terça-feira, 3 de maio de 2011

Navi Pillay e a morte de Osama bin Laden.


A alta comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas, Navi Pillay, pediu nesta terça-feira que os Estados Unidos divulguem mais detalhes da morte de Osama bin Laden à entidade e disse que todas as operações de antiterrorismo devem respeitar o direito internacional.
Pillay disse que o líder da Al Qaeda, morto em uma operação dos EUA no Paquistão, cometeu crimes contra a humanidade, como mentor confesso dos "mais terríveis atos de terrorismo", incluindo os ataques de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos.

Sempre foi evidente que capturar Bin Laden com vida seria difícil, disse ela, observando que as autoridades dos EUA teriam declarado que preferiam prendê-lo, se possível.

"Esta foi uma operação complexa e seria útil se fôssemos informados dos fatos precisos em torno de seu assassinato. As Nações Unidas enfatizam que todos os atos contra o terrorismo devem respeitar o direito internacional", disse Pillay em comunicado.

Em Washington, o secretário da Justiça dos EUA, Eric Holder, defendeu como legal a operação dos EUA no Paquistão, que resultou na morte de Bin Laden.

Os atos foram "legais, legítimos e apropriados em todos os sentidos. As pessoas que foram responsáveis por aquela ação, tanto na tomada da decisão quanto em sua efetivação, encararam a situação muito bem", disse Holder ao Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados.

O governo de Islamabad só foi informado da presença de helicópteros e forças de elite da Marinha americana após o término da operação --no que seria uma violação da soberania do Estado paquistanês.

Bin Laden foi morto com um tiro de um dos cerca de 20 militares da Marinha dos Estados Unidos que invadiram, em helicópteros, sua mansão de alta segurança em Abbottabad, cidade a apenas cerca de 50 km da capital paquistanesa. A mansão ficava ainda a menos de um quilômetro de uma academia militar que treinava membros para as Forças Armadas do Paquistão.

A localização da casa levou a duras críticas ao Paquistão e à especulação de que o país teria ajudado o líder terrorista a se refugiar. Alguns legisladores norte-americanos chegaram a exigir a revisão dos bilhões de dólares em assistência que os Estados Unidos fornecem ao Paquistão, em troca de apoio na luta contra o grupo islâmico Taleban.

Uma violação da soberania paquistanesa poderia complicar as relações dos EUA com o Paquistão, aliado-chave dos norte-americanos na batalha contra os militantes do Taleban e na guerra no Afeganistão.

Essas relações já têm sido prejudicadas por ataques de aviões dos EUA não tripulados no oeste do país. Os militares americanos não confirmam os ataques, mas suas Forças Armadas e a CIA (agência de inteligência americana), que operam no Afeganistão, são as únicas que têm estas aeronaves na região.

Oficialmente, Islamabad nega que autorize os ataques de aviões não tripulados e chegou diversas vezes a criticá-los por ameaçar civis e romper com a soberania nacional. Fontes paquistanesas e dos EUA, contudo, afirmam que existe um consentimento tácito e que os serviços de inteligência dos dois países compartilham informação sobre os alvos.

DESARMADO

O chefe da rede terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden, não estava armado durante a operação dos EUA que o matou no domingo (1º), disse em entrevista coletiva o porta-voz da Casa Branca, Jim Carney, nesta terça-feira.

Ao ser questionado sobre o tipo de resistência encontrada pelos Seals, as forças de elite da Marinha americana, Carney disse que Bin Laden "não estava armado".

Repórteres indagaram o motivo, então, da decisão de matá-lo ao invés de apenas capturá-lo e trazê-lo para julgamento em solo americano, por exemplo.

Em resposta, o porta-voz da Casa Branca limitou-se a dizer que "outras pessoas estavam armadas na casa" e que o próprio Bin Laden "ofereceu resistência" antes de morrer.

Carney disse ainda que o presidente Barack Obama e as outras autoridades que acompanhavam a ação em tempo real na sala de controle da Casa Branca foram apenas "observadores".

"Todas as decisões foram tomadas no local. Cabia aos que estavam em solo executar o plano".

Saiba mais sobre os Seals, a força de elite dos EUA que matou Bin Laden

O porta-voz disse também que as operações no Afeganistão e o ritmo da retirada das tropas serão determinados "somente pelas condições no campo de batalha" e que a morte de Bin Laden não influenciará estas decisões.

DETALHES DA OPERAÇÃO

A Casa Branca disse ainda que os Seals apenas atiraram "na perna" de uma das supostas mulheres de Bin Laden, mas não a mataram. Ainda ontem (2), o governo americano já tinha desmentido relatos iniciais de que uma mulher teria servido de "escudo humano".

Carney confirmou ainda que o corpo do terrorista foi lavado, posto num lençol branco e lançado numa localização no norte do mar da Arábia. Até ontem o local onde o cadáver tinha sido lançado era somente informado por "fontes do governo", mas não tinha sido confirmado pelo governo de forma oficial.

Quanto às fotos, Carney disse que as imagens registradas têm conteúdo forte e "caráter inflamatório", apontando que os EUA consideram que divulgá-las pode resultar em retaliações contra o país.

"Estamos analisando se isso servirá nossos interesses ou se danidficará nossos interesses e também os interesses globais", disse.

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