como se tivesse descansado o suficiente, e disse: “Que porra as pessoas têm a ver com as contas da CBF? Que porra elas têm a ver com a contabilidade do Bradesco ou do HSBC? Isso tudo é entidade pri-va-da. Não tem dinheiro público, não tem isenção fiscal. Por que merda todo mundo enche o saco?”
Ao assumir a presidência, Teixeira abriu mão de toda a receita pública, inclusive de dividendos da loteria esportiva, uma das principais fontes de renda da entidade. Também abdicou dos ganhos pelo uso da imagem dos times, e deixou que o lucro de bilheteria ficasse para os clubes. Ao contrário do Comitê Olímpico Brasileiro, cujas verbas são públicas, na CBF não há dinheiro do Estado.
Ele conta que, ao assumir o cargo, encontrou a Confederação em petição de miséria. Até a Taça Jules Rimet estava penhorada. Houve ocasiões em que jogadores só entraram em campo depois de ver, literalmente, a cor do dinheiro de seus salários atrasados. Diz que saneou as contas graças a sua experiência no mercado financeiro. Hoje a entidade tem 120 milhões de reais em caixa, jatinho, helicóptero e um terreno na Barra, estimado em 25 milhões de reais, destinado à construção de uma nova sede. No seu mandato, a Seleção chegou à final da Copa três vezes, venceu duas e ganhou a Copa América em cinco ocasiões.
No final de 2009, ele encomendou uma pesquisa ao Vox Populi. Das 2 500 pessoas entrevistadas em 150 municípios, 53% disseram que o seu trabalho na CBF era ótimo ou bom. Mais da metade considerou que o Campeonato Brasileiro de Futebol estava mais organizado. E a maioria se disse favorável às mudanças que o presidente implementou, como o ponto corrido, a quantidade de times da serie a e o fim do mata-mata. “Só jornalista fala mal de mim”, ele disse.
Todos haviam terminado o café. Um representante da empresa Match, que negocia os pacotes de hospedagem e entradas para a Copa, quis saber se, na entrevista agendada com a Rede Globo, haveria perguntas sobre os preços, considerados estratosféricos, de hotéis e restaurantes no Brasil. “Não vai ter isso, não: está tudo sob controle”, respondeu Teixeira. Quase à uma da manhã, ele se despediu. Antes de entrar no elevador, comentou: “E essa coisa da Dilma doente? Não quero nem pensar.”
inaugurada há dois anos, a sede da Fifa em Zurique custou 250 milhões de dólares. Em uma área de 44 mil metros quadrados, o prédio de três andares tem outros cinco pisos subterrâneos, sala de meditação, capela ecumênica, academia de ginástica e um campo de futebol oficial. O piso do saguão da entrada é forrado com granito e lápis-lazúli importados do Brasil. Era meio-dia quando Teixeira saiu de uma reunião e checou a programação do dia com seu secretário particular.
Alexandre Silveira o acompanha há dezoito anos. Carrega sua mala, celular e computador, tem sempre duas gravatas do patrão à mão, completa as suas frases, faz ligações, organiza a sua agenda, e tudo o mais que lhe for pedido, com a eficiência de alguém treinado no cerimonial do Palácio de Buckingham – e sem jamais ouvir um “por favor” ou um “obrigado”. Ex-telefonista da CBF, ele é jovem, baixo, só anda de terno e passa mais tempo com o chefe do que com a mulher e a filha de 7 anos. José Serra uma vez o confundiu com o ministro Orlando Silva, dos Esportes, e o cumprimentou efusivamente.
Breno Silveira e Andrucha Waddington, da Conspiração Filmes, registraram os bastidores da Copa na Alemanha, em 2006. No DVD com a primeira montagem das imagens, pode-se ver Ronaldo Fenômeno sem camisa, com 91 quilos de músculos, enquanto a imprensa o chamava de gordo (hoje ele pesa cerca de 110 quilos). Também chamam a atenção as cenas no vestiário que mostram o ambiente pesado, de derrota inevitável, ainda no intervalo da final contra a França.
No carro, a caminho do almoço, Teixeira falou que quer fazer um filme em 2014 cujo tema seja “a Copa que perdeu e a Copa que ganhou” (pressupondo que na próxima a Seleção vencerá). Queria ter feito isso no Mundial passado, mas Dunga proibiu que os cineastas se aproximassem dos jogadores, o que o irritou sobremaneira. No banco de trás, Rodrigo Paiva observou que deveriam pedir o copião do que fora gravado, e Teixeira o atalhou: “Pedir porra nenhuma, o filme é nosso, as imagens são minhas.”
Com a temperatura de 18 graus, o presidente quis ficar no terraço do restaurante italiano Bindella. Naquela manhã, uma nota de cinco linhas na Folha de S.Paulo noticiava que o processo conhecido como “voo da muamba”, no qual ele era réu, havia sido arquivado, dezessete anos depois de iniciado. “São uns filhos da puta, nem colocaram que não tinha a coisa do meu bar”, disse.
O avião que trouxe a Seleção de volta ao Brasil, depois de ganhar a Copa do Mundo nos Estados Unidos, em 1994, tinha na bagagem 17 toneladas de compras de jogadores, cartolas e convidados. Teixeira foi acusado de pressionar um funcionário para liberar a carga sem vistoria. “Falaram que eu tinha trazido material contrabandeado, o caralho”, lembrou. “Agora, sabe por que isso tudo aconteceu? Porque não deixei que a imprensa entrasse no avião e porque o secretário da Receita, o Osíris Lopes Filho, ia ser demitido.”
O garçom, que falava português, interrompeu a conversa para anotar os pedidos. Ele quis burrata com presunto cru, uma massa bem cozida (“Detesto al dente, sinto gosto de farinha”, disse) e vinho tinto. Teixeira não gosta de peixe, dispensa frango e não come nada verde.
Explicou que Osíris seria exonerado por Itamar Franco, por ter “falado umas merdas sobre a Petrobras”. De fato, em julho daquele ano, numa palestra, o secretário da Receita disse que a estatal devia o equivalente a 1 bilhão de dólares em impostos.
“Aí, foi tudo armado”, prosseguiu. “Descemos no aeroporto, o povo da Receita falou para deixarmos as bagagens, que eles iam guardar e dali a três dias devíamos voltar para pegar. A CBF pagaria todo o imposto, como pagou depois, mas o seu Osíris armou para mostrar serviço, posou de arauto da moralidade, a imprensa comprou a história e nós nos fodemos.”
Havia toda sorte de eletroeletrônicos e eletrodomésticos a bordo. Falou-se que o jogador Branco havia trazido uma cozinha inteira e que Teixeira incluíra na bagagem chopeiras para seu bar no Jockey Club, no Rio. “Essas chopeiras vieram da Nova Zelândia”, disse ele. “Então, presta atenção: o gênio aqui conseguiu entrar com esse material contrabandeado ilegalmente nos Estados Unidos, depois sair dos Estados Unidos ilegalmente, e entrar no Brasil também ilegalmente, até ser descoberto?” Dias depois, em Brasília, encontramos por acaso Henrique Hargreaves, chefe da Casa Civil do governo Itamar Franco, que confirmou a versão de Teixeira.
á mais de quarenta anos, Jean-Marie Faustin Goedefroid de Havelange se hospeda no Hotel Savoy. Não gosta da badalação do Baur au Lac. Num fim de tarde, ele chegou ao saguão para a entrevista com pontualidade suíça. Aos 95 anos, mantém o porte reto e senhorial. Sempre de terno, chama a todos de mais de quinze anos de “senhor” ou “senhora”. Para expor seus argumentos, usa o método socrático: faz perguntas cujas respostas já sabe, mas deixa que o interlocutor chegue a elas por conta própria.
Havelange é talvez o maior responsável pela transformação da Fifa numa potência. Ao assumir a sua direção, contou ter encontrado 20 dólares no caixa. Foi um dos primeiros a perceber, nos anos 70, que o futebol tinha a vocação de se transformar, com as transmissões ao vivo, via satélite, num espetáculo mundializado, atraindo patrocinadores multinacionais. Com a vantagem de, ao contrário das Olimpíadas, o futebol não ser contaminado pela política da Guerra Fria, já que os Estados Unidos não se interessavam pelo esporte.
Mas seria preciso que a Federação, de origem europeia e bem de vida, incorporasse países pobres. Alterou então o critério de eleição para presidente, dando o mesmo peso dos europeus aos votos da África, do Caribe e da Ásia. Destinou-lhes também verbas para organizarem estruturas nacionais. Assim, consolidou o seu poder. Hoje, a Fifa fatura 4,6 bilhões de dólares só com o Mundial.
No Savoy, Havelange disse que, se teve algum sucesso, foi porque nasceu no Brasil, onde “aprendemos a lidar desde o berço” com diferenças de raça e religião. Lembrou-se do primeiro congresso da Fifa que organizou, em 1974: “A senhora acha que um inglês dá beijo num preto? Um alemão dá? Pois todo africano que entrava no congresso, eu e minha mulher, Anna Maria, beijávamos todos.”
A escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo passa pela relação de Havelange com os cartolas africanos. Em troca do apoio que teve durante os anos à frente da Fifa, Havelange havia conseguido, já em 2006, a maioria dos votos para que a África do Sul fosse a sede da Copa. Em contrapartida, os africanos apoiariam a candidatura brasileira na eleição seguinte.
Na última hora, no entanto, numa atitude suspeitíssima, o representante da Nova Zelândia votou em branco, e a Alemanha levou o Mundial de 2006. A Fifa mudou logo as regras de rodízio de continentes, de modo que a sede seguinte fosse na África e, na sequência, na América do Sul. Como a África do Sul e o Brasil eram os países mais ricos dos seus continentes, não tinham como perder. E não perderam.
As denúncias de corrupção não lhe fizeram mossa. Para Havelange, tratava-se de maquinações para desestabilizar candidatos, de disputa política por um cargo cobiçadíssimo. “Quem não quer sentar nessa cadeira com os recursos e o poder que a Fifa tem hoje?”, perguntou.
Ele descreveu Ricardo Teixeira assim: inteligência acima da média, observador, calado “como um bom mineiro”, tem sempre uma pessoa dele infiltrada nos lugares que importam (“O que faz com que esteja sempre bem informado”) e capacidade de aguentar desaforos e planejar o troco para mais tarde. “O Ricardo é o quê? Mineiro, não é? O Aécio é amigo dele, não é? Onde você acha que vai ser a abertura da Copa do Mundo?” “Em Belo Horizonte”, concluí. “Isso é o Ricardo, nós é que somos bobos”, ele comentou.
Quando o casamento de sua filha acabou, Havelange rompeu com Ricardo Teixeira . Ninguém da família podia pronunciar o nome dele na sua frente. “Um dia minha mulher, Anna Maria, me disse: ‘Não te esqueças que ele é o pai dos teus netos’”, contou. “E aí apaguei tudo. Voltei a me relacionar como se ele ainda estivesse casado com a minha filha. Porque neto é neto. Bisneto é bisneto.”
Por isso, tentará o que lhe estiver ao alcance para fazer o ex-genro chegar à presidência da Fifa, em 2015: “O Ricardo Teixeira queria se apresentar agora, mas eu disse a ele: ‘Faz uma Copa do Mundo de qualidade, trata todo mundo de maravilha, vão votar em você por agradecimento.’”
Perguntei se Ricardo Teixeira precisava dele para se eleger. “Claro que não, burro é uma coisa que ele não é”, respondeu Havelange. “Se a senhora um dia tivesse que definir a malandragem, no bom sentido, claro, ela se chamaria Ricardo Teixeira.”
Ele acha, contudo, que o seu herdeiro deveria ter mais paciência para cultivar as pessoas, como ele próprio fez. E poderia se preocupar um pouco mais em não melindrar certos ânimos. Contou que, certa vez, Joseph Blatter foi de jatinho à Etiópia. E ele fez uma ponderação ao seu sucessor na Fifa: “Não se anda em país pobre de jatinho. Pega um avião comum, salta pela frente, todo mundo respeita. É essa sensibilidade que se tem que ter.”
Depois de quase duas horas sentado, Havelange sentiu uma fisgada no pé. Apesar de ainda nadar 1 200 metros diariamente, teve uma fissura no osso do tornozelo. Gentilmente, encerrou a entrevista. Sua observação final foi a seguinte: “O Ricardo Teixeira é sozinho. Deveria ter alguém para confiar, para se détendre.”
Jornalistas esportivos me disseram que a CBF privilegia repórteres e veículos de comunicação que preservam Ricardo Teixeira . E procura restringir o acesso daqueles que o criticam. Em Zurique, o presidente conversou por duas vezes com advogados sobre a possibilidade de negar credenciais para jogos da Seleção Brasileira. Foi orientado a conceder pelo menos uma aos desafetos, de maneira a não se caracterizar a discriminação.
Uma equipe da BBC mandara mais de dez pedidos de entrevista a Ricardo Teixeira , para uma reportagem que fariam no Brasil sobre a Copa de 2014. “Eu vou infernizar a vida deles”, explicou. “Enquanto eu estiver na CBF, na Fifa, onde for, eles não entram.” Apesar de a reportagem da BBC e de o depoimento do inglês David Triesman terem ocupado a primeira página de dezenas de jornais, Ricardo Teixeira não buscou reparação na Justiça. Um advogado francês lhe disse que um processo contra a BBC lhe custaria, no mínimo, 500 mil dólares. “Fora isso, tem que ir lá, dar depoimento, aquela coisa toda, muito trabalho”, comentou.
No Brasil, suas investidas judiciais têm um alvo preferencial, o comentarista Juca Kfouri, a quem já processou mais de cinquenta vezes. “Dele, eu não deixo passar nada”, afirmou. “Outro dia, recebi um dinheiro dele. Mas eu doo para a caridade. Na próxima que ganhar, vou publicar no site da CBF um agradecimento.”
A desavença entre ambos, contou, tinha uma origem pessoal. Antes de se divorciar da filha de Havelange, correu o rumor de que uma amante de Ricardo Teixeira havia morrido em um desastre de carro, em Miami. Kfouri noticiou a história, provocando um terremoto em sua vida familiar que culminou com o fim do casamento.
Kfouri disse que o cartola usa a história como pretexto para atacá-lo, e que a origem real do conflito foi o fato de ele ter noticiado as “relações promíscuas” de Ricardo Teixeira com a Nike. “A estratégia dele é me processar por qualquer coisa, na tentativa de convencer meus empregadores que eles gastam muito com advogados para me defender, e me mandem embora”, disse Kfouri. “Ele não pode achar que pode agir como quiser à frente do futebol, sem que ninguém fale nada. Na camiseta da Seleção não está escrito Ricardo Teixeira .”
No terraço do Bindella, a mesa aguardava a sobremesa enquanto Rodrigo Paiva atendia mais chamadas de repórteres brasileiros. Queriam saber o que o presidente pensava da tentativa do deputado Anthony Garotinho, da bancada evangélica, de aprovar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a CBF e a organização da Copa do Mundo. “Ele está trabalhando para a Record”, disse Ricardo Teixeira .
As relações de Ricardo Teixeira com a Record ficaram atritadas no ano passado, quando a rede mantida pela Igreja Universal do Reino de Deus tentou tirar da Globo o direito de transmissão do Campeonato Brasileiro. Falava-se que a Record ofereceria 1 bilhão de reais aos vinte maiores times, congregados no chamado Clube dos 13. E a Globo, com o apoio da CBF, passou a negociar individualmente com os clubes. Logo de início, acertou-se com o Flamengo e o Corinthians, cujos dirigentes são bastante próximos de Ricardo Teixeira . No fim, a maioria renovou com a Globo e a Record, novamente, ficou sem futebol.
“A partir daí, o Garotinho começou com essa coisa de montar CPI”, disse Ricardo Teixeira . Em março, o ex-governador do Rio conseguiu reunir as assinaturas para formar uma Comissão sobre a Copa. Pego de surpresa, o presidente da Confederação voou para Brasília, peregrinou pelos gabinetes e conseguiu demover muitos parlamentares. “Todo mundo que era do PT e havia assinado voltou atrás quando viram que aquilo era um absurdo”, disse.
No futuro, Ricardo Teixeira considera montar uma estrutura jornalística própria, que produzirá conteúdo de interesse da CBF. Seja para responder aos ataques dos críticos, seja para comercializar o acesso privilegiado que a entidade tem sobre os jogadores.
Antes de pagar a conta no restaurante, Ricardo Teixeira falou pelo telefone com Evandro Guimarães, lobista da Globo em Brasília. Trocou ideias sobre inseminação de bovinos, uma de suas mais novas atividades. Sua fazenda, no interior do Rio, produz 10 mil litros de leite por dia e os laticínios do presidente são consumidos em diversos restaurantes cariocas. Ele também vende doce de leite, ricota, queijo de minas, parmesão e requeijão (o melhor produto, no seu entender). O negócio é rentável? “Não sou de jogar dinheiro fora”, respondeu.
Perguntado sobre quem são seus melhores amigos, ele disse: “O Rico, o Beto, a Joana e a minha mulher.” São os seus três filhos mais velhos, que, assim como seu irmão e seu cunhado, também estão no ramo dos negócios do futebol. Para ilustrar sua visão da amizade, inventou uma pequena fábula: “Se você está na merda, vão falar: ‘Coitado do Ricardo, vamos dar uma mão para ele.’ Mas aí, todo mundo volta para casa, não ajuda e finge que esqueceu o assunto”, disse. “Agora, pense na situação inversa: ‘Porra, o Ricardo está bem pra caralho, que sucesso.’ Pode ter certeza que vai ser aquele que você acha que é seu melhor amigo quem vai dizer primeiro: ‘Também, roubando, quem não fica bem?’”
Ele disse que não se incomoda com as acusações de corrupção: “Não ligo. Aliás, caguei. Caguei montão.” Como Tom Jobim, ele acha que os brasileiros lidam mal com o sucesso alheio. “O neguinho do Harlem olha para o carrão do branco e fala: ‘Quero um igual’”, raciocinou. “O negro não quer que o branco se foda e perca o carro. Mas no Brasil não é assim. É essa coisa de quinta categoria.”
Ao sair do Bindella, quis novamente andar até o hotel. “Preciso dar essa caminhadinha para fazer a digestão”, justificou. Em frente à loja dos casacos de pele, mais uma vez se mostrou intrigado: “Olha o casaco, ainda está lá. Será que o preço é esse mesmo?”
No salão de chá do Baur au Lac, o argentino Julio Grondona estava esparramado numa poltrona, com o rosto afogueado. “Ah, fui ver os vitrais do Chagall, comi um risoto maravilhoso, bebi uma garrafa de Chianti e brindei à eleição da Fifa”, disse, caindo na gargalhada.
Ricardo Teixeira pareceu surpreso ao saber que um dos principais pontos turísticos de Zurique, os vitrais de Marc Chagall, ficava a menos de 500 metros do hotel. Ainda que frequente a cidade há mais de trinta anos, seus trajetos são inalteráveis: hotel, Fifa, os mesmos restaurantes, onde é atendido pelos mesmos garçons – a quem pede os mesmos pratos. As paisagens deixaram de deslumbrá-lo.
Às cinco e meia da tarde, Ricardo Teixeira disse que precisava dar uns telefonemas, avisou que jantaríamos às oito e subiu para o quarto. Eduardo Deluca, o secretário-geral da Confederação Sul-Americana de Futebol, falou então sobre o companheiro: “Você conhece alguém que tenha esse cargo, essa projeção e sobre o qual não inventem as mesmas histórias? Ele é um candidato fortíssimo para 2015, por isso o atacam. Estamos fechados com ele.” Deluca é uma figura pantagruélica, de fala monocórdia, cujos olhos parecem boiar no vazio.
O presidente, a mulher, as duas filhas, Rodrigo Paiva e o secretário Alexandre Silveira foram jantar no Dézaley, que serve uma das fondues mais elogiadas da cidade. Instalaram-se numa mesa de fundos, o garçom lhes deu boas-vindas em português e anotou os pedidos.
“Olha aqui, tenho uma notícia fresquinha”, anunciou o cartola à mulher enquanto lhe passava um maço de folhas de papel. “A Federação inglesa mandou um relatório agora à tarde para a Fifa dizendo que não tenho nada com aquilo de pedir suborno para o inglês, lê aí.”
Quando chegou a fondue, Ricardo Teixeira dizia que o documento seria mostrado à imprensa dali a três dias, durante uma entrevista coletiva. “Mas que absurdo. Vão deixar você apanhar até lá?”, perguntou Ana. “Tanto faz para mim”, respondeu ele. Sua filha mais velha, Joana Havelange, de 34 anos, só escutava a conversa. Ela é loira, alta e gosta de roupas pretas. Foi nomeada pelo pai diretora-executiva do Comitê Organizador da Copa.
Nos almoços e jantares com Ricardo Teixeira (que nunca me permitiu pagar nem um café em sua companhia), todos são instados a dar palpites sobre a burocracia do futebol, sobretudo da Copa, e a comentar fofocas políticas. São raros os momentos de intimidade, como quando a caçula Antônia abraçou o pai e disse que ele era lindo, tinha um cabelo maravilhoso e que não deveria cortá-lo. Derretendo-se, ele deixou a cabeça descansar no ombro da menina.
Quando a conta chegou, Ricardo Teixeira sacou a carteira Gucci, que só tem cartões de crédito e nenhuma nota de dinheiro. Ajeitou os óculos na ponta do nariz e perguntou, atarantado: “O que é trinkgeld?” Quando soube que se tratava da gorjeta, contou que uma vez teve um cartão recusado porque se confundiu com os números da senha, ainda que o limite fosse de 600 mil reais.
Perto da meia-noite, o grupo andou até a ponte do rio Limmat e parou na frente do relógio da catedral de Fraumünster. Estavam munidos de pedaços de pão velho, trazidos do restaurante, que foram jogados ao vento, caíram e boiaram na água cristalina do rio. “Dou pão aos patos aqui desde 1974”, disse Ricardo Teixeira , suspirando. Na Bahnhofstrasse, ele chamou a atenção da filha: “Toninha, olha esse casaco: mil euros! Eu vou comprar!”
Em 1997, Ricardo Teixeira se separou de Lúcia Havelange e engatou um namoro com a grã-fina Narcisa Tamborindeguy. Logo depois, conheceu Ana Carolina, que estudava administração na Pontifícia Universidade Católica. Ela esperava amigas no bar da El Turf, a boate dele. As amigas não chegaram e o cartola, sem se identificar, disse a um funcionário que pegasse o telefone da jovem de 19 anos. Dias depois, ligou. “Ele não ficou enrolando, disse que não era garoto, que não tinha tempo nem paciência para ficar de paquera e foi logo direto ao assunto”, contou Ana Carolina.
Passaram semanas até que ela consentisse em marcar um encontro. Foram jantar e, na hora de deixá-la em casa, beijaram-se. Ela gostou, mas Ricardo Teixeira deu-lhe um gelo. “Depois daquilo, ele me ignorou totalmente, e aí eu fiquei com a pulga atrás da orelha: quem era ele para fazer aquilo comigo?”, disse.
Ana Carolina comentou que mexera recentemente numa caixa de fotos antigas. Ficou surpresa com as mudanças físicas do marido, ocorridas em tão pouco tempo: “O pescoço, a pele, tudo; o cabelo era grisalho e agora é todo branco.”
Passaram-se outras tantas semanas até que começassem a namorar. Aí veio Paris. Com um sorriso eloquente, ela lembrou a primeira viagem que fizeram juntos. Jantaram no Jules Verne, o restaurante da Torre Eiffel, e depois, caminhando para o hotel, ocorreu, segundo ela, uma das cenas mais românticas do casamento. “Tinha uma cigana vendendo rosas. Ele perguntou quanto era, ela disse que eram 10 francos, acho, ele pegou uma nota de 500, deu a ela e pegou uma rosa”, contou, encarando o marido, que ficou todo o tempo de cabeça baixa, examinando algo invisível nas mãos. “Aí, ele pegou a rosa, deu para a cigana, pegou o balde inteiro de flores e me deu.” Ricardo Teixeira continuava vexado. Quando perguntei o que lhe havia chamado a atenção em Ana Carolina, ele não respondeu (para desconsolo da mulher).
A quatro dias da eleição da nova diretoria da Fifa, uma equipe da Globo foi mandada de Londres para Zurique para fazer uma reportagem sobre os preparativos da Copa. Executivos da Federação, inclusive Ricardo Teixeira , falaram longamente sobre as obras de infraestrutura no Brasil, a construção dos estádios e as cidades-sede dos jogos. Apesar de todas as denúncias sobre corrupção e suborno, nenhuma pergunta foi feita sobre o assunto pela Globo.
Durante a CPI da Nike, em 2001, a rede levou ao ar uma reportagem no Globo Repórter sustentando que a renda de Ricardo Teixeira era incompatível com o seu patrimônio e padrão de vida. A CBF anunciou pouco depois, do nada, uma mudança no horário de transmissão de uma partida Brasil x Argentina, clássico sul-americano que costuma bater recordes de audiência. Em vez de ser exibido no horário de praxe, depois da novela das oito, o jogo foi marcado para as 19h45.
“Pegava duas novelas e o Jornal Nacional. Você sabe o que é isso?”, cochichou-me Ricardo Teixeira , no Baur au Lac, quando o caso foi relembrado. Como a Globo transmitiu a partida, amargou o prejuízo de deixar de mostrar diversos anúncios no horário nobre, o mais caro da programação. A partir daí, não houve mais reportagens desagradáveis sobre o presidente da CBF na Globo.
Ricardo Teixeira quis almoçar de novo no Zeughauskeller. No caminho, o celular de Rodrigo Paiva tocou e, do Rio, alguém lhe contou que o prefeito Eduardo Paes havia divulgado que a sede do centro de imprensa da Copa seria na cidade. O anúncio, no entanto, deveria ter sido feito pelo Comitê Organizador, ou seja, por Ricardo Teixeira. O que se falou no carro é impublicável.
Chovia com intensidade e o celular de Paiva não parava. Em outro telefonema, alguém avisou que uma reportagem “bombástica” sobre Ricardo Teixeira seria exibida, no domingo, na Rede Record. Ele reagiu amaldiçoando a emissora, jornalistas, sites noticiosos e a imprensa toda. Disse que não se preocupava porque o programa da rede da Igreja Universal “dava traço”. Achava até bom: “Quanto mais tomo pau da Record, fico com mais crédito na Globo.” Ao longo dos dias, porém, teve a sensação de que era injusto tomar bordoadas sozinho por causa de uma briga deletéria entre a Globo e a Record.
Quando o carro entrou na rua do restaurante, disse ao secretário para não se esquecer de “comprar as meias do vice-governador Pezão”. No Zeughauskeller, pediu cerveja e o estrogonofe de vitela. Depois, telefonou para o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, para reclamar de Garotinho.
Enquanto comia, disse que estava comprometido “desde sempre” com a reeleição de Joseph Blatter, que disputava com o milionário catariano Mohammed Bin Hammam. A filha Antônia, que saboreava batatas fritas, virou em direção ao pai com uma expressão de não ter entendido direito. “Ué, mas você não quer o Bin Hammam?”, ela perguntou. Ricardo Teixeira fez um movimento brusco com o braço direito por debaixo da mesa. Quis ser discreto, mas a menina protestou, alto: “Ai, pai! Não me belisca!”
Houve um silêncio desajeitado. Ricardo Teixeira voltou a comer, sua mulher a ler o cardápio e Antônia escreveu uma mensagem no smartphone. A menina passou o telefone para a mãe, que digitou alguma coisa antes de lhe devolver o aparelho. De olho na tela, Antônia riu e disse alto: “Desculpa.”
Ricardo Teixeira mandou o secretário ligar para Sandro Rosell, presidente do Barcelona, ex-diretor da Nike e seu padrinho de casamento. “Meu querido, boa sorte, tudo de bom, estamos torcendo demais”, disse-lhe. No dia seguinte, o Barcelona enfrentaria o Manchester, na final da Copa dos Campeões, em Londres, e Rosell havia convidado os Teixeira a assistir a partida na tribuna. O presidente não aceitou para evitar o assédio da imprensa inglesa.
Eles são amigos desde os anos 90, quando Rosell morou no Rio. Foi nessa época que a empresa se tornou fornecedora oficial do material esportivo das seleções do Brasil e uma grande patrocinadora da CBF. A relação entre a Confederação e a Nike foi investigada na Câmara e no Senado, e ficou meses a fio no noticiário.
“Aquilo só aconteceu para abafar a CPI do Eduardo Jorge: ela estava pronta, mas aí inventaram essa do futebol que, obviamente, ofuscou a outra”, disse Ricardo Teixeira. Ele se referia ao secretário-geral da Presidência, no governo Fernando Henrique Cardoso. À época, Jorge foi envolvido no escândalo de superfaturamento de obras do Tribunal Regional do Trabalho, junto com o juiz Nicolau dos Santos Neto e o senador Luiz Estevão. (Nada ficou provado contra Eduardo Jorge, que processou e ganhou indenização de vários órgãos de imprensa que o acusaram.)
“Até o Ronaldo teve que depor na CPI da Nike”, prosseguiu ele. “E, no depoimento, um deputado ficou perguntando quem era o encarregado de marcar o Zidane. Isso é coisa para CPI?” Ao final da investigação, Ricardo Teixeira foi indiciado por treze crimes, entre eles apropriação indébita, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Todos os processos vieram a ser arquivados, a pedido do Ministério Público Federal. “Reviraram tudo e não acharam nada. Foi tudo arquivado. E aí? O Ministério Público é incompetente, então?”, disse.
A empresa Match alugara uma sala no hotel para que caciques da Fifa assistissem ao jogo do Manchester contra o Barcelona. Ricardo Teixeira ajeitou-se numa cadeira na primeira fileira, em frente à televisão. Havia salgadinhos e bebida, mas ele tomou suco. Um cartola uruguaio lhe perguntou detalhes dos times brasileiros e ele respondeu de maneira lacônica: “Santos es muy fuerte. El problema es que sólo tiene dos jugadores”,“Problema de Palmeiras es que gastó mucho y no ganó nada.”
Ao contrário dos outros, que vibravam,comentavam, gritavam e xingavam, Ricardo Teixeira parecia ver um filme repetido da sessão da tarde. Fez comentários breves sobre os passes errados do Barça, e apertava os lábios quando o time perdia uma boa jogada. No meio do jogo, pegou seu iPad. Quando Messi marcou um gol, mal levantou os olhos por cima dos óculos para conferir o tira-teima.
Ao final, comentou que detestava ver jogo rodeado de “muita gente”. Ele já me havia dito que sabia separar o público do privado no que dizia respeito ao gosto pelo esporte. “Eu não sou dirigente torcedor, eu sou administrador”, dissera. “Não quero saber quem o técnico vai escalar, não fico de ti-ti-ti com jogador, não chamo jogador para a minha casa.”
No dia seguinte, devido às denúncias, o tradicional baile de gala que antecede a eleição do presidente da Fifa foi cancelado. O secretário-geral Jérôme Valcke mostrara à imprensa o documento que absolvia Ricardo Teixeira da acusação de suborno. Ainda assim, o cartola estava com a cara péssima. “Olha como a imprensa brasileira é escrota!”, disse, na varanda do hotel. Pegou o iPad e mostrou três reportagens de sites brasileiros sobre o assunto. Apenas a da BBC esclarecia o caso com detalhes. As demais colocavam o documento sob suspeita, já que era produto de uma investigação de um órgão ligado à Fifa.
“A imprensa brasileira é muito vagabunda”, disse. Contou que, certa vez, um site noticiara que ele havia passado o Réveillon em uma estação de esqui. Usara como fonte um porteiro de hotel. “Se eu não estivesse com a minha mulher, esses putos teriam acabado com o meu casamento”, falou.
As 7h45, João Havelange estava sentado sozinho no saguão do Savoy, esperando seu motorista, que só chegaria às nove para levá-lo à eleição da Fifa. A caminho, falou que comemorava seu aniversário, havia décadas, indo a um circo em Zurique. “O circo é o único lugar do mundo hoje onde ainda há solidariedade”, disse. Quando chegou, em frente ao prédio, dez manifestantes exibiam cartazes pedindo “jogo limpo”. Havia mais de 500 jornalistas cadastrados, a maior parte ingleses.
Antes de começar a votação da Fifa, Jérôme Valcke avisou aos 203 delegados presentes que deveriam testar a maquininha de voto. Ele faria duas perguntas pró-forma, e os representantes dos países filiados deveriam apertar verde para sim, amarelo para abstenção e vermelho para não. As instruções foram traduzidas em sete idiomas. “Esse Congresso está ocorrendo na Hungria?”, foi a primeira questão. Para o espanto geral, 45 delegados responderam que sim. “Foi a Espanha que ganhou a última Copa do Mundo?” No painel, viu-se que sete responderam negativamente.
Aprovaram-se pontos de um novo estatuto, a entrada de novos membros e, motivados pelas acusações de corrupção, mudanças no sistema de escolha dos países para sediar as copas do mundo. Dali em diante, todos os delegados, e não mais só os membros do Comitê Executivo, poderiam votar. O aumento do número de votantes dificultará, em tese, a corrupção, já que haverá muito mais gente para se subornar.
Ricardo Teixeira passou todo o tempo com o fone de tradução no ouvido. Antes de o resultado da eleição ser proclamado, sumiu. Tinha que pegar um voo para o Brasil ainda naquela tarde. Sem adversários, Blatter foi reeleito por mais quatro anos. O primeiro ministro inglês, David Cameron, classificou o resultado de “farsa”.
Era meio-dia quando Ricardo Teixeira atravessou o saguão do Hotel Caesar Park, em Guarulhos, onde a Seleção Brasileira estava concentrada para o amistoso contra a Romênia. O jogo marcaria a despedida de Ronaldo Fenômeno. Em uma sala do hotel, ocorreu a cerimônia de entrega de um relógio comemorativo ao jogador, com quem Ricardo Teixeira estava estremecido. “Você foi o melhor jogador da Seleção Brasileira na minha gestão”, disse-lhe o cartola. Na frase, havia uma vendeta particular: o deputado federal Romário, que quisera levar Teixeira a depor na Câmara, havia dito que era ele, e não Ronaldo, o melhor atleta da história recente do Brasil.
A eleição da Fifa ocorrera há uma semana e ninguém mais falava dela. Quando encontrei Ricardo Teixeira , quis saber se a situação era como dizia o anel de seu amigo Grondona: Todo pasa. Ele riu, botou a mão no meu ombro e disse: “O feio é perder, minha querida. Quando ganha, acabou.”
Na saída do evento, o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, contou que o ex-presidente Lula lhe havia dito que não poderia assistir ao jogo de Ronaldo porque tinha de ir a Brasília “resolver essa coisa do Palocci, que está dando a maior merda”. Quando alguém comentou que Palocci não se sustentava mais no cargo, Ricardo Teixeira respondeu: “Por que ele tem que sair? Não tem que sair nada, Palocci não vai sair.”
À tarde, a Seleção fez um treino rápido no Estádio do Pacaembu. Ao final, Luiz Gleiser, diretor da Globo, ensaiou Ronaldo: ensinou como ele e seus dois filhos deveriam andar ao entrar no campo, a que horas deveriam correr, quantos minutos depois deveriam se retirar, onde ele deveria falar. Assim, na noite da partida, depois de quinze minutos em campo, duas tentativas de gols perdidas, o Fenômeno se despediu.
Na hora do intervalo, fez um discurso preparado e agradeceu aos torcedores por “terem me aceitado como eu sou”. As câmeras e as lentes dos fotógrafos registraram a última imagem do ídolo em campo: suado, gordo e, curiosamente, usando um dilatador de nariz. Em casa, os espectadores da Globo tiveram uma informação complementar: entre a despedida de Galvão Bueno e a chamada do Jornal da Globo, o único comercial exibido foi o do Respire Melhor, o dilatador de nariz que Ronaldo usara sem nenhum motivo.
Na semana seguinte, Ricardo Teixeira entrou numa sala VIP do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, onde embarcaria no jato da CBF para Brasília. Soube que a senadora** Ideli Salvatti havia acabado de ser anunciada ministra de Relações Institucionais. “A presidenta sabe exatamente por que quis a Ideli lá”, disse ele, em resposta a um comentário estranhando a nomeação.
Na hora da decolagem, olhou pela janela, respirou fundo e fez cinco vezes seguidas o sinal da cruz. Só relaxou quando o avião alcançou a altura de cruzeiro. Alexandre Silveira se sentou à sua frente e começaram a despachar. Eram três pastas com dezenas de cartas, solicitações, convites. A cada uma, o presidente dava uma orientação: “Arquivo”, “Recebo”, “Manda para o Salim”, “Diz que me coloco à disposição”. A respeito de um convite para um baile pelo aniversário da rainha Elizabeth, no Copacabana Palace, disse: “Ninguém vai a nada de inglês.”
Em Brasília, ele pretendia assistir à cerimônia de posse de três ministros do Superior Tribunal de Justiça. Também esperava se encontrar com Ciro Gomes e Aécio Neves. A um ele chama de “Cirinho”, mas quer que o outro seja presidente da República. O vínculo entre o cartola e o senador mineiro é recente. Quando era presidente da Câmara, foi Aécio Neves quem indicou Sílvio Torres para o cargo de relator da CPI da Nike. Torres preparou uma denúncia nutrida e bem concatenada contra Ricardo Teixeira.
Até a CPI da Nike, a CBF fazia doações em dinheiro para candidatos. Assim, manteve no Congresso, durante anos, a chamada “bancada da bola”. Agora, com investimentos previstos de 24 bilhões de reais em obras para a Copa, os políticos o bajulam e pressionam para que ele marque jogos nos seus currais eleitorais.
Ricardo Teixeira se aproximou de Lula em 2004, quando a Seleção Brasileira foi jogar no Haiti, numa ação de propaganda para valorizar as tropas nacionais enviadas a Porto Príncipe. Lula passou a recebê-lo, geralmente às sextas-feiras, no final do expediente, para tomar um uísque e conversar sobre futebol e política. Com Dilma Rousseff, a situação mudou: jamais esteve com a presidenta. Quando quer saber sobre os bastidores do Palácio do Planalto, costuma acionar interlocutores em comum, com trânsito privilegiado em Brasília.
Ao entrar no restaurante Gero, num shopping center de Brasília, Ricardo Teixeira foi cumprimentado pela maioria das mesas: “Oi, presidente!”, “Boa-tarde, presidente!”; “Por aqui, presidente”, disse-lhe o garçom. “Não tenho a mínima ideia de quem seja aquele baixinho. Tenho que fazer óculos para longe”, falou. Nem Ciro Gomes, nem Aécio Neves apareceram. Não estavam na cidade.
Ele pediu nhoque com ragu (“O meu nhoque é muito cozido, tá? Ragu é tipo bolonhesa, é isso?”) e uma garrafa de vinho tinto. Um assessor comentou que o sucesso da Copa do Mundo no Brasil seria a prova de sua competência e calaria os inimigos. Ricardo Teixeira mencionou que já havia conseguido amealhar 300 milhões de dólares, três anos antes do Mundial, enquanto a África do Sul não havia faturado nem 40 milhões de dólares em todo o período dos jogos.
E continuou: “Taí, vai ver que a minha vaidade é essa: ver que as maiores empresas do mundo, a maior de carne, a maior de seguros, a maior cervejaria, o maior banco do país, a maior editora, todo mundo investiu milhões no ladrão, no bandido aqui, numa CBF de merda, num time que só perde, né?” Referia-se aos grandes patrocinadores da Copa no Brasil: Seara, Liberty, Ambev, Itaú e Abril. Entre risadas, contou que, ao voltar de Zurique, mandou cancelar o resumo dos jornais, parou de ver televisão e fuçar a internet. “Não leio mais porra nenhuma, a vida ficou leve pra cacete, tá muito bom”, afirmou.
A cerimônia de posse dos ministros do Superior Tribunal de Justiça foi rápida. Mas havia uma fila de cumprimentos interminável. Ao deixar o plenário, Ricardo Teixeira foi abordado por uma repórter. “Não dou entrevista”, disse, ríspido. Foi informado de que se tratava de uma jornalista da TV Justiça, que só queria saber o que ele achara da cerimônia.
Depois de uma hora em pé na fila, ele começou a sentir dores na perna operada. Uma desembargadora a seu lado puxava assunto sobre as obras para a Copa de 2014. “No que depender de nós, está tudo dentro do prazo”, disse. “Estou muito tranquilo, vai dar tudo certo. O Rio está um canteiro de obras; Belo Horizonte, Salvador e Recife, idem. Com dinheiro, se faz tudo”, afirmou.
Quis saber sobre a polêmica dos estádios paulistas. “A imprensa é a maior culpada de tudo isso”, ele disse. “Por ser toda paulista, passou três anos tentando enfiar goela abaixo o Morumbi. Com isso, atrasaram todos os projetos.”
Há outra versão. A de que, na esteira da briga envolvendo o Clube dos 13, a Globo e a Record, Ricardo Teixeira teria descartado o Morumbi, que pertence ao São Paulo, para atingir o presidente do clube, Juvenal Juvêncio – um de seus detratores –, durante a disputa. Os críticos do presidente argumentaram que, em vez de se gastar o triplo na construção do estádio do Corinthians, o Itaquerão – como ele defende –, bastaria apenas uma reforma para viabilizar o Morumbi.
Ricardo Teixeira argumentou que o melhor estádio da Copa na Alemanha ficava “no meio de uma estrada e outra estrada”. Segundo ele, “Itaquera tem muito mais estrutura do que o Morumbi. Tem trem e metrô na porta”.
Como de hábito, responsabilizou a imprensa pela celeuma: “Olha a merda que foi a Copa na França: a Seleção jogou num estádio de 27 mil lugares, ficamos concentrados no meio do nada. E algum jornalista reclamou? Não, né? Afinal, estavam indo para Paris.” Quando se falou em aeroportos, ele deixou claro que o problema não lhe diz respeito. “Isso é o governo. E se o governo acha que a Copa não é prioridade, não posso fazer nada. Esse é o SEU país”, disse.
A fila andou, mas havia pelo menos mais vinte minutos em pé. Falou-se sobre o goleiro Bruno, acusado de mandar matar a mãe do filho dele. Ricardo Teixeira acha que há pelo menos cinco jogadores de renome que foram salvos pelo futebol. Se não tivessem se tornado profissionais, teriam sido mortos antes dos 15 anos por terem índole de criminosos. Depois de quase duas horas de espera, os cumprimentos duraram menos de cinco minutos. Mas ele ficou satisfeito: “Foi muito bom, encontrei pelo menos vinte ministros.”
Na Base Aérea de Brasília, recebeu um telefonema alertando que a Record anunciava mais uma “reportagem avassaladora” sobre sua vida, naquela noite. Ricardo Teixeira afastou-se para falar com seu advogado, e perguntava o que exatamente exibiriam no programa. Repórteres haviam feito imagens da sua fazenda, atribuído a ele uma casa em Búzios que não era sua, e mostrado sua casa na Flórida.
Ele mandou o advogado preparar a notificação para um processo. O jatinho taxiava e ele atendeu a mais uma chamada pelo celular. Quando desligou, ficou sentado longe do espaldar da poltrona segurando o telefone na mão. “Alguém está falando do Palocci hoje? Não, né? Se eu renunciasse hoje, eu viraria santo”, disse, em tom de desabafo.
Enquanto o avião decolava, tirou os sapatos, esticou as pernas sobre um banquinho de couro creme e fez o sinal da cruz. As luzes da cidade tinham ficado para trás quando rompeu o silêncio: “Em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Porque eu saio em 2015. E aí, acabou.”
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