sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Arafat envenenado com Polonio


 Peritos suíços confirmaram nesta quinta-feira, 7, que a investigação que fizeram sobre a morte do líder palestino Yasser Arafat “apoia moderadamente” a tese de que ele teria seria envenenado com Polonio em 2004.

Foi constatada a presença do elemento radioativo em seu corpo 20 vezes superior à taxas consideradas como “normais”. Mas os peritos alertaram para “sérias limitações” na pesquisa.

Uma comissão de investigadores palestinos que analisa a morte de Yasser Arafat acusou nesta sexta-feira, 7, Israel de ter sido o responsável pela morte do líder da Organização para Libertação da Palestino.  A acusação foi feita um dia depois de um relatório produzido por peritos suíços ter indicado haver níveis anormais de polônio nos restos mortais de Arafat. é o único suspeito da morte do líder palestino Yasser Arafat em 2004, afirmou nesta sexta-feira , investigador chefe do caso..

O investigador do caso, Tawfik Tirawi, foi evasivo ao ser questionado se Arafat foi envenenado com polônio."Não é importante que eu diga aqui que ele foi morto por polônio", disse ele. "Mas eu digo, com todos os detalhes disponíveis sobre a morte de Yasser Arafat, que ele foi morto e que Israel o matou".

Israel nega qualquer participação na morte do líder palestino, afirmando que o tinha isolado politicamente na época e não tinha qualquer razão para assassiná-lo. "Deixe-me disser isso da forma mas simples possível: Israel não matou Arafat", afirmou nesta sexta-feira o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores israelense, Yigal Palmor, em resposta às acusações.

"Os palestinos devem parar com este absurdo e deixar de levantar essas acusações sem fundamento nem qualquer prova", acrescentou Palmor.

Arafat morreu em 11 de novembro de 2004, num hospital militar francês, aos 75 anos, um mês depois de adoecer em seu complexo localizado na Cisjordânia. Na época, médicos franceses disseram que ele morreu após um acidente vascular cerebral e que ele tinha problemas de coagulação sanguínea, mas os registros sobre o que provocou esses problemas não foram conclusivos.

O túmulo de Arafat foi aberto no início deste ano, o que permitiu que cientistas suíços, russos e franceses retirassem amostras de ossos e de terra para investigações



Os esquadrões de assassinato do Mossad



Muitas agências de inteligência são suspeitas de cometer assassinatos, mas nenhuma é tão conhecida por isso quanto o Mossad de Israel. Embora a agência tenha se tornada lendária pelos seus impressionantes sucessos, ela também teve os seus fracassos. Se o Mossad foi o responsável pelo recente assassinato em Dubai, isto poderá ser uma outra mancha na reputação da agência.

Em 1955, sete anos após a fundação do Estado de Israel, o filósofo Yeshayalu Leibowitz escreveu uma carta ao então primeiro-ministro David Ben-Gurion. Nela, ele reclamou de que palestinos inocentes estavam sendo mortos nas operações israelenses. “Eu discordo de você”, respondeu Ben-Gurion. “Embora seja importante que haja um mundo cheio de paz, fraternidade, justiça e honestidade, é ainda mais importante que nós estejamos nele”.

Esta ideia de um Estado bem fortificado que elimina os seus inimigos pela força sempre que possível ainda é apoiada pela grande maioria dos israelenses. Tais ações incluem assassinatos executados pelas forças armadas de Israel e pelo Mossad, o serviço de inteligência externa do país. De fato, organizações de direitos humanos estimam que as forças armadas israelenses mataram mais de cem pessoa nos territórios palestinos nos chamados “assassinatos seletivos”.

O incidente mais recente no qual o Mossad está metido revela que a maioria dos israelenses continua acreditando que tais assassinatos são justificados. Em janeiro, o Mossad teria matado um comprador de armas do Hamas em Dubai. No início desta semana, autoridades de Dubai divulgaram publicamente uma série de fotografias de vigilância mostrando os membros do suposto esquadrão de assassinos. Fontes de inteligência alemãs afirmam que só uma agência de inteligência é capaz de executar uma operação tão profissional. No Reino Unido, as autoridades do governo foram mais explícitas: elas dizem estar convencidas de que o Mossad é o responsável pelo assassinato de Mahmoud al-Mabhouh.

Mas, em Israel, o debate gira basicamente em torno de duas questões. Primeiro, a operação apresentou o típico grau de “profissionalismo” do Mossad? E, segundo, a operação deveria ser considerada um fracasso porque as fotos de 11 suspeitos de serem agentes tornaram-se públicas e o mundo acredita agora que o Mossad não tem escrúpulo em falsificar passaportes de países amigos, como Alemanha ou Reino Unido, ou em “tomar emprestadas” as identidades dos seus cidadãos?


Uma história de operações de sucessos

O medo que o Mossad inspira entre as agências de inteligência deve-se principalmente à sua história de operações ambiciosas. Ele libertou reféns em situações em que não havia esperança, encontrou uma maneira de trazer um caça russo Mig-21 para Israel a pedido dos seus líderes políticos e, durante a guerra fria, o serviço era conhecido por fornecer à CIA documentos sigilosos roubados dos soviéticos.

Mas os esquadrões da morte do serviço de inteligência possuem a sua própria mística. Se o Mossad realmente estiver por trás do recente assassinato em Dubai, este terá sido apenas um de uma série de ataques sangrentos – embora as operações do Mossad também tenham tido a sua parcela de fracassos.

Nem sempre ficou claro se o Mossad foi o responsável por todo ataque letal – ou se o executor foi uma outra unidade israelense. A operação legendária para caçar e matar os terroristas do “Setembro Negro” que atacaram atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972, por exemplo, foi executada por uma unidade criada especificamente com aquele objetivo. Eles acabaram eliminando a maioria dos militantes – embora tenham também assassinado um garçom marroquino inocente na Noruega, após confundi-lo com um dos terroristas. E, pelo menos uma vez, em Beirute, em 1973, os agentes disfarçaram-se de turistas – assim como os “Onze de Dubai”.

Acredita-se que, durante meados da década de setenta, a então primeira-ministra Golda Meir tenha criado o chamado “Comitê X” que era – e que talvez ainda seja – responsável por organizar e manter uma lista de pessoas a serem assassinadas. No Mossad, uma unidade conhecida como “Cesária” teria recebido a missão de executar assassinatos seletivos.

É muito raro que Israel dê indicações do seu envolvimento em uma operação de assassinato. Como regra, o Mossad jamais reconhece a sua participação. Devido a este secretismo, é provável que o número de mortes atribuídas a esse serviço de inteligência seja maior do que o de assassinatos que ele realmente perpetrou. Mesmo assim, a lista de incidentes que pode ser atribuída com certeza ao Mossad é longa – e teve início há mais de 40 anos.

Na década de sessenta, por exemplo, o Mossad teria enviado cartas-bombas a cientistas alemães que estavam ajudando o Egito a construir um avançado programa de mísseis. Vários deles morreram.


 Setenta balas

Um dos assassinatos mais espetaculares atribuídos ao Mossad ocorreu em 1987, em Túnis, onde o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Khalil Al Wazir – também conhecido como Abu Jihad – estava morando. A operação teria envolvido cerca de 30 agentes, que chegaram à costa tunisiana em embarcações pequenas. Alguns deles fingiram ser turistas enquanto seguiam para a casa do auxiliar mais importante de Iasser Arafat. Outros se posicionaram, usando uniformes do exército tunisiano. Durante a operação um avião israelense Boeing 707 sobrevoava a região com o objetivo de interferir com todas as comunicações no local. O esquadrão de assassinato entrou a força na casa e matou alguns criados antes de disparar as suas armas – e 70 balas – contra Al Wazir, na presença da mulher e dos filhos do militante.

Em outubro de 1995, Fathi Shikaki, um membro do grupo terrorista palestino Jihad Islâmica, foi assassinado em Malta. O assassino aproximou-se em uma motocicleta e atirou três vezes na cabeça da vítima. Mais tarde descobriu-se que a operação fora meticulosamente planejada com antecedência. De fato, a motocicleta foi roubada dois meses antes. Especialistas acreditam que doze agentes estiveram envolvidos. Após a operação, todos eles desapareceram sem deixar nenhuma pista.

Em 1996, Yehiyeh Ayyash, o notório fabricante de bombas do Hamas, conhecido como “O Engenheiro”, foi assassinado na Faixa de Gaza quando o seu telefone celular recheado com uma bomba explodiu. Este novo método de ataque chocou os militantes palestinos. A maioria dos analistas acredita que o Mossad foi o responsável por este ataque.

Em setembro de 2004, um outro membro do Hamas – que acredita-se ter sido Izz Eldine Subhi Sheik Khalil – morreu em Damasco quando um explosivo foi detonado debaixo do seu carro. Ele era o responsável pela coordenação de operações do braço militar do Hamas. Embora Israel não tenha assumido oficialmente responsabilidade pelo ataque, este foi entendido como um recado aos líderes da Síria de que nem mesmo a sua capital está fora do raio de ação dos agentes israelenses.


Alguns fracassos notáveis

Damasco foi também o cenário de uma outra morte, em fevereiro de 2008, quando uma bomba destruiu o Mitsubishi Pajero pertencente ao líder do Hezbollah, Imad Mughniyeh, a quem foram atribuídas centenas de mortes. Embora Israel tenha negado oficialmente qualquer participação no assassinato, a maioria dos especialistas acredita que o Mossad esteve pelo menos parcialmente envolvido – possivelmente em colaboração com outros serviços de inteligência da região.

Até o momento, o fracasso mais espetacular do Mossad foi uma missão executada em Amã, na Jordânia, em setembro de 1997. Dois agentes do Mossad disfarçados de turistas canadenses tentaram assassinar o líder do Hamas, Khaled Mashal, com uma toxina letal que ataca o sistema nervoso, e que penetra no organismo através da pele. O ataque fracassou, e os guarda-costas de Mashal conseguiram capturar os agentes e entregá-los à polícia jordaniana. As autoridades jordanianas cercaram rapidamente a Embaixada de Israel, onde quatro outros agentes do Mossad, revelando a sua verdadeira identidade, buscaram refúgio.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu foi então obrigado a assumir a operação para conseguir trazer os seus agentes de volta com segurança. Ele voou para Amã para pedir desculpas ao irmão do rei Hussein – o rei não quis encontrar-se com ele pessoalmente. Após negociações difíceis, Israel entregou aos jordanianos o antídoto para o veneno do sistema nervoso que fora usado em Mashal, bem como a composição química do opiato, que teria sido usado em operações anteriores. Além disso, Israel foi obrigado a libertar o fundador do Hamas, Sheik Ahmed Yassin, e dezenas de outros palestinos e jordanianos.

No fim das contas, uma investigação oficial concluiu que o Mossad havia “se fixado em operações de alto risco”. O ataque frustrado foi uma nódoa na reputação do Mossad. Depois disso, durante vários anos, o serviço deixou de executar assassinatos seletivos – ou pelo menos foi muito mais cuidadoso ao perpetrar esses assassinatos.


Irã: o verdadeiro alvo

Se o assassinato em Dubai foi realmente perpetrado pelo Mossad, a operação terá sido mais um golpe para a reputação da agência. De fato, nunca antes uma operação de assassinato do Mossad havia sido filmada por terceiros e muito menos as fotografias dos membros do esquadrão de assassinos tinham sido reveladas publicamente.

De fato, há alguns anos o Mossad vem perdendo muito do brilho da sua reputação. Outros serviços de inteligência têm ganhado estima dentro de Israel. E, nos últimos anos, o serviço de inteligência da Jordânia tornou-se tão importante para os Estados Unidos na região quanto o Mossad.

Mas isto é válido principalmente na área de contra-terrorismo. No entanto, o atual foco do Mossad é o programa nuclear iraniano. Em relação a esta questão, os israelenses dizem que o Mossad tem se saído muito bem – distante dos olhos do público.

Yassin Mushabarsh

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