sexta-feira, 22 de novembro de 2013
"Talmúdia"
Francisco Almeida · UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí
A "nossa" mídia maliciosa a todo tempo distorce as declarações do Irã , cujas palavras detonam APENAS o regime sionista , mas não o Estado de Israel, e muito menos o povo judeu (gente boa, os admiro).
A imprensa prostituta e hipócrita insiste em pintar os dois (Israel e seu regime sionista) como sendo uma só coisa, MAS NÃO SÃO. Insiste em denominar Israel de "Estado Judeu" (palavras de Bibi) , mas hoje Israel é um Estado Sionista cheio de judeus - mais autêntico seria denominá-lo de "Talmúdia" (vide explicação abaixo).
Irã deseja ver o "ilegítimo" regime se auto-esfacelar pela falta de legitimidade dentre os próprios Judeus, cansados deste apartheid supremacista.
EXPLICAÇÃO:
1) - Sionismo e Judaísmo são irreconciliáveis, porque , se por um lado o Judaísmo em essência é uma Religião de princípios e valores morais e espirituais - e não um conceito étnico - por outro lado, o Sionismo é um PROJETO POLÌTICO (de apartheid, supremacia, conquista), que confronta o Judaísmo visceralmente.
2) - Não pode haver Judaísmo sem D'us , seria falsificação ! Assim, só são genuinamente Judeus os ortodoxos, que pregam a fidelidade ao Livro Sagrado TORAH, que determina que o Estado de Israel só poderia ser fundado mediante o líder unificador Messias.
3) - Judaísmo autêntico NÃO prega apartheid, nem conquista, nem supremacia; estes desvios são obra do TALMUD, epécie de "jurisprudência rabínica" desprovida de origem divina, e que posteriormente MODIFICOU muitos dos preceitos milenares do Judaísmo original, abrindo espaço para o surgimento desta "seita" dissidente denominada de Sionismo.
4) - A premissa de legitimidade ÉTNICA para possuir o direito de reocupar a Terra de Abraão, não tem sustentação nos fatos , porque 95% do Judeus do presente NÃO sãao descendentes de Abraão. Eles descendem do um antigo império (Khazária, século VIII) russo-turco que se converteu inteiramente ao Judaísmo. (Nota: localizado entre Rússia e Turquia, ali onde hoje está o país denominado de Geórgia). Assim, se fosse para "voltar à Terra de Origem" , que voltassem para a Geórgia.
5) - Ironicamente, como eles etnicamente são Khazares, então eles NÃO são descendentes de Abraão, então NÃO são semitas ! Por fim, como os palestinos SÃO SIM descendentes de Abraão, então eles é que alí são os semitas, e não os judeus. No caso específico e restrito, então, ser "anti-semita" NÃO significar ser anti-judeu, mas ser anti-palestino!
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Genoino , hospedado com luxo e requinte
Genoino sofre de problemas cardíacos |
DIREITOS HUMANOS
"Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Wadih Damous, a prisão de Genoino tem "ilegalidade" e "arbitrariedade" porque seu estado de saúde requer atenção. "A sua prisão [de Genoino] em regime fechado por si só configura uma ilegalidade e uma arbitrariedade. Seus advogados já chamaram a atenção para esses dois fatos mas, infelizmente, o pedido não foi apreciado na mesma rapidez que prisão foi decretada".
"É sempre bom lembrar que a prisão de condenados judiciais deve ser feita com respeito à dignidade da pessoa humana e não servir de objeto de espetacularização midiática e nem para linchamentos morais descabidos", completou.
Genoino sofre de problemas cardíacos e passou por uma cirurgia há cerca de três meses. Em sua primeira noite na Papuda ele chegou a ser atendido por um médico particular devido a uma crise de pressão alta. "
Pois é caros Patricios e Irmãos da Causa Operaria e da defesa dos interesses de nóssa Patria , viram DIREITOS HUMANOS para aqueles que roubaram o povo , cela individual para os INIMIGOS DO POVO com cama , cobertor , 4 refeições chuveiro individual , éééééééé ., medico particular , hospedados com luxo e requinte e ainda reclamam , sim acostumados aos prazeres burgueses proporcionados pelo poder , certamente exigem o Hotel Copacabana Palace , afinal dizem que tem um historico revolucionário , sim até ministro do Supremo , fez constar isto no processo do Genuino , se dizem vitimas .
Vagabundo safados inimigos da classe operária e inimigos do povo exigem , exigem , e exigem ainda.
Aqui em São Paulo na PF-Carceragem o Genuino chegou escalando a malandragem , com o Know-How da estadia do Maluf , acharam que seria suficiente para o meliante , mas Maluf muito mais esperto , ficou junto com mafiosos libanêses e outros e abriu a carteira , iguarias àrabes a vontade aos irmãos e teve vida de luxo , já o feinho ai chegou escalando , ai foi anunciado que ele teve "PROBLEMAS" na carceragem e foi rapidamente transferido a Brasilia .
Porque não noticiaram a verdade ? .
Ele quer uma aposentadoria por invalidez , alega ser cardiopata , e quantos milhares de trabalhadores brasileiros tem problemas cardiacos piores que o dele e são taxados de vagabundos pelos peritos do INSS e mandados a trabalhar e morrem por isto ? , posso contar casos e casos aqui viu.
E voce Lula ? que papelão , quer dizer que "TAMUS JUNTO COMPANHEIRO " , se propoêm a puxar a cana junto porque ? ,
TEM que ser todo mundo preso em regime fechado, o interessante é que todo mundo se cala e estes meliantes fazem o que bem entendem ,
SAFADOS.
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
zionist soldiers detaining a Palestinian children in the occupied West Bank
zionist soldiers detaining a Palestinian children in the occupied West Bank |
Four Palestinian children, aged five to nine, have been handcuffed and detained by zionist forces for more than an hour.
The zionist soldiers arrested the children on Friday during a protest rally in Kafr Qaddum, a village in the north of the occupied West Bank, AFP reported.
"Four children who were present in the area had stun grenades thrown at them by zionist soldiers, which frightened them," said Palestinian activist Murad Ashtiye from the village's Popular Struggle Coordination Committee.
"Then the soldiers arrested them and tied their hands behind their backs using plastic strips," he added.
The activist identified the children as Tariq Hikmet, 9, Hossam Khaldun, 7, Malak Hikmet, 6, and Ahmad Abdessalam, 5.
An zionist military spokeswoman said that the Israeli troops arrested some minors in the village without commenting on their age or being handcuffed.
"When the zionist soldiers realized that these were youngsters who were under age, they just asked them a few questions and let them go," she said.
The protest in the village had been held against illegal construction of settlements by the zionist regime.
The presence and continued expansion of zionist settlements in occupied Palestine has created a major obstacle for the efforts to establish peace in the Middle East.
More than half a million zionist live in over 120 illegal settlements built since zionist occupation of the Palestinian territories of the West Bank and East al-Quds in 1967.
The UN and most countries regard the zionist settlements as illegal because the territories were captured by zionist in a war in 1967 and are hence subject to the Geneva Conventions, which forbids construction on occupied lands.
terça-feira, 12 de novembro de 2013
Edward J. Snowden , NSA, revelações .
Quando Ban Ki-moon, o secretário-geral da ONU, visitou a Casa Branca em abril para discutir as armas químicas da Síria, as negociações de paz entre Israel e Palestina e a mudança climática, ele teve um encontro cordial e rotineiro com o presidente Barack Obama.
Entretanto, a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) começou a trabalhar antecipadamente e interceptou os pontos que Ban discutiria na reunião, feito que a agência mais tarde relatou como um "destaque operacional" em um boletim interno semanal cheio de bravatas.
É difícil imaginar que vantagem isso poderia ter dado a Obama em uma conversa amigável. Mas foi uma ação emblemática de uma agência que, durante décadas, operou sob o princípio de que qualquer bisbilhotagem que possa ser praticada contra um alvo estrangeiro de qualquer interesse concebível deve ser feita.
De milhares de documentos secretos, a NSA emerge como um animal eletrônico onívoro de capacidades inacreditáveis, espionando e se intrometendo mundo afora para saquear os segredos de governos e outros alvos. Ela espiona rotineiramente amigos e inimigos. A missão oficial do órgão inclui usar seus poderes de vigilância para obter "vantagem diplomática" sobre aliados como França e Alemanha e "vantagem econômica" sobre Japão e Brasil, entre outros países.
Com as revelações sobre a NSA, houve um desfile de protestos na União Europeia, no Brasil, no México, na França, na Alemanha e na Espanha. James R. Clapper Jr., diretor da inteligência nacional, refutou repetidamente essas objeções como hipocrisia e insolência de países que também praticam espionagem. Mas, em uma entrevista recente, ele reconheceu que a escala da intromissão da NSA, com seus 35 mil funcionários e verbas anuais de US$ 10,8 bilhões, a diferenciam. "Não há dúvida de que, de um ponto de vista de capacidade, nós provavelmente somos muito maiores que qualquer um no planeta, talvez com exceção de Rússia e China", disse ele.
Desde que Edward J. Snowden começou a divulgar os documentos da agência em junho, a enxurrada contínua de revelações abriu o debate sobre a missão da agência desde sua criação, em 1952. A Casa Branca ordenou uma revisão de sua coleta de informações domésticas e estrangeiras.
Uma revisão dos documentos secretos do órgão obtidos por Snowden e compartilhados com o "New York Times" pelo jornal britânico "Guardian", oferece uma rica amostra das operações globais da agência e sua cultura.
Nascida na época em que um telefonema de longa distância ainda era um pouco exótico, a NSA viu o número de seus alvos potenciais explodir com o advento dos computadores pessoais, da internet e dos telefones celulares. Hoje a NSA extrai o conteúdo de cabos de fibra óptica, instala-se em centros telefônicos e hubs de internet, invade digitalmente notebooks e planta bugs em smartphones do mundo inteiro.
A base de dados Dishfire da agência -nada acontece sem um codinome na NSA- armazena há anos mensagens de texto do mundo todo, por via das dúvidas. Sua coleção Tracfin acumula gigabytes de compras com cartão de crédito. O rapaz que finge enviar uma mensagem de texto em um cibercafé na Jordânia pode estar usando uma técnica da NSA chamada Polarbreeze (Brisa Polar) para xeretar os computadores próximos. O empresário russo com grande atividade social na internet pode se tornar alimento para o Snacks (Serviços de Conhecimento em Colaboração de Análise de Rede Social, em inglês) da agência louca por siglas, que descobre as hierarquias pessoais e de organizações a partir de textos.
A estação da agência de espionagem no Texas interceptou 478 e-mails enquanto ajudava a frustrar um complô jihadista para matar um artista sueco que havia desenhado imagens do profeta Maomé. Analistas da NSA entregaram para as autoridades do Aeroporto Internacional Kennedy nomes e números de voo de membros de um bando chinês de tráfico humano.
Na operação chamada Orlandocard, técnicos da NSA instalaram um computador chamado "pote de mel" na web, que atraiu visitas de 77.413 computadores estrangeiros e plantou programas de espionagem em mais de mil que a agência considerou de futuro interesse potencial.
MISSÃO GRANDIOSA
"Nossa missão", diz o atual plano de cinco anos da agência, que só poderá ser desclassificado como secreto após 2032, "é responder a perguntas sobre atividades ameaçadoras que outros pretendem manter ocultas".
As aspirações são grandiosas: "dominar totalmente" a inteligência estrangeira transmitida em redes de comunicações.
A linguagem é corporativa: "Nossos processos empresariais devem promover a tomada de decisões com base em dados". Mas o tom também é surpreendentemente moralista para um órgão governamental.
Talvez para desmentir qualquer ideia de que bisbilhotar é um empreendimento obscuro, a inteligência de sinais, ou Sigint, o termo artístico para interceptações eletrônicas, é apresentada como a mais nobre das vocações. "Os profissionais da Sigint devem ter moral elevado, mesmo quando terroristas ou ditadores tentam explorar nossas liberdades", afirma o plano. "Alguns de nossos adversários dirão ou farão qualquer coisa para promover sua causa; nós não."
Os documentos da NSA obtidos por Snowden e compartilhados com o "Times", que são milhares e na maioria datados de 2007 a 2012, fazem parte de uma coletânea de cerca de 50 mil itens dedicados principalmente a sua contrapartida britânica, o Quartel-General de Comunicações do Governo, ou GCHQ na sigla em inglês.
Embora não sejam abrangentes, os documentos dão uma noção do alcance e das capacidades da agência: que vão de navios da marinha que captam transmissões de rádio ao navegar ao largo da China, a antenas de satélite em Fort Meade, Maryland, que ingerem as transações bancárias mundiais, até os telhados de 80 embaixadas e consulados americanos ao redor do mundo, dos quais o Serviço de Coleta Especial da agência aponta suas antenas.
Mas os documentos divulgados por Snowden às vezes também parecem salientar os limites do que se pode realizar, mesmo com a mais intensa captação de inteligência.
A poderosa espionagem da NSA no Afeganistão, descrita nos documentos como abrangendo igualmente órgãos do governo e esconderijos de militantes taleban de segunda ordem, deixou de produzir uma vitória clara contra um inimigo de baixa tecnologia. A agência registrou que a Síria acumulava seu arsenal de armas químicas, mas esse conhecimento não serviu para evitar a terrível chacina perto de Damasco em agosto.
Os documentos tendem a celebrar os sucessos autodescritos do órgão, mas não omitem totalmente os erros e fracassos da agência: enxurradas de informações obtidas a um custo enorme que ficam sem análise, interceptações que não podem ser lidas por falta de capacidades linguísticas e computadores que -até na NSA- enlouquecem de todas as maneiras habituais.
MAPEANDO RASTROS
Em maio de 2009, analistas da agência souberam que o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, faria uma rara viagem à província do Curdistão, uma região montanhosa no noroeste do país. A agência imediatamente organizou uma missão de espionagem de alta tecnologia, parte de um projeto em andamento concentrado no aiatolá Khamenei chamado de Operação Dreadnought (navio de batalha).
Trabalhando intimamente com a Agência Nacional de Inteligência Geoespacial, que lida com fotografias de satélites, assim como com o GCHQ britânico, a equipe da NSA estudou, a partir de satélites, o círculo do líder iraniano, seus veículos e seus armamentos e interceptou mensagens de tráfego aéreo quando aviões e helicópteros decolavam e pousavam.
Ela o escutou quando ele se dirigiu a uma multidão em um campo de futebol, estudou as estações de radar da defesa aérea iraniana e registrou a rica pista de comunicações de viajantes, incluindo coordenadas de satélites iranianos obtidas por um programa da NSA chamado Ghosthunter (caçador de fantasmas). A ideia não era tanto captar as palavras do líder iraniano, mas reunir dados para a espionagem geral do Irã no caso de uma crise.
Essas coleta de "impressões digitais de comunicações" é a chave do que a NSA faz. Ela permite que computadores da agência rastreiem o fluxo de comunicações internacionais e destaquem mensagens ligadas ao "líder supremo" do Irã. Em uma crise, a capacidade de invadir as comunicações de alvos poderia ser vantajosa.
Esse enorme investimento em coleta de dados é conduzido pela pressão dos "clientes" da agência dentro do governo. Segundo relatos, a NSA fornece mais da metade das informações entregues à Casa Branca no briefing diário do presidente. Em toda crise internacional, políticos americanos recorrem à NSA para ter informações privilegiadas.
PRESSÃO PARA INFORMAR
Isso cria uma intensa pressão para que nada escape. Na onda de investimentos que se seguiu aos atentados de 11 de Setembro, o órgão se expandiu para muito além de sua sede em Maryland.
Construiu ou ampliou importantes instalações na Geórgia, no Texas, no Colorado, no Havaí, no Alasca, no Estado de Washington e em Utah. Seus oficiais também operam em grandes estações no exterior, na Inglaterra, na Austrália, na Coreia do Sul e no Japão, em bases militares no estrangeiro e em salas fechadas que abrigam o Serviço de Coleta Especial nas missões diplomáticas dos EUA.
Usando uma combinação de convencimento, sigilo e força legal, a agência transformou as empresas americanas de internet e telecomunicações em parceiras na captação de dados: instalou filtros em suas redes, apresentou ordens de tribunais, construiu "portas dos fundos" em seus softwares e adquiriu chaves para burlar suas criptografias.
Mesmo essa vasta rede dirigida por americanos é apenas parte da história. Durante décadas, a NSA compartilhou as funções de espionagem com o resto dos chamados Cinco Olhos, as agências Sigint no Reino Unido, no Canadá, na Austrália e na Nova Zelândia. Uma cooperação mais limitada ocorre com vários outros países, incluindo acordos formais chamados de Nove Olhos, 14 Olhos e Nacsi, uma aliança de agências dos 26 países da Otan.
A extensão do compartilhamento do Sigint pode ser surpreendente: "A NSA pode ter um relacionamento com o Vietnã", relatou um documento do GCHQ de 2009. Mas um recente documento de treinamento desse órgão sugere que nem tudo é compartilhado, mesmo entre os EUA e o Reino Unido. "Os relatórios sobre bem-estar econômico", diz ele, referindo-se a informações captadas para ajudar a economia britânica, "não podem ser compartilhados com parceiros estrangeiros."
A invasão de computadores tornou-se a área de crescimento da agência. Parte dos documentos descreve as façanhas das Operações de Acesso Personalizado, a divisão da NSA que invade computadores em todo o mundo para roubar seus dados e às vezes deixar software espião. A TAO é cada vez mais importante em parte porque permite que a agência evite a criptografia ao capturar mensagens enquanto são escritas ou lidas, quando não estão codificadas.
Mas Joel F. Brenner, ex-inspetor-geral da agência, diz que grande parte das críticas às operações da NSA é injusta e reflete ingenuidade sobre a verdadeira política de espionagem. "A agência está sendo intimidada por fazer bem demais o que deve fazer", disse ele.
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Arafat envenenado com Polonio
Peritos suíços confirmaram nesta quinta-feira, 7, que a investigação que fizeram sobre a morte do líder palestino Yasser Arafat “apoia moderadamente” a tese de que ele teria seria envenenado com Polonio em 2004.
Foi constatada a presença do elemento radioativo em seu corpo 20 vezes superior à taxas consideradas como “normais”. Mas os peritos alertaram para “sérias limitações” na pesquisa.
Uma comissão de investigadores palestinos que analisa a morte de Yasser Arafat acusou nesta sexta-feira, 7, Israel de ter sido o responsável pela morte do líder da Organização para Libertação da Palestino. A acusação foi feita um dia depois de um relatório produzido por peritos suíços ter indicado haver níveis anormais de polônio nos restos mortais de Arafat. é o único suspeito da morte do líder palestino Yasser Arafat em 2004, afirmou nesta sexta-feira , investigador chefe do caso..
O investigador do caso, Tawfik Tirawi, foi evasivo ao ser questionado se Arafat foi envenenado com polônio."Não é importante que eu diga aqui que ele foi morto por polônio", disse ele. "Mas eu digo, com todos os detalhes disponíveis sobre a morte de Yasser Arafat, que ele foi morto e que Israel o matou".
Israel nega qualquer participação na morte do líder palestino, afirmando que o tinha isolado politicamente na época e não tinha qualquer razão para assassiná-lo. "Deixe-me disser isso da forma mas simples possível: Israel não matou Arafat", afirmou nesta sexta-feira o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores israelense, Yigal Palmor, em resposta às acusações.
"Os palestinos devem parar com este absurdo e deixar de levantar essas acusações sem fundamento nem qualquer prova", acrescentou Palmor.
Arafat morreu em 11 de novembro de 2004, num hospital militar francês, aos 75 anos, um mês depois de adoecer em seu complexo localizado na Cisjordânia. Na época, médicos franceses disseram que ele morreu após um acidente vascular cerebral e que ele tinha problemas de coagulação sanguínea, mas os registros sobre o que provocou esses problemas não foram conclusivos.
O túmulo de Arafat foi aberto no início deste ano, o que permitiu que cientistas suíços, russos e franceses retirassem amostras de ossos e de terra para investigações
Os esquadrões de assassinato do Mossad
Muitas agências de inteligência são suspeitas de cometer assassinatos, mas nenhuma é tão conhecida por isso quanto o Mossad de Israel. Embora a agência tenha se tornada lendária pelos seus impressionantes sucessos, ela também teve os seus fracassos. Se o Mossad foi o responsável pelo recente assassinato em Dubai, isto poderá ser uma outra mancha na reputação da agência.
Em 1955, sete anos após a fundação do Estado de Israel, o filósofo Yeshayalu Leibowitz escreveu uma carta ao então primeiro-ministro David Ben-Gurion. Nela, ele reclamou de que palestinos inocentes estavam sendo mortos nas operações israelenses. “Eu discordo de você”, respondeu Ben-Gurion. “Embora seja importante que haja um mundo cheio de paz, fraternidade, justiça e honestidade, é ainda mais importante que nós estejamos nele”.
Esta ideia de um Estado bem fortificado que elimina os seus inimigos pela força sempre que possível ainda é apoiada pela grande maioria dos israelenses. Tais ações incluem assassinatos executados pelas forças armadas de Israel e pelo Mossad, o serviço de inteligência externa do país. De fato, organizações de direitos humanos estimam que as forças armadas israelenses mataram mais de cem pessoa nos territórios palestinos nos chamados “assassinatos seletivos”.
O incidente mais recente no qual o Mossad está metido revela que a maioria dos israelenses continua acreditando que tais assassinatos são justificados. Em janeiro, o Mossad teria matado um comprador de armas do Hamas em Dubai. No início desta semana, autoridades de Dubai divulgaram publicamente uma série de fotografias de vigilância mostrando os membros do suposto esquadrão de assassinos. Fontes de inteligência alemãs afirmam que só uma agência de inteligência é capaz de executar uma operação tão profissional. No Reino Unido, as autoridades do governo foram mais explícitas: elas dizem estar convencidas de que o Mossad é o responsável pelo assassinato de Mahmoud al-Mabhouh.
Mas, em Israel, o debate gira basicamente em torno de duas questões. Primeiro, a operação apresentou o típico grau de “profissionalismo” do Mossad? E, segundo, a operação deveria ser considerada um fracasso porque as fotos de 11 suspeitos de serem agentes tornaram-se públicas e o mundo acredita agora que o Mossad não tem escrúpulo em falsificar passaportes de países amigos, como Alemanha ou Reino Unido, ou em “tomar emprestadas” as identidades dos seus cidadãos?
Uma história de operações de sucessos
O medo que o Mossad inspira entre as agências de inteligência deve-se principalmente à sua história de operações ambiciosas. Ele libertou reféns em situações em que não havia esperança, encontrou uma maneira de trazer um caça russo Mig-21 para Israel a pedido dos seus líderes políticos e, durante a guerra fria, o serviço era conhecido por fornecer à CIA documentos sigilosos roubados dos soviéticos.
Mas os esquadrões da morte do serviço de inteligência possuem a sua própria mística. Se o Mossad realmente estiver por trás do recente assassinato em Dubai, este terá sido apenas um de uma série de ataques sangrentos – embora as operações do Mossad também tenham tido a sua parcela de fracassos.
Nem sempre ficou claro se o Mossad foi o responsável por todo ataque letal – ou se o executor foi uma outra unidade israelense. A operação legendária para caçar e matar os terroristas do “Setembro Negro” que atacaram atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972, por exemplo, foi executada por uma unidade criada especificamente com aquele objetivo. Eles acabaram eliminando a maioria dos militantes – embora tenham também assassinado um garçom marroquino inocente na Noruega, após confundi-lo com um dos terroristas. E, pelo menos uma vez, em Beirute, em 1973, os agentes disfarçaram-se de turistas – assim como os “Onze de Dubai”.
Acredita-se que, durante meados da década de setenta, a então primeira-ministra Golda Meir tenha criado o chamado “Comitê X” que era – e que talvez ainda seja – responsável por organizar e manter uma lista de pessoas a serem assassinadas. No Mossad, uma unidade conhecida como “Cesária” teria recebido a missão de executar assassinatos seletivos.
É muito raro que Israel dê indicações do seu envolvimento em uma operação de assassinato. Como regra, o Mossad jamais reconhece a sua participação. Devido a este secretismo, é provável que o número de mortes atribuídas a esse serviço de inteligência seja maior do que o de assassinatos que ele realmente perpetrou. Mesmo assim, a lista de incidentes que pode ser atribuída com certeza ao Mossad é longa – e teve início há mais de 40 anos.
Na década de sessenta, por exemplo, o Mossad teria enviado cartas-bombas a cientistas alemães que estavam ajudando o Egito a construir um avançado programa de mísseis. Vários deles morreram.
Setenta balas
Um dos assassinatos mais espetaculares atribuídos ao Mossad ocorreu em 1987, em Túnis, onde o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Khalil Al Wazir – também conhecido como Abu Jihad – estava morando. A operação teria envolvido cerca de 30 agentes, que chegaram à costa tunisiana em embarcações pequenas. Alguns deles fingiram ser turistas enquanto seguiam para a casa do auxiliar mais importante de Iasser Arafat. Outros se posicionaram, usando uniformes do exército tunisiano. Durante a operação um avião israelense Boeing 707 sobrevoava a região com o objetivo de interferir com todas as comunicações no local. O esquadrão de assassinato entrou a força na casa e matou alguns criados antes de disparar as suas armas – e 70 balas – contra Al Wazir, na presença da mulher e dos filhos do militante.
Em outubro de 1995, Fathi Shikaki, um membro do grupo terrorista palestino Jihad Islâmica, foi assassinado em Malta. O assassino aproximou-se em uma motocicleta e atirou três vezes na cabeça da vítima. Mais tarde descobriu-se que a operação fora meticulosamente planejada com antecedência. De fato, a motocicleta foi roubada dois meses antes. Especialistas acreditam que doze agentes estiveram envolvidos. Após a operação, todos eles desapareceram sem deixar nenhuma pista.
Em 1996, Yehiyeh Ayyash, o notório fabricante de bombas do Hamas, conhecido como “O Engenheiro”, foi assassinado na Faixa de Gaza quando o seu telefone celular recheado com uma bomba explodiu. Este novo método de ataque chocou os militantes palestinos. A maioria dos analistas acredita que o Mossad foi o responsável por este ataque.
Em setembro de 2004, um outro membro do Hamas – que acredita-se ter sido Izz Eldine Subhi Sheik Khalil – morreu em Damasco quando um explosivo foi detonado debaixo do seu carro. Ele era o responsável pela coordenação de operações do braço militar do Hamas. Embora Israel não tenha assumido oficialmente responsabilidade pelo ataque, este foi entendido como um recado aos líderes da Síria de que nem mesmo a sua capital está fora do raio de ação dos agentes israelenses.
Alguns fracassos notáveis
Damasco foi também o cenário de uma outra morte, em fevereiro de 2008, quando uma bomba destruiu o Mitsubishi Pajero pertencente ao líder do Hezbollah, Imad Mughniyeh, a quem foram atribuídas centenas de mortes. Embora Israel tenha negado oficialmente qualquer participação no assassinato, a maioria dos especialistas acredita que o Mossad esteve pelo menos parcialmente envolvido – possivelmente em colaboração com outros serviços de inteligência da região.
Até o momento, o fracasso mais espetacular do Mossad foi uma missão executada em Amã, na Jordânia, em setembro de 1997. Dois agentes do Mossad disfarçados de turistas canadenses tentaram assassinar o líder do Hamas, Khaled Mashal, com uma toxina letal que ataca o sistema nervoso, e que penetra no organismo através da pele. O ataque fracassou, e os guarda-costas de Mashal conseguiram capturar os agentes e entregá-los à polícia jordaniana. As autoridades jordanianas cercaram rapidamente a Embaixada de Israel, onde quatro outros agentes do Mossad, revelando a sua verdadeira identidade, buscaram refúgio.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu foi então obrigado a assumir a operação para conseguir trazer os seus agentes de volta com segurança. Ele voou para Amã para pedir desculpas ao irmão do rei Hussein – o rei não quis encontrar-se com ele pessoalmente. Após negociações difíceis, Israel entregou aos jordanianos o antídoto para o veneno do sistema nervoso que fora usado em Mashal, bem como a composição química do opiato, que teria sido usado em operações anteriores. Além disso, Israel foi obrigado a libertar o fundador do Hamas, Sheik Ahmed Yassin, e dezenas de outros palestinos e jordanianos.
No fim das contas, uma investigação oficial concluiu que o Mossad havia “se fixado em operações de alto risco”. O ataque frustrado foi uma nódoa na reputação do Mossad. Depois disso, durante vários anos, o serviço deixou de executar assassinatos seletivos – ou pelo menos foi muito mais cuidadoso ao perpetrar esses assassinatos.
Irã: o verdadeiro alvo
Se o assassinato em Dubai foi realmente perpetrado pelo Mossad, a operação terá sido mais um golpe para a reputação da agência. De fato, nunca antes uma operação de assassinato do Mossad havia sido filmada por terceiros e muito menos as fotografias dos membros do esquadrão de assassinos tinham sido reveladas publicamente.
De fato, há alguns anos o Mossad vem perdendo muito do brilho da sua reputação. Outros serviços de inteligência têm ganhado estima dentro de Israel. E, nos últimos anos, o serviço de inteligência da Jordânia tornou-se tão importante para os Estados Unidos na região quanto o Mossad.
Mas isto é válido principalmente na área de contra-terrorismo. No entanto, o atual foco do Mossad é o programa nuclear iraniano. Em relação a esta questão, os israelenses dizem que o Mossad tem se saído muito bem – distante dos olhos do público.
Yassin Mushabarsh
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Saladino |
Saladino (em árabe: صلاح الدين يوسف بن أيوب, transl. Ṣalāḥ ad-Dīn Yūsuf ibn Ayyūb; em curdo: سهلاحهدین ئهیوبی, transl. Selah'edînê Eyubî; c. 1138 — 4 de março de 1193)
No século XII, o curdo saiu do anonimato ao reconquistar os territórios sagrados tomados pelos cristãos durante as cruzadas. Em uma carreira meteórica, ele se tornou sultão de um império que se estendeu da Síria ao Egito, passando pela disputada Jerusalém
"Glória a Deus que gratificou o Islã com esta vitória e que reconduziu esta cidade ao bom caminho após um século de perdição! Honra a este exército que Ele escolheu para consumar a conquista! E saudação a ti, Saladino Yussef, filho de Ayyub, que restituiu a esta nação sua dignidade injuriada!". Foi com essas palavras, na sexta-feira de 9 de outubro de 1187, uma semana depois da reconquista de Jerusalém, que o cádi de Damasco, Mohiedin Ibn al-Zaki, abriu o seu sermão na mesquita de Al-Aqsa, dentro da Cidade Santa. Seu discurso era um agradecimento a Salah al-Din Yusuf bin Aiub, conhecido no Ocidente como Saladino, responsável por tomar a cidade dos cruzados. Finalmente, depois de quase 90 anos de dominação ocidental e longos e sangrentos combates, os muçulmanos voltavam a ocupar um dos lugares mais sagrados do Islã, de onde o profeta Mohammad (AS) teria ascendido ao céu, cinco séculos antes.
Feitos como esse fizeram de Saladino um verdadeiro herói do mundo islâmico. O Ocidente o conheceu, em parte, recentemente, por intermédio do filme Cruzada (2005), de Ridley Scott. No entanto, a figura do sultão e estrategista curdo, nascido no ano de 1138 em Tikrit (atual Iraque), é muito mais ampla que uma aparição coadjuvante em um longa-metragem hollywoodiano. Até hoje ele é lembrado como um dos principais chefes militares muçulmanos, um símbolo da luta e da resistência contra a ocupação ocidental. Muitos são seus atributos, como bem descrevem vários historiadores árabes e europeus. Foi retratado como um bravo guerreiro no campo de batalha, um negociador astuto no campo da diplomacia, uma pessoa generosa com os vencidos e também um homem de muita sorte, atributo que o acompanharia por toda a sua vida, cercada de mitos e lendas.
Foi em meio a intrigas, traições, avanços e batidas em retiradas que surge a figura de Saladino. Ele era filho de Ayyub (Jô, em português), daí o nome da dinastia aiúbida, da qual seria o fundador. Convidado por seu tio Chirkuh a conquistar terras egípcias e chegar ao Cairo (sede do califado xiita e da dinastia fatímida), ele entrou, aos 25 anos, como mais um anônimo e saiu, seis anos depois, como vizir do reino mais rico do mundo árabe. Saladino e seu tio serviram a Nuradin, filho de Zinke (comandante turco que reconquistou Edessa dos francos, no ano de 1144) e senhor da Síria, um dos mais fortes reinos do mundo muçulmano daquele momento.
Para Nuradin, a presença européia na região era considerada uma invasão e o xiismo, uma heresia. Por isso, ele conclamou um jihad contra os francos e os inimigos do sunismo, no caso, os xiitas fatímidas do Egito. Vale ressaltar que o termo jihad refere-se a um substantivo masculino e é erroneamente empregado no Ocidente como guerra santa. De forma simplificada, a palavra significa uma reação a uma ação, uma luta ou combate contra o mal, uma invasão, uma ofensa, a mentira, as injustiças, a opressão, um crime ou uma violência.
Foi com este pensamento que Saladino e Chirkuh partiram rumo ao Egito, onde o poder se alternava de mãos em mãos devido a disputas internas. O lugar era também objeto de extrema cobiça dos franj. Essa terminologia era usada, inicialmente, apenas para denominar os francos, mas acabou se tornando usual para se referir a todo indivíduo do Ocidente.
Após anos de batalha e três campanhas, as forças sírias saíram vencedoras. Chirkuh era a pessoa mais apropriada para governar as novas possessões de Nuradin, mas morreu vítima de um suposto mal-estar. Para ocupar a posição de vizir (governador) da extensão egípcia do império sírio, foi escolhido, intencionalmente, aquele que parecia o menos capaz para a empreitada: Saladino. "Era o mais jovem e parecia ser o mais inexperiente e o mais fraco dos emires do exército". Essa era a opinião dos conselheiros, de acordo com os relatos do historiador árabe Ibn al-Athir. Mas o curdo se mostrou justamente o contrário. E, em pouco tempo, consolidou sua autoridade.
O sucesso de Saladino no Egito era fonte de preocupação para Nuradin. O clima de tensão cresceu entre pupilo e mestre, a ponto de o segundo recusar, por diversos momentos, um encontro direto com o senhor da Síria. Em Damasco, o filho de Ayyub foi acusado de insubmissão e traição. Não é para menos. Por anos, recusou-se a colocar fim ao califado xiita, que havia dois séculos reinava ali. No lugar disso, preferiu "apenas" eliminar funcionários fatímidas que não lhe foram confiáveis. Quanto ao califa Al-Adid, preferiu não tocar nele temendo uma reação da população local, o que colocaria em risco sua posição.
O vizir Saladino preferiu esperar. Além de desenvolver uma sincera amizade com Al-Adid, que tinha apenas 18 anos, sabe que, apesar de sua jovialidade, é uma pessoa frágil e doente. Portanto, para que mexer em um vespeiro se supunha que a natureza lhe faria o trabalho que deveria ser dele? De fato, o califa morreu dois anos depois da entrada do curdo no Cairo, pondo fim à dinastia fatímida.
Nesse meio tempo, teve de ter habilidade e diplomacia para não entrar em um confronto direto com o seu mestre de Damasco. Em pelo menos um momento, Nuradin se dispôs a invadir o Egito. Saladino tinha homens dispostos e força suficiente para suplantar tal investida. A decisão que tomaria poderia justificar a pecha de ambicioso, já há muito empregada pelos funcionários de Damasco, ou servo fiel e leal, como seu pai fora a vida inteira. Foi justamente Ayyub quem alertou o filho de que o tempo estava ao seu favor, sendo equivocado medir forças com quem devia submissão.
Em vez da espada, o então vizir do Egito preferiu empunhar uma pena e escrever para Damasco. Na carta, ressaltou que o Egito pertencia a Nuradin e que bastaria que o seu senhor lhe enviasse um camelo ou um cavalo para que ele, Saladino, fosse até a Síria como homem humilde e submisso. A medida foi suficiente para aplacar a desconfiança de Nuradin, mas despertou em Saladino a desconfiança de que uma investida viria de fato a acontecer. Antecipando-se a esse momento, pediu para que seu irmão, Turanshah, conquistasse o Iêmen, ordem que foi cumprida. Doravante, esse país, localizado na extremidade da Península da Arábia, seria um porto seguro caso ele e sua família precisassem de abrigo. Jamais precisaram.
A "sorte" que levou Saladino ao posto de vizir do Egito, com direito ao título de al-malik al-nasser (o rei vitorioso), foi a mesma que o conduziu, mais tarde, ao posto do seu mestre intelectual. Com a morte de Nuradin, em 1174, o curdo se tornou sultão de um reino que já se estendia do Egito até a região central da atual Turquia. E, sem se fazer de rogado, levantou a mesma bandeira defendida por seu antigo senhor: unificação do mundo árabe, mobilização dos muçulmanos para a reconquista das terras ocupadas, sobretudo Jerusalém.
Aparentemente, tudo conspirou a favor de Saladino. Depois de Chirkuh e Nuradin, foi a vez de Amaury, rei de Jerusalém, morrer e passar o trono para Balduíno IV, um jovem de 13 anos que morreu de lepra aos 24 e passou o comando a Guy de Lusignan. O único soberano capaz de rivalizar com as forças de Saladino, por possuir um poderoso exército, era Manuel de Constantinopla. Mas os homens de Manuel acabaram sendo esmagados pelos soldados de Kilij Arslan II, neto de Nuradin, e o rei bizantino morreu pouco tempo depois, fato que deixou a região fragilizada e incapaz de se reorganizar. Com todas essas brechas do destino, Saladino só teria de esperar a hora ideal para tomar Jerusalém dos franj.
O momento certo para Saladino surgiu em 4 de julho de 1187, após a conquista da Mesopotâmia. Estrategicamente, o exército de Saladino ficou à espera dos soldados franj, posicionado em um ponto elevado da região, tendo às suas costas o lago de Tiberíades. Para não morrer de sede, os soldados de Jerusalém teriam de lutar, e muito, para vazar aquele bloqueio. Esse era o cenário da Batalha de Hattin, nome herdado da pequena vila localizada ali próximo. Naquele dia, totalmente sedentos, cansados e desnorteados, os 12 mil soldados do rei Guy de Lusignan foram cercados e esmagados.
Como prêmio, Saladino se apoderou de uma cruz trazida como amuleto pelos franj, que acreditavam ser a mesma na qual Cristo teria sido crucificado. A partir dessa vitória, o caminho foi aberto para Jerusalém. Mas nada foi tão fácil quanto parecia, e a entrada na cidade só se deu mais de dois meses depois. Antes de bater às portas da Cidade Santa, o sultão foi tomando todas as posições dos cruzados, como Tiberíades, a cidade de Acre, Galiléia, Samaria, Naplusa, Haifa, Nazaré, Jafa, Saida (depois de 77 anos de ocupação), Beirute, Jibail, Ascalon, Gaza e, finalmente, Jerusalém, que na época era liderada por Balian d'Ibelin.
Em 2 de outubro de 1187 (ou 27 rajab do ano 583 da hégira), Saladino assinou um acordo de salvo-conduto a todos os moradores da Cidade Santa, e Balian entregou a jóia da coroa ao filho de Ayyub. Finalmente, os muçulmanos puderam orar nos lugares sagrados da cidade como senhores e não mais como incômodos inquilinos. Naquele mesmo dia, uma cruz instalada na cúpula do Rochedo foi retirada, e a bela mesquita de Al-Aqsa, que havia sido transformada em igreja, voltou a ser lugar de culto muçulmano. Seria ali, depois de aspergida com águas de rosa, que o cádi de Damasco, Mohiedin Ibn al-Zaki, saudaria Saladino pela mais nobre de suas conquistas. "Allahou akbar" (Deus é grande) era a frase mais ouvida na Cidade Santa, nos dias que sucederam à sua retomada.
A conquista de Jerusalém pelos muçulmanos foi um duro golpe para a moral cristã. Não é à toa que pouco mais de um ano depois, o papa Gregório VIII convocou a Terceira Cruzada para a reconquista da Terra Santa. Foi a maior força cruzada já reunida desde 1095, mas não conseguiu o seu fim, apesar de algumas reconquistas.
Ciente de que em uma guerra nem sempre os acordos são respeitados e que entre os perdedores havia o medo iminente de um massacre, coube mais uma vez a Saladino dar mostras de sua sensatez, permitindo a peregrinação aos fiéis não-muçulmanos, aumentando a guarda dos lugares de culto dos cristãos, como a Igreja do Santo Sepulcro, e dando ordens rigorosas a seus homens para que não perseguissem quaisquer cristãos.
O sultão de modos afáveis, pequeno e de aparência frágil, apesar de sua reconhecida generosidade, em pelo menos dois momentos negou a misericórdia aos seus vencidos. Um deles foi em 1179, na tomada do castelo de Bait al- Ahazon. Ali teria ordenado a execução de 700 prisioneiros. Cerca de oito anos depois, pós-Batalha de Hattin, foi ele próprio o algoz de Renaud de Chatillon, a quem jurara matar com as próprias mãos. Nesse mesmo dia, os cavaleiros templários e hospitalários, inimigos mortais de Saladino, foram vítimas da mesma sorte. É um claro exemplo que a misericórdia do filho da Ayyub tinha limite e que não poderia faltar com a sua palavra ou demonstrar fraqueza diante dos seus comandados.
Com a morte de Saladino, seus domínios, que iam da Síria ao Egito, fragmentam-se em governos enfraquecidos, controlados por membros de sua família, os aiúbidas. Saladino deixou 18 filhos, sendo apenas um deles mulher, e dois irmãos. O reino do Egito foi o mais bem-sucedido, tendo um período de crescimento econômico e prosperidade graças à presença de mercadores italianos, franceses e catalães, que operaram com os portos sob controle aiúbida. Além disso, o Egito se tornou um centro de erudição e literatura árabe, e dividiu com a Síria a primazia cultural naquela região, conservando-a até o período moderno.
Para quem não queria a glória militar e por longos anos tinha se dedicado ao estudo da teologia islâmica, Saladino chegou ao fim da vida como modelo do salvador muçulmano.
Saladino manteve-se soberano de Jerusalém e, já na sua velhice, seguiu para Damasco, sua cidade preferida, onde morreu em 4 de março de 1193, aos 55 anos. Para os padrões da Idade Média, em que devido a guerras, doenças e fome e a expectativa de vida girava em torno de 30 anos, pode-se dizer que, conforme o termo bíblico, foi farto em dias.
Saladino morreu pouco depois da partida de Ricardo. Quando o tesouro de Saladino foi aberto não havia dinheiro suficiente para pagar por seu funeral; ele havia dado a maior parte de seu dinheiro para caridade.
Sua tumba fica em Damasco, na Mesquita de Umayyad, e é uma atração popular.
Considerado o campeão da guerra santa, Saladino se tornou o herói de um ciclo de lendas, que percorreram todo o Oriente médio e a Europa, e seus feitos são lembrados e admirados até os dias de hoje pelos povos muçulmanos.
Forte protetor da cultura islâmica, não era apenas um líder militar, mas também um excelente administrador dos seus domínios. Mandou reconstruir a mesquita de Al-Aksa na cidade de Jerusalém, e ordenou também a construção da cidadela do Cairo e outros monumentos de interesse.
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