terça-feira, 31 de dezembro de 2013






Feliz  Ano  Novo  .


                             Happy New Year.





Para  voces  e  seus  familiares ,  um  ótimo  ANO  NOVO ,  que  2014  seja  para  voces  algo  maravilhoso.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Como a Al Qaeda controla suas contas





 O comboio de carros com a bandeira negra da Al Qaeda veio em alta velocidade, e o gerente da modesta mercearia pensou que estava prestes a ser assaltado.

Mohamed Djitteye correu para fechar suas portas e se escondeu atrás do balcão. Ficou desconcertado quando um comandante da Al Qaeda gentilmente abriu a porta de vidro do estabelecimento e pediu um pote de mostarda. Depois, pediu o recibo.

Confuso e assustado, Djitteye não entendeu. Então, o jihadista repetiu o pedido. Por favor, poderia dar um recibo dos R$ 4 gastos?

Esta transação, no norte do Mali, mostra o que parece uma preocupação incomum para um grupo terrorista: a Al Qaeda é obcecada por documentar as mínimas despesas.

Em mais de 100 recibos deixados num prédio ocupado pela Al Qaeda no começo deste ano em Timbuktu, no Magreb islâmico, os extremistas registraram assiduamente seu fluxo de caixa, controlando despesas tão simples quanto a compra de uma lâmpada. As quantias, muitas vezes pequenas, eram cuidadosamente anotadas a lápis e canetas coloridas em pedaços de papel e post-its: cerca de R$ 4 por um sabão, R$ 19 por um pacote de macarrão, R$ 33 por supercola. Todos os documentos foram autenticados por especialistas e podem ser vistos neste endereço .

O sistema de contabilidade demonstrado nos documentos encontrados pela Associated Press é um espelho do que pesquisadores descobriram em outras partes do mundo onde a rede terrorista opera, incluindo o Afeganistão, a Somália e o Iraque. Os documentos do grupo terrorista ao redor do mundo também incluem programas de cursos corporativos, planilhas de salário, orçamentos de filantropia, currículos de emprego, conselhos de relações públicas e cartas do equivalente a um departamento de recursos humanos.

As evidências reunidas sugerem que, longe de ser uma organização fragmentada e improvisada, a Al Qaeda tenta se comportar como uma corporação multinacional, com o que se compara a uma política financeira consistente de uma empresa em suas diferentes filiais.

"Eles precisam organizar sua contabilidade devido à natureza do seu negócio", disse William McCants, bolsista da Brookings Institution e ex-conselheiro do departamento de contraterrorismo dos Estados Unidos. "Eles têm muito poucas formas de controlar seus agentes, de discipliná-los e de fazer com que cumpram o que devem fazer. Precisam gerir tudo como um negócio."

A imagem que surge do que é um dos maiores repositórios de documentos da Al Qaeda já tornados públicos é a de uma burocracia rígida, dotada de um presidente, um conselho de diretores e departamentos como os de recursos humanos e relações-públicas. Os especialistas dizem que cada filial do grupo terrorista repete a mesma estrutura corporativa, e que esse projeto estrito ajudou a Al Qaeda não apenas a durar como também a se expandir.

Entre os documentos mais reveladores estão os recibos, que oferecem uma visão granular de como os combatentes da Al Qaeda vivem no dia-a-dia, bem como de suas prioridades.

Um número imenso dos recibos é de alimentos, sugerindo uma dieta à base de macarrão com carne e molho de tomate, bem como grandes quantidades de leite em pó. Há 27 recibos de carne, 13 de tomates, 11 de leite, 11 de massa, sete de cebolas e muitos outros de chá, açúcar e mel.

Estão registrados o bolo de R$ 1,50 comido por um dos seus combatentes e o sabão de R$ 4 que outro usou para lavar as mãos. Essas quantias relativamente pequenas são anotadas com o mesmo cuidado que o adiantamento de R$ 12.700 pago a um comandante ou os R$ 800 usados para comprar 3.300 cargas de munição.

O cuidado com as despesas faz parte do DNA da Al Qaeda, segundo especialistas que incluem agentes do FBI designados para investigar o grupo logo após sua fundação. O hábito vem de há quase quatro décadas, quando um jovem Osama Bin Laden entrou na universidade Rei Abdul Aziz, na Arábia Saudita, para estudar economia em 1976, e de lá saiu para dirigir parte da milionária empreiteira de seu pai.

Depois de ser exilado no Sudão, em 1992, Bin Laden fundou o que se tornaria o maior conglomerado do mundo. Suas empresas e numerosas subsidiárias investiram em tudo, da importação de caminhões à exportação de papoula, milho branco e melancias. Desde o início, Bin Laden era obcecado em aplicar técnicas de administração corporativa aos seus mais de 500 empregados, segundo o especialista em Al Qaeda Lawrence Wright.

Os funcionários precisavam apresentar requisições em três vias até para as menores compras - a mesma exigência, diz Wright, que Bin Laden impôs mais tarde aos primeiros recrutas da Al Qaeda.

No Afeganistão, registros contábeis detalhados encontrados num acampamento da Al Qaeda em 2001 incluíam listas de salários, documentos de cada combatente, formulários de recrutamento de emprego que perguntavam pelo grau de instrução e habilidades linguísticas, bem como vários cadernos de despesas. No Iraque, as forças dos EUA encontraram diversas planilhas de Excel que detalhavam os salários dos combatentes.

"As pessoas acham que isso é anotado em qualquer pedaço de papel. Não é", diz Dan Coleman, ex-agente especial do FBI que cuidou do caso Bin Laden entre 1996 e 2004.

Um dos primeiros ataques a uma casamata da Al Qaeda foi liderado por Coleman em 1997. Entre as dezenas de recibos que encontrou no local, no Quênia, estavam pilhas de recibos de combustível, acumuladas durante oito anos.

RELATÓRIOS DE DESPESAS COM TERRORISMO

Este sistema detalhado de contabilidade também permite controlar os movimentos dos próprios terroristas da rede, que muitas vezes operam de maneira remota.

A maioria dos recibos encontrados num chão de cimento num prédio no Timbuktu é escrita à mão, em notas de post-it, em papel pautado ou em envelopes, como se os agentes de campo usassem quaisquer superfícies de escrita que pudessem encontrar. Outros são digitados, às vezes repetindo os mesmos ítens, no que pode servir como relatórios formais para os escalões superiores. Numa carta encontrada entre os documentos, gerentes cobram um terrorista por não ter prestado contas suas no prazo.

Em mercados informais a céu aberto, como os do Timbuktu, os vendedores não têm notas fiscais para entregar. Então, dizem os comerciantes, os membros da Al Qaeda vêm em duplas. Um para negociar a compra, o outro para anotar os preços numa caderneta. A prática se reflete no fato de que quase todos os recibos estão escritos em árabe, uma língua escrita por poucos moradores da região.

Os combatentes perguntavam o preço e depois escreviam em seus Bloc Notes, uma marca de caderneta vendida no local, segundo o farmacêutico Ibrahim Djitteye.

"No começo eu fiquei surpreso", ele disse. "Mas cheguei à conclusão de que eles têm uma missão muito específica... e, nesses casos, é preciso fazer relatórios."

A natureza corporativa da organização também aparece nos tipos de atividades pelos quais eles pagam.

Por exemplo, dois recibos, um no valor de R$ 8 mil e outro no valor de R$ 14 mil, aparecem como pagamento por "workshops", outro conceito tomado do mundo dos negócios. Um folheto encontrado em outro prédio ocupado por seus combatentes confirma que a Al Qaeda promove o equivalente a encontros de treinamento corporativo. Toda manhã, exercícios das 5h às 6h30; aula sobre como usar um GPS das 10h às 10h30; treinamento de tiro das 10h30 ao meio-dia; à tarde, lições sobre como pregar a outros muçulmanos, sobre nacionalismo e sobre democracia.

São relativamente poucos os recibos de pagamentos por combatentes e armas. Uma unidade apresentou um pedido muito educado de recursos, com o título "A lista dos nomes dos mujahedins que pedem roupas e botas para se proteger do frio".

Muitos mais lidam com os aspectos do dia-a-dia da administração estatal, como a tarefa de manter a luz ligada. A Al Qaeda do Magreb Islâmico invadiu o Timbuktu em abril de 2012, e tomou conta de seus serviços públicos estatais, pagando para receber combustíveis vindos da Argélia. Um recibo mostra que eles pagaram quase R$ 9 mil por 20 barris de diesel para a estação de energia da cidade.

Também há um adiantamento para a prisão e um orçamento detalhado do Tribunal Islâmico, onde os juízes recebiam R$ 5 por dia para ouvir casos.

Além do dia-a-dia do governo, fica claro que os combatentes tentavam ativamente conquistar a população. Eles separam dinheiro para a caridade: R$ 9 para comprar remédios "para um xiita com o filho doente", R$ 240 para contribuir com a cerimônia de casamento de um homem. E eles reembolsavam prejuízos dos moradores, como R$ 120 para consertar uma casa, com uma nota informando que o imóvel "foi atingido por carros de mujahedins".

E fica claro que os combatentes passavam boa parte do tempo fazendo proselitismo, com relatórios de despesas com viagens a aldeias distantes para pregar sua visão extrema do Islã. Um recibo fala abertamente em gastos de R$ 480 com uma "viagem para espalhar propaganda".

Embora não seja abertamente explicado, os razoáveis recibos de conserto de carros sugerem missões regulares no deserto. Os muitos recibos de troca de óleo, compra de baterias, filtros e autopeças indicam o terreno difícil onde circulam os Land Cruisers do grupo.

Finalmente, os nomes nos recibos revelam que a maioria dos combatentes na folha de pagamento do grupo eram estrangeiros. Há um adiantamento de R$ 2.400 para um homem identificado como "Talhat Líbio". Outro é endereçado a "Tarek Argelino".

Os nomes também confirmam que os mais altos líderes da Al Qaeda no Magreb Islâmico estavam baseados no Timbuktu. Entre eles está Abou Zeid, provavelmente o mais temido comandante local da Al Qaeda, que orquestrou os sequestros de dezenas de ocidentais até sua morte no primeiro semestre.

"Em nome de Alá misericordioso", diz um pedido de recursos com data de 29 de dezembro de 2012 e dirigido a Abou Zeid, "escrevemos para lhe informar de que precisamos de foguetes para nosso acampamento - são necessários um total de 4. Que Deus o proteja."

A extensão da documentação encontrada aqui e nos outros teatros onde opera a Al Qaeda não significa, porém, que o grupo terrorista dirija uma máquina bem azeitada, alerta Jason Burke, autor do livro Al Qaeda."

"A burocracia, como sabemos, dá aos altos gerentes a ilusão de que podem controlar seus subordinados mais distantes," disse Burke. "Mas essa influência é muito, muito menor do que eles gostariam."

As práticas contábeis da Al Qaeda deixaram uma forte impressão em ao menos uma pessoa no Timbuktu: Djitteye, o gerente da loja de conveniência.

O comandante que veio comprar mostarda era Nabil Alqama, o líder da Al Qaeda no "Comando Sul" do Magreb Islâmico. Ele virou freguês da loja. Um dia, ele pediu que o vendeiro mandasse imprimir um talão de notas para poder ter recibos com uma aparência mais oficial.

Djitteye cumpriu o pedido.

O talonário verde e bem diagramado está sob sua caixa registradora. Atualmente, sempre que os clientes entram, ele pergunta se querem um recibo.

Ninguém quer.


RUKMINI CALLIMACHI
DA ASSOCIATED PRESS, EM TIMBUKTU (MALI)

sábado, 28 de dezembro de 2013

Armas Taurus em três pagamentos iguais na Sears .




 Armas em oferta na Sears em 6 de janeiro de 1985: 


“Passe suas férias com segurança. Toda a linha de armas Taurus em três pagamentos iguais pelo preço à vista.
  
  
 Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta!”  .



Parece  que  as  coisas  mudam .



terça-feira, 17 de dezembro de 2013

EDWARD SNOWDEN . CARTA ABERTA AO POVO DO BRASIL

EDWARD SNOWDEN

 

 CARTA ABERTA AO POVO DO BRASIL
EDWARD SNOWDEN

 

Seis meses atrás, emergi das sombras da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA para me posicionar diante da câmera de um jornalista. Compartilhei com o mundo provas de que alguns governos estão montando um sistema de vigilância mundial para rastrear secretamente como vivemos, com quem conversamos e o que dizemos.

Fui para diante daquela câmera de olhos abertos, com a consciência de que a decisão custaria minha família e meu lar e colocaria minha vida em risco. O que me motivava era a ideia de que os cidadãos do mundo merecem entender o sistema dentro do qual vivem.

Meu maior medo era que ninguém desse ouvidos ao meu aviso. Nunca antes fiquei tão feliz por ter estado tão equivocado. A reação em certos países vem sendo especialmente inspiradora para mim, e o Brasil é um deles, sem dúvida.

Na NSA, testemunhei com preocupação crescente a vigilância de populações inteiras sem que houvesse qualquer suspeita de ato criminoso, e essa vigilância ameaça tornar-se o maior desafio aos direitos humanos de nossos tempos.

A NSA e outras agências de espionagem nos dizem que, pelo bem de nossa própria "segurança" --em nome da "segurança" de Dilma, em nome da "segurança" da Petrobras--, revogaram nosso direito de privacidade e invadiram nossas vidas. E o fizeram sem pedir a permissão da população de qualquer país, nem mesmo do delas.

Hoje, se você carrega um celular em São Paulo, a NSA pode rastrear onde você se encontra, e o faz: ela faz isso 5 bilhões de vezes por dia com pessoas no mundo inteiro.

Quando uma pessoa em Florianópolis visita um site na internet, a NSA mantém um registro de quando isso aconteceu e do que você fez naquele site. Se uma mãe em Porto Alegre telefona a seu filho para lhe desejar sorte no vestibular, a NSA pode guardar o registro da ligação por cinco anos ou mais tempo.

A agência chega a guardar registros de quem tem um caso extraconjugal ou visita sites de pornografia, para o caso de precisarem sujar a reputação de seus alvos.

Senadores dos EUA nos dizem que o Brasil não deveria se preocupar, porque isso não é "vigilância", é "coleta de dados". Dizem que isso é feito para manter as pessoas em segurança. Estão enganados.

Existe uma diferença enorme entre programas legais, espionagem legítima, atuação policial legítima --em que indivíduos são vigiados com base em suspeitas razoáveis, individualizadas-- e esses programas de vigilância em massa para a formação de uma rede de informações, que colocam populações inteiras sob vigilância onipresente e salvam cópias de tudo para sempre.

Esses programas nunca foram motivados pela luta contra o terrorismo: são motivados por espionagem econômica, controle social e manipulação diplomática. Pela busca de poder.

Muitos senadores brasileiros concordam e pediram minha ajuda com suas investigações sobre a suspeita de crimes cometidos contra cidadãos brasileiros.

Expressei minha disposição de auxiliar quando isso for apropriado e legal, mas, infelizmente, o governo dos EUA vem trabalhando arduamente para limitar minha capacidade de fazê-lo, chegando ao ponto de obrigar o avião presidencial de Evo Morales a pousar para me impedir de viajar à América Latina!

Até que um país conceda asilo político permanente, o governo dos EUA vai continuar a interferir com minha capacidade de falar.

Seis meses atrás, revelei que a NSA queria ouvir o mundo inteiro. Agora o mundo inteiro está ouvindo de volta e também falando. E a NSA não gosta do que está ouvindo.

A cultura de vigilância mundial indiscriminada, que foi exposta a debates públicos e investigações reais em todos os continentes, está desabando.

Apenas três semanas atrás, o Brasil liderou o Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas para reconhecer, pela primeira vez na história, que a privacidade não para onde a rede digital começa e que a vigilância em massa de inocentes é uma violação dos direitos humanos.

A maré virou, e finalmente podemos visualizar um futuro em que possamos desfrutar de segurança sem sacrificar nossa privacidade.

Nossos direitos não podem ser limitados por uma organização secreta, e autoridades americanas nunca deveriam decidir sobre as liberdades de cidadãos brasileiros.

Mesmo os defensores da vigilância de massa, aqueles que talvez não estejam convencidos de que tecnologias de vigilância ultrapassaram perigosamente controles democráticos, hoje concordem que, em democracias, a vigilância do público tem de ser debatida pelo público.

Meu ato de consciência começou com uma declaração: "Não quero viver em um mundo em que tudo o que digo, tudo o que faço, todos com quem falo, cada expressão de criatividade, de amor ou amizade seja registrado. Não é algo que estou disposto a apoiar, não é algo que estou disposto a construir e não é algo sob o qual estou disposto a viver."

Dias mais tarde, fui informado que meu governo me tinha convertido em apátrida e queria me encarcerar. O preço do meu discurso foi meu passaporte, mas eu o pagaria novamente: não serei eu que ignorarei a criminalidade em nome do conforto político. Prefiro virar apátrida a perder minha voz.

Se o Brasil ouvir apenas uma coisa de mim, que seja o seguinte: quando todos nos unirmos contra as injustiças e em defesa da privacidade e dos direitos humanos básicos, poderemos nos defender até dos mais poderosos dos sistemas.

Tradução de CLARA ALLAIN

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Deep Web





Em poucos meses, o mundo começou a ouvir falar com mais frequência sobre a existência de um mercado de drogas e armas na internet chamado Silk Road. Ao mesmo tempo, se familiarizou com o nome da moeda criptografada usada nesse comércio, o Bitcoin. Investigar a origem de cada um resultaria em uma terceira descoberta: a Deep Web (ou internet profunda).


O ator e diretor britânico Alex Winter já havia feito um documentário sobre o Napster (chamado Downloaded), outro elemento virtual que incomodou as autoridades ao permitir a troca gratuita de músicas pela rede. Agora, Winter prepara o lançamento de um documentário sobre a razão dos incômodos mais recentes, intitulado Deep Web: The Untold Story of Bitcoin and The Silk Road (“A história não contada do Bitcoin e do Silk Road”, em tradução livre), ainda sem data para sair. Para Winter, a moeda virtual, sozinha, “tem potencial de criar um grau de perturbação global que fará o Napster parecer brincadeira de criança”.

“Estou interessado nas implicações de uma vasta rede como a Deep Web na cultura global. Para mim, falta contextualização e compreensão sobre as novas tecnologias”, diz Winter, que vê uma revolução no conjunto que dá título ao seu filme.

Em comum, está a falta de controle. O Bitcoin dispensa um banco central e não é regulamentado por nenhum governo. Mercados de itens ilegais, como o Silk Road, funcionavam sem que nenhuma autoridade pudesse fazer algo a respeito.

Na Deep Web, navega-se sob anonimato e, por isso mesmo, é difícil se ter algum controle sobre o que acontece nesse subterrâneo da internet, onde buscadores como o Google são completamente inúteis. Para Winter, é isso que torna esse universo tão interessante. “Como qualquer comunidade, ali acontecem coisas boas e más, depende do uso que se faz dela. O que desespera as autoridades é justamente não ter controle sobre isso.”

Crime imperfeito
A ferramenta usada para se navegar anonimamente é o Tor, criado pela Marinha americana e mantido por uma organização sem fins lucrativos (Tor Project) desde 2006. O Tor se utiliza do navegador da Mozilla, o Firefox.

Como todo software, o Tor tem falhas. Uma delas foi explorada pela polícia federal americana para prender o suposto chefe do Silk Road, Ross Ulbricht, de 29 anos, em San Francisco, há dois meses.

Para o italiano especialista em cibersegurança Pierluigi Paganini, o pleno anonimato na web é “utopia”. “Além de os governos controlarem as redes, é bem fácil rastrear as atividades de um usuário online.

“É certo que os mais experientes podem adotar uma série de medidas para limitar sua exposição, mas receio que (com a exposição trazida pelo caso da Silk Road) isso se tornará uma tarefa cada vez mais difícil”, diz Paganini.

Embora o Silk Road, que pelos cálculos do FBI já fez circular 9,5 milhões de bitcoins (na época, o equivalente a US$ 1,2 bilhões em vendas), tenha sido fechado, a única coisa certa é que o comércio ilegal realizado sob o anonimato da rede não está nem perto de acabar.

“O Silk Road é só a ponta do iceberg. Fechá-lo só gerou a migração da comunidade envolvida para outros mercados. A luta contra o cibercrime está apenas começando”, avalia o italiano, autor dos livros The Deep Dark Web e Digital Virtual Currency and Bitcoin.

Outro lado
O controle e a possibilidade de uma regulamentação opressiva cair sobre o Tor também preocupa. Além das atividades ilícitas, a ferramenta é muito utilizada por jornalistas, ativistas e cidadãos que vivem sob governos não democráticos, onde a internet é censurada e o direito à livre expressão e o acesso à informação são bastante restritos.

Para Francisco Brito Cruz, pesquisador do Núcleo de Direito, Internet e Sociedade da Faculdade de Direito da USP, essa dualidade é o que torna o Tor um dos pontos-chave na disputa pela regulação da internet de modo geral, discutida em propostas como o Marco Civil. O Núcleo abriu inclusive uma linha de pesquisa focada na “controvérsia jurídica criada por mecanismos de navegação anônima”.

“Precisamos perceber o anonimato como uma ferramenta de defesa da nossa privacidade. Nunca foi razoável um governo poder meter o bedelho em quais livros estamos lendo. Por que não seria razoável criar uma ferramenta para impedir que bisbilhoteiros fiquem olhando quais sites acessamos?”, argumenta o pesquisador que ainda acredita que, para o usuário comum, conhecer o Tor hoje “é tão importante quanto conhecer o Whatsapp, o SnapChat ou o Instagram”.

A falta de controle do Estado, nesse sentido, não é a parte ruim da história. “O que é preocupante é o que pode estar em jogo caso determinados tipos de controle sejam estabelecidos”, diz Cruz. “Se forem implementados sem debate e reflexão com a sociedade, estes controles de uso da rede podem facilmente se tornar instrumentos de violação de direitos fundamentais.”

Por Murilo Roncolato

domingo, 8 de dezembro de 2013

"Mas nós sabemos muito bem que a nossa liberdade é incompleta sem a liberdade dos palestinos"

Manifestante palestino,  nas ruas de aldeias na Cisjordânia


"Mas nós sabemos muito bem que a nossa liberdade é incompleta sem a liberdade dos palestinos"

-Presidente Nelson Mandela



Na última sexta-feira, manifestantes palestinos, que saíram às ruas de aldeias na Cisjordânia para protestar contra a construção do muro israelense, portavam fotos de Nelson Mandela.

Marwan Barghouti, considerado o mais importante prisioneiro palestino detido por Israel, escreveu uma mensagem para Mandela, de sua cela na prisão de Hadarim, onde se encontra desde 2002.

"De dentro da minha cela na prisão eu lhe digo que nossa liberdade parece possível depois que você conquistou a sua. O apartheid não venceu na África do Sul e não vencerá na Palestina", afirmou Barghouti, líder do partido Fatah e visto como um possível sucessor do presidente Abbas.

Em sua mensagem, Barghouti lembrou a declaração de Mandela de que a liberdade dos sul-africanos "não será completa sem a liberdade dos palestinos".

CONSTRANGIMENTO

A longa história de colaboração de Israel com a África do Sul durante o apartheid torna a repercussão da morte de Mandela no país bem mais complexa.

O primeiro ministro Binyamin Netanyahu declarou que Mandela era "uma das figuras exemplares de nossos tempos, o pai de seu povo, um visionário que lutou pela liberdade e se opôs à violência".

Segundo o presidente Shimon Peres, "o mundo perdeu um líder de enorme grandeza, que mudou o rumo da História".

No entanto, vários analistas mencionam que durante o período em que Mandela lutava contra o apartheid, Israel vendia armas para o governo sul-africano e manteve essa aliança militar por vários anos, apesar do boicote generalizado da comunidade internacional.

"Os dois lideres (Netanyahu e Peres) obviamente não mencionaram o fato histórico de que Israel manteve uma aliança vergonhosa com o regime racista quando este era considerado pária pela comunidade internacional", afirma o jornalista Arik Bender, no diário Maariv.

O governo israelense aderiu às sanções internacionais contra a África do Sul em 1987, 10 anos após o embargo decretado pela comunidade internacional ao regime do apartheid.

Segundo o analista Hemi Shalev, em artigo no jornal Haaretz, "nós (israelenses) admiramos a luta corajosa de Mandela contra o apartheid e seu papel crucial na transição pacifica e democrática para o poder da maioria negra, mas sentimos um certo constrangimento por nosso apoio histórico a seus inimigos e também por sermos vistos como seus sucessores".



"Mas nós sabemos muito bem que a nossa liberdade é incompleta sem a liberdade dos palestinos"

A citação do  discurso  do presidente Mandela no Dia International   da
Solidariedade com o Povo Palestino, 04 de Dezembro de 1997, Pretoria.


http://studies.aljazeera.net/en/reports/2012/05/201251511343828397.htm


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Carta de Nelson Mandela sobre o apartheid ,






Carta de Nelson Mandela sobre o apartheid ,  ao jornalista norte-americano

Thomas Friedman.

Caro Thomas,

Sei que você e eu estamos impacientes por ver a paz no Médio Oriente, mas antes de você continuar a falar das condições indispensáveis do ponto de vista israelita, quero que saiba o que penso. Por onde começar? Digamos, por  1964.

Permita-me que cite as minhas próprias palavras aquando do meu julgamento. Elas são tão acertadas agora como eram naquele tempo: "Combati a dominação branca e combati a dominação negra. Acarinhei o ideal de uma sociedade democrática e livre em que todos pudessem viver em conjunto, em harmonia e com iguais oportunidades.

 É um ideal que espero viver e que espero atingir. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer".

Hoje, o mundo, negro e branco, reconhece que o apartheid não tem futuro. Na África do Sul, ele acabou graças à nossa própria acção de massas decisiva, para construir a paz e a segurança.

Esta campanha massiva de desobediência e doutras acções só podia conduzir ao estabelecimento da democracia.

Talvez a si lhe pareça estranho identificar a situação na Palestina ou, mais especificamente, a estrutura das relações políticas e culturais entre palestinianos e israelitas, como um sistema de apartheid.

O seu recente artigo "Bush’s First Memo", no New York Times de 27 de Março de 2001, demonstra-o.

Você parece surpreendido por ouvir dizer que ainda há problemas por resolver de 1948, o mais importante dos quais é o do direito de regresso dos refugiados palestinianos.

O conflito israelo-palestiniano não é só um problema de ocupação militar e Israel não é um país que tenha sido criado "normalmente" e se tenha lembrado de ocupar outro país em 1967.

Os palestinianos não lutam por um "Estado" e sim pela liberdade e a igualdade, exactamente como nós lutámos pela liberdade na África do Sul.

No decurso dos últimos anos, e em especial desde que o Partido Trabalhista foi para o governo, Israel mostrou que não tinha sequer a intenção de devolver o que ocupou em 1967, que os colonatos vão permanecer, que Jersualém ficaria sob soberania exclusivamente israelita e que os palestinianos não teriam nenhum Estado independente, antes seriam colocados sob a dependência económica de Israel, com controlo israelita sobre as fronteiras, sobre a terra, sobre o ar, a água e o mar.

Israel não pensava num "Estado" e sim numa "separação". O valor da separação mede-se em termos da capacidade de Israel para manter judeu um Estado judeu e de não  ter uma minoria palestiniana que pudesse no futuro transformar-se em maioria. Se isso acontecesse, obrigaria Israel a tornar-se ou um Estado laico e bi-nacional ou a tornar-se um Estado de apartheid, não só de facto, mas também de direito.

Thomas, se você prestar atenção às sondagens israelitas ao longo dos últimos 30 a 40 anos, vai ver claramente um racismo grosseiro, com um terço da população a declarar-se abertamente racista. Este racismo é do tipo "Odeio os árabes" e "quero que os árabes morram".

 Se você também prestar atenção ao sistema judicial israelita, vai ver que há discriminação contra os palestinianos, e se considerar especialmente os territórios ocupados em 1967 vai ver que há dois sistemas judiciais em acção, que representam duas abordagens diferentes da vida humana: uma para a vida palestiniana, ou para a vida judia.

Além disso, há duas atitudes diferentes sobre a propriedade e sobre a terra. A propriedade palestiniana não é reconhecida como propriedade privada, porque pode ser confiscada.

Para a ocupação israelita da Cisjordânia e de Gaza, há um factor suplementar a tomar em conta. As chamadas "Zonas autónomas palestinianas" são bantustões. São entidades restritas no seio da estrutura de poder do sistema israelita de apartheid.

O Estado palestiniano não pode ser um sub-produto do Estado judeu, só para conservar a pureza judaica de Israel . A discriminação racial de Israel é a vida quotidiana dos palestinianos, porque Israel é um Estado judeu, os judeus israelitas têm direitos especiais de que os não-judeus não beneficiam. Os árabes palestinianos não têm lugar no Estado "judeu".

O apartheid é um crime contra a humanidade. Israel privou milhões de palestinianos da sua liberdade e da sua propriedade. Ele perpetura um sistema de discriminação racial e de desigualdade.

Encarcerou e torturou sistematicamente milhares de palestininaos, em violação do direito internacional. Desencadeou uma guerra contra a população civil e em especial contra as crianças.

As respostas da África do Sul em matéria de violação dos direitos humanos provenientes das políticas de deportação e das políticas de apartheid fizeram luz sobre o que a sociedade israelita deve necessariamente levar a cabo para que se possa falar duma paz justa e duradoura no Médio Oriente e do fim da política de apartheid. 

Thomas, eu não abandono a diplomacia do Médio Oriente, mas não serei condescendente consigo como o são os seus apoiantes. Se você quer a paz e a democracia, apoiá-lo-ei. Se quer formalizar o apartheid, não o apoiarei. Se quer apoiar a discriminação racial e a limpeza étnica, conte com a nossa oposição. Quando tiver decidido, dê-me um telefonema.



Nelson Mandela



Fonte: http://www.europalestine.com/spip.php?article2982

http://palestinavence.blogs.sapo.pt/11061.html




 Mandela's First Memo to Thomas Friedman

 by Arjan El Fassed

Memo to: Thomas L. Friedman (columnist New York Times)
From: Nelson Mandela (former President South Africa)

Dear Thomas,

I know that you and I long for peace in the Middle East, but before you continue to talk about necessary conditions from an Israeli perspective, you need to know what's on my mind. Where to begin? How about 1964. Let me quote my own words during my trial. They are true today as they were then:

"I have fought against white domination and I have fought against black domination. I have cherished the ideal of a democratic and free society in which all persons live together in harmony and with equal opportunities. It is an ideal which I hope to live for and to achieve. But if needs be, it is an ideal for which I am prepared to die."

Today the world, black and white, recognize that apartheid has no future. In South Africa it has been ended by our own decisive mass action in order to build peace and security. That mass campaign of defiance and other actions could only culminate in the establishment of democracy.

Perhaps it is strange for you to observe the situation in Palestine or more specifically, the structure of political and cultural relationships between Palestinians and Israelis, as an apartheid system. This is because you incorrectly think that the problem of Palestine began in 1967. This was demonstrated in your recent column "Bush's First Memo" in the New York Times on March 27, 2001.

You seem to be surprised to hear that there are still problems of 1948 to be solved, the most important component of which is the right to return of Palestinian refugees.

The Palestinian-Israeli conflict is not just an issue of military occupation and Israel is not a country that was established "normally" and happened to occupy another country in 1967. Palestinians are not struggling for a "state" but for freedom, liberation and equality, just like we were struggling for freedom in South Africa.

In the last few years, and especially during the reign of the Labor Party, Israel showed that it was not even willing to return what it occupied in 1967; that settlements remain, Jerusalem would be under exclusive Israeli sovereignty, and Palestinians would not have an independent state, but would be under Israeli economic domination with Israeli control of borders, land, air, water and sea.

Israel was not thinking of a "state" but of "separation". The value of separation is measured in terms of the ability of Israel to keep the Jewish state Jewish, and not to have a Palestinian minority that could have the opportunity to become a majority at some time in the future. If this takes place, it would force Israel to either become a secular democratic or bi-national state, or to turn into a state of apartheid not only de facto, but also de jure.

Thomas, if you follow the polls in Israel for the last 30 or 40 years, you clearly find a vulgar racism that includes a third of the population who openly declare themselves to be racist. This racism is of the nature of "I hate Arabs" and "I wish Arabs would be dead". If you also follow the judicial system in Israel you will see there is discrimination against Palestinians, and if you further consider the 1967 occupied territories you will find there are already two judicial systems in operation that represent two different approaches to human life: one for Palestinian life and the other for Jewish life. Additionally there are two different approaches to property and to land. Palestinian property is not recognized as private property because it can be confiscated.

As to the Israeli occupation of the West Bank and Gaza, there is an additional factor. The so-called "Palestinian autonomous areas" are bantustans. These are restricted entities within the power structure of the Israeli apartheid system.

The Palestinian state cannot be the by-product of the Jewish state, just in order to keep the Jewish purity of Israel. Israel's racial discrimination is daily life of most Palestinians. Since Israel is a Jewish state, Israeli Jews are able to accrue special rights which non-Jews cannot do. Palestinian Arabs have no place in a "Jewish" state.

Apartheid is a crime against humanity. Israel has deprived millions of Palestinians of their liberty and property. It has perpetuated a system of gross racial discrimination and inequality. It has systematically incarcerated and tortured thousands of Palestinians, contrary to the rules of international law. It has, in particular, waged a war against a civilian population, in particular children.

The responses made by South Africa to human rights abuses emanating from the removal policies and apartheid policies respectively, shed light on what Israeli society must necessarily go through before one can speak of a just and lasting peace in the Middle East and an end to its apartheid policies.

Thomas, I'm not abandoning Mideast diplomacy. But I'm not going to indulge you the way your supporters do. If you want peace and democracy, I will support you. If you want formal apartheid, we will not support you. If you want to support racial discrimination and ethnic cleansing, we will oppose you. When you figure out what you're about, give me a call.

The author is a Dutch-Palestinian political scientist, human rights activist and is affiliated to the the Palestine Right to Return Coalition (Al-Awda) and ElectronicIntifada.net

Source:

by courtesy & © 2001 Arjan El Fassed



sexta-feira, 22 de novembro de 2013

"Talmúdia"



Francisco Almeida ·  UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí

A "nossa" mídia maliciosa a todo tempo distorce as declarações do Irã , cujas palavras detonam APENAS o regime sionista , mas não o Estado de Israel, e muito menos o povo judeu (gente boa, os admiro).

A imprensa prostituta e hipócrita insiste em pintar os dois (Israel e seu regime sionista) como sendo uma só coisa, MAS NÃO SÃO. Insiste em denominar Israel de "Estado Judeu" (palavras de Bibi) , mas hoje Israel é um Estado Sionista cheio de judeus - mais autêntico seria denominá-lo de "Talmúdia" (vide explicação abaixo).

Irã deseja ver o "ilegítimo" regime se auto-esfacelar pela falta de legitimidade dentre os próprios Judeus, cansados deste apartheid supremacista.

EXPLICAÇÃO:

1) - Sionismo e Judaísmo são irreconciliáveis, porque , se por um lado o Judaísmo em essência é uma Religião de princípios e valores morais e espirituais - e não um conceito étnico - por outro lado, o Sionismo é um PROJETO POLÌTICO (de apartheid, supremacia, conquista), que confronta o Judaísmo visceralmente.

2) - Não pode haver Judaísmo sem D'us , seria falsificação ! Assim, só são genuinamente Judeus os ortodoxos, que pregam a fidelidade ao Livro Sagrado TORAH, que determina que o Estado de Israel só poderia ser fundado mediante o líder unificador Messias.

3) - Judaísmo autêntico NÃO prega apartheid, nem conquista, nem supremacia; estes desvios são obra do TALMUD, epécie de "jurisprudência rabínica" desprovida de origem divina, e que posteriormente MODIFICOU muitos dos preceitos milenares do Judaísmo original, abrindo espaço para o surgimento desta "seita" dissidente denominada de Sionismo.

4) - A premissa de legitimidade ÉTNICA para possuir o direito de reocupar a Terra de Abraão, não tem sustentação nos fatos , porque 95% do Judeus do presente NÃO sãao descendentes de Abraão. Eles descendem do um antigo império (Khazária, século VIII) russo-turco que se converteu inteiramente ao Judaísmo. (Nota: localizado entre Rússia e Turquia, ali onde hoje está o país denominado de Geórgia). Assim, se fosse para "voltar à Terra de Origem" , que voltassem para a Geórgia.

5) - Ironicamente, como eles etnicamente são Khazares, então eles NÃO são descendentes de Abraão, então NÃO são semitas ! Por fim, como os palestinos SÃO SIM descendentes de Abraão, então eles é que alí são os semitas, e não os judeus. No caso específico e restrito, então, ser "anti-semita" NÃO significar ser anti-judeu, mas ser anti-palestino!

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Genoino , hospedado com luxo e requinte

Genoino sofre de problemas cardíacos


                        DIREITOS HUMANOS

"Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Wadih Damous, a prisão de Genoino tem "ilegalidade" e "arbitrariedade" porque seu estado de saúde requer atenção. "A sua prisão [de Genoino] em regime fechado por si só configura uma ilegalidade e uma arbitrariedade. Seus advogados já chamaram a atenção para esses dois fatos mas, infelizmente, o pedido não foi apreciado na mesma rapidez que prisão foi decretada".

"É sempre bom lembrar que a prisão de condenados judiciais deve ser feita com respeito à dignidade da pessoa humana e não servir de objeto de espetacularização midiática e nem para linchamentos morais descabidos", completou.


Genoino sofre de problemas cardíacos e passou por uma cirurgia há cerca de três meses. Em sua primeira noite na Papuda ele chegou a ser atendido por um médico particular devido a uma crise de pressão alta. "

Pois  é   caros  Patricios  e  Irmãos  da  Causa  Operaria  e  da  defesa  dos  interesses  de  nóssa  Patria ,  viram   DIREITOS  HUMANOS  para  aqueles  que  roubaram  o  povo  ,  cela  individual  para  os  INIMIGOS DO  POVO  com  cama  ,  cobertor  ,  4  refeições  chuveiro  individual  ,  éééééééé   .,  medico  particular  ,    hospedados  com  luxo  e  requinte  e  ainda  reclamam ,  sim  acostumados  aos  prazeres  burgueses  proporcionados  pelo  poder ,  certamente  exigem  o  Hotel  Copacabana Palace ,  afinal  dizem  que  tem  um  historico  revolucionário  ,  sim  até  ministro  do  Supremo ,  fez  constar  isto  no  processo  do  Genuino ,  se  dizem  vitimas .


Vagabundo  safados  inimigos  da  classe  operária  e  inimigos  do  povo  exigem ,  exigem  ,  e  exigem  ainda.

Aqui  em  São  Paulo  na  PF-Carceragem  o  Genuino  chegou  escalando  a  malandragem ,  com  o  Know-How  da  estadia  do  Maluf , acharam  que  seria  suficiente  para  o  meliante ,  mas  Maluf  muito  mais  esperto ,  ficou  junto  com  mafiosos  libanêses  e  outros  e  abriu  a  carteira ,  iguarias  àrabes  a  vontade  aos  irmãos   e  teve  vida  de  luxo ,  já  o  feinho  ai  chegou  escalando ,  ai  foi  anunciado  que  ele  teve  "PROBLEMAS"  na  carceragem  e  foi  rapidamente  transferido  a  Brasilia .

Porque  não  noticiaram  a  verdade  ?  .

Ele  quer  uma  aposentadoria  por  invalidez ,  alega  ser  cardiopata ,  e  quantos  milhares  de  trabalhadores  brasileiros  tem  problemas  cardiacos  piores  que  o  dele   e  são  taxados  de  vagabundos  pelos  peritos  do  INSS  e  mandados  a  trabalhar e  morrem  por  isto  ? ,    posso  contar  casos  e  casos   aqui  viu.

E  voce    Lula  ?  que  papelão ,  quer  dizer  que  "TAMUS JUNTO  COMPANHEIRO " ,  se  propoêm  a  puxar  a  cana  junto  porque  ? , 


TEM que  ser  todo  mundo  preso  em  regime  fechado,  o  interessante  é  que  todo  mundo  se  cala  e  estes  meliantes  fazem  o  que  bem  entendem  ,


SAFADOS.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

zionist soldiers detaining a Palestinian children in the occupied West Bank

zionist  soldiers detaining a Palestinian children in the occupied West Bank  


Four Palestinian children, aged five to nine, have been handcuffed and detained by zionist  forces for more than an hour.


The zionist  soldiers arrested the children on Friday during a protest rally in Kafr Qaddum, a village in the north of the occupied West Bank, AFP reported.

"Four children who were present in the area had stun grenades thrown at them by zionist  soldiers, which frightened them," said Palestinian activist Murad Ashtiye from the village's Popular Struggle Coordination Committee.

"Then the soldiers arrested them and tied their hands behind their backs using plastic strips," he added.

The activist identified the children as Tariq Hikmet, 9, Hossam Khaldun, 7, Malak Hikmet, 6, and Ahmad Abdessalam, 5.

An zionist  military spokeswoman said that the Israeli troops arrested some minors in the village without commenting on their age or being handcuffed.

"When the  zionist  soldiers realized that these were youngsters who were under age, they just asked them a few questions and let them go," she said.

The protest in the village had been held against illegal construction of settlements by the zionist  regime.

The presence and continued expansion of zionist  settlements in occupied Palestine has created a major obstacle for the efforts to establish peace in the Middle East.

More than half a million zionist  live in over 120 illegal settlements built since zionist  occupation of the Palestinian territories of the West Bank and East al-Quds in 1967.

The UN and most countries regard the zionist  settlements as illegal because the territories were captured by zionist  in a war in 1967 and are hence subject to the Geneva Conventions, which forbids construction on occupied lands.


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Edward J. Snowden , NSA, revelações .






Quando Ban Ki-moon, o secretário-geral da ONU, visitou a Casa Branca em abril para discutir as armas químicas da Síria, as negociações de paz entre Israel e Palestina e a mudança climática, ele teve um encontro cordial e rotineiro com o presidente Barack Obama.

Entretanto, a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) começou a trabalhar antecipadamente e interceptou os pontos que Ban discutiria na reunião, feito que a agência mais tarde relatou como um "destaque operacional" em um boletim interno semanal cheio de bravatas.

É difícil imaginar que vantagem isso poderia ter dado a Obama em uma conversa amigável. Mas foi uma ação emblemática de uma agência que, durante décadas, operou sob o princípio de que qualquer bisbilhotagem que possa ser praticada contra um alvo estrangeiro de qualquer interesse concebível deve ser feita.

De milhares de documentos secretos, a NSA emerge como um animal eletrônico onívoro de capacidades inacreditáveis, espionando e se intrometendo mundo afora para saquear os segredos de governos e outros alvos. Ela espiona rotineiramente amigos e inimigos. A missão oficial do órgão inclui usar seus poderes de vigilância para obter "vantagem diplomática" sobre aliados como França e Alemanha e "vantagem econômica" sobre Japão e Brasil, entre outros países.

Com as revelações sobre a NSA, houve um desfile de protestos na União Europeia, no Brasil, no México, na França, na Alemanha e na Espanha. James R. Clapper Jr., diretor da inteligência nacional, refutou repetidamente essas objeções como hipocrisia e insolência de países que também praticam espionagem. Mas, em uma entrevista recente, ele reconheceu que a escala da intromissão da NSA, com seus 35 mil funcionários e verbas anuais de US$ 10,8 bilhões, a diferenciam. "Não há dúvida de que, de um ponto de vista de capacidade, nós provavelmente somos muito maiores que qualquer um no planeta, talvez com exceção de Rússia e China", disse ele.

Desde que Edward J. Snowden começou a divulgar os documentos da agência em junho, a enxurrada contínua de revelações abriu o debate sobre a missão da agência desde sua criação, em 1952. A Casa Branca ordenou uma revisão de sua coleta de informações domésticas e estrangeiras.

Uma revisão dos documentos secretos do órgão obtidos por Snowden e compartilhados com o "New York Times" pelo jornal britânico "Guardian", oferece uma rica amostra das operações globais da agência e sua cultura.

Nascida na época em que um telefonema de longa distância ainda era um pouco exótico, a NSA viu o número de seus alvos potenciais explodir com o advento dos computadores pessoais, da internet e dos telefones celulares. Hoje a NSA extrai o conteúdo de cabos de fibra óptica, instala-se em centros telefônicos e hubs de internet, invade digitalmente notebooks e planta bugs em smartphones do mundo inteiro.

A base de dados Dishfire da agência -nada acontece sem um codinome na NSA- armazena há anos mensagens de texto do mundo todo, por via das dúvidas. Sua coleção Tracfin acumula gigabytes de compras com cartão de crédito. O rapaz que finge enviar uma mensagem de texto em um cibercafé na Jordânia pode estar usando uma técnica da NSA chamada Polarbreeze (Brisa Polar) para xeretar os computadores próximos. O empresário russo com grande atividade social na internet pode se tornar alimento para o Snacks (Serviços de Conhecimento em Colaboração de Análise de Rede Social, em inglês) da agência louca por siglas, que descobre as hierarquias pessoais e de organizações a partir de textos.

A estação da agência de espionagem no Texas interceptou 478 e-mails enquanto ajudava a frustrar um complô jihadista para matar um artista sueco que havia desenhado imagens do profeta Maomé. Analistas da NSA entregaram para as autoridades do Aeroporto Internacional Kennedy nomes e números de voo de membros de um bando chinês de tráfico humano.
Na operação chamada Orlandocard, técnicos da NSA instalaram um computador chamado "pote de mel" na web, que atraiu visitas de 77.413 computadores estrangeiros e plantou programas de espionagem em mais de mil que a agência considerou de futuro interesse potencial.


 



MISSÃO GRANDIOSA

"Nossa missão", diz o atual plano de cinco anos da agência, que só poderá ser desclassificado como secreto após 2032, "é responder a perguntas sobre atividades ameaçadoras que outros pretendem manter ocultas".

As aspirações são grandiosas: "dominar totalmente" a inteligência estrangeira transmitida em redes de comunicações.

A linguagem é corporativa: "Nossos processos empresariais devem promover a tomada de decisões com base em dados". Mas o tom também é surpreendentemente moralista para um órgão governamental.

Talvez para desmentir qualquer ideia de que bisbilhotar é um empreendimento obscuro, a inteligência de sinais, ou Sigint, o termo artístico para interceptações eletrônicas, é apresentada como a mais nobre das vocações. "Os profissionais da Sigint devem ter moral elevado, mesmo quando terroristas ou ditadores tentam explorar nossas liberdades", afirma o plano. "Alguns de nossos adversários dirão ou farão qualquer coisa para promover sua causa; nós não."

Os documentos da NSA obtidos por Snowden e compartilhados com o "Times", que são milhares e na maioria datados de 2007 a 2012, fazem parte de uma coletânea de cerca de 50 mil itens dedicados principalmente a sua contrapartida britânica, o Quartel-General de Comunicações do Governo, ou GCHQ na sigla em inglês.

Embora não sejam abrangentes, os documentos dão uma noção do alcance e das capacidades da agência: que vão de navios da marinha que captam transmissões de rádio ao navegar ao largo da China, a antenas de satélite em Fort Meade, Maryland, que ingerem as transações bancárias mundiais, até os telhados de 80 embaixadas e consulados americanos ao redor do mundo, dos quais o Serviço de Coleta Especial da agência aponta suas antenas.

Mas os documentos divulgados por Snowden às vezes também parecem salientar os limites do que se pode realizar, mesmo com a mais intensa captação de inteligência.

A poderosa espionagem da NSA no Afeganistão, descrita nos documentos como abrangendo igualmente órgãos do governo e esconderijos de militantes taleban de segunda ordem, deixou de produzir uma vitória clara contra um inimigo de baixa tecnologia. A agência registrou que a Síria acumulava seu arsenal de armas químicas, mas esse conhecimento não serviu para evitar a terrível chacina perto de Damasco em agosto.

Os documentos tendem a celebrar os sucessos autodescritos do órgão, mas não omitem totalmente os erros e fracassos da agência: enxurradas de informações obtidas a um custo enorme que ficam sem análise, interceptações que não podem ser lidas por falta de capacidades linguísticas e computadores que -até na NSA- enlouquecem de todas as maneiras habituais.

 



MAPEANDO RASTROS

Em maio de 2009, analistas da agência souberam que o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, faria uma rara viagem à província do Curdistão, uma região montanhosa no noroeste do país. A agência imediatamente organizou uma missão de espionagem de alta tecnologia, parte de um projeto em andamento concentrado no aiatolá Khamenei chamado de Operação Dreadnought (navio de batalha).

Trabalhando intimamente com a Agência Nacional de Inteligência Geoespacial, que lida com fotografias de satélites, assim como com o GCHQ britânico, a equipe da NSA estudou, a partir de satélites, o círculo do líder iraniano, seus veículos e seus armamentos e interceptou mensagens de tráfego aéreo quando aviões e helicópteros decolavam e pousavam.

Ela o escutou quando ele se dirigiu a uma multidão em um campo de futebol, estudou as estações de radar da defesa aérea iraniana e registrou a rica pista de comunicações de viajantes, incluindo coordenadas de satélites iranianos obtidas por um programa da NSA chamado Ghosthunter (caçador de fantasmas). A ideia não era tanto captar as palavras do líder iraniano, mas reunir dados para a espionagem geral do Irã no caso de uma crise.

Essas coleta de "impressões digitais de comunicações" é a chave do que a NSA faz. Ela permite que computadores da agência rastreiem o fluxo de comunicações internacionais e destaquem mensagens ligadas ao "líder supremo" do Irã. Em uma crise, a capacidade de invadir as comunicações de alvos poderia ser vantajosa.

Esse enorme investimento em coleta de dados é conduzido pela pressão dos "clientes" da agência dentro do governo. Segundo relatos, a NSA fornece mais da metade das informações entregues à Casa Branca no briefing diário do presidente. Em toda crise internacional, políticos americanos recorrem à NSA para ter informações privilegiadas.

PRESSÃO PARA INFORMAR

Isso cria uma intensa pressão para que nada escape. Na onda de investimentos que se seguiu aos atentados de 11 de Setembro, o órgão se expandiu para muito além de sua sede em Maryland.

Construiu ou ampliou importantes instalações na Geórgia, no Texas, no Colorado, no Havaí, no Alasca, no Estado de Washington e em Utah. Seus oficiais também operam em grandes estações no exterior, na Inglaterra, na Austrália, na Coreia do Sul e no Japão, em bases militares no estrangeiro e em salas fechadas que abrigam o Serviço de Coleta Especial nas missões diplomáticas dos EUA.

Usando uma combinação de convencimento, sigilo e força legal, a agência transformou as empresas americanas de internet e telecomunicações em parceiras na captação de dados: instalou filtros em suas redes, apresentou ordens de tribunais, construiu "portas dos fundos" em seus softwares e adquiriu chaves para burlar suas criptografias.

Mesmo essa vasta rede dirigida por americanos é apenas parte da história. Durante décadas, a NSA compartilhou as funções de espionagem com o resto dos chamados Cinco Olhos, as agências Sigint no Reino Unido, no Canadá, na Austrália e na Nova Zelândia. Uma cooperação mais limitada ocorre com vários outros países, incluindo acordos formais chamados de Nove Olhos, 14 Olhos e Nacsi, uma aliança de agências dos 26 países da Otan.

 



A extensão do compartilhamento do Sigint pode ser surpreendente: "A NSA pode ter um relacionamento com o Vietnã", relatou um documento do GCHQ de 2009. Mas um recente documento de treinamento desse órgão sugere que nem tudo é compartilhado, mesmo entre os EUA e o Reino Unido. "Os relatórios sobre bem-estar econômico", diz ele, referindo-se a informações captadas para ajudar a economia britânica, "não podem ser compartilhados com parceiros estrangeiros."

A invasão de computadores tornou-se a área de crescimento da agência. Parte dos documentos descreve as façanhas das Operações de Acesso Personalizado, a divisão da NSA que invade computadores em todo o mundo para roubar seus dados e às vezes deixar software espião. A TAO é cada vez mais importante em parte porque permite que a agência evite a criptografia ao capturar mensagens enquanto são escritas ou lidas, quando não estão codificadas.

Mas Joel F. Brenner, ex-inspetor-geral da agência, diz que grande parte das críticas às operações da NSA é injusta e reflete ingenuidade sobre a verdadeira política de espionagem. "A agência está sendo intimidada por fazer bem demais o que deve fazer", disse ele.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Arafat envenenado com Polonio


 Peritos suíços confirmaram nesta quinta-feira, 7, que a investigação que fizeram sobre a morte do líder palestino Yasser Arafat “apoia moderadamente” a tese de que ele teria seria envenenado com Polonio em 2004.

Foi constatada a presença do elemento radioativo em seu corpo 20 vezes superior à taxas consideradas como “normais”. Mas os peritos alertaram para “sérias limitações” na pesquisa.

Uma comissão de investigadores palestinos que analisa a morte de Yasser Arafat acusou nesta sexta-feira, 7, Israel de ter sido o responsável pela morte do líder da Organização para Libertação da Palestino.  A acusação foi feita um dia depois de um relatório produzido por peritos suíços ter indicado haver níveis anormais de polônio nos restos mortais de Arafat. é o único suspeito da morte do líder palestino Yasser Arafat em 2004, afirmou nesta sexta-feira , investigador chefe do caso..

O investigador do caso, Tawfik Tirawi, foi evasivo ao ser questionado se Arafat foi envenenado com polônio."Não é importante que eu diga aqui que ele foi morto por polônio", disse ele. "Mas eu digo, com todos os detalhes disponíveis sobre a morte de Yasser Arafat, que ele foi morto e que Israel o matou".

Israel nega qualquer participação na morte do líder palestino, afirmando que o tinha isolado politicamente na época e não tinha qualquer razão para assassiná-lo. "Deixe-me disser isso da forma mas simples possível: Israel não matou Arafat", afirmou nesta sexta-feira o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores israelense, Yigal Palmor, em resposta às acusações.

"Os palestinos devem parar com este absurdo e deixar de levantar essas acusações sem fundamento nem qualquer prova", acrescentou Palmor.

Arafat morreu em 11 de novembro de 2004, num hospital militar francês, aos 75 anos, um mês depois de adoecer em seu complexo localizado na Cisjordânia. Na época, médicos franceses disseram que ele morreu após um acidente vascular cerebral e que ele tinha problemas de coagulação sanguínea, mas os registros sobre o que provocou esses problemas não foram conclusivos.

O túmulo de Arafat foi aberto no início deste ano, o que permitiu que cientistas suíços, russos e franceses retirassem amostras de ossos e de terra para investigações



Os esquadrões de assassinato do Mossad



Muitas agências de inteligência são suspeitas de cometer assassinatos, mas nenhuma é tão conhecida por isso quanto o Mossad de Israel. Embora a agência tenha se tornada lendária pelos seus impressionantes sucessos, ela também teve os seus fracassos. Se o Mossad foi o responsável pelo recente assassinato em Dubai, isto poderá ser uma outra mancha na reputação da agência.

Em 1955, sete anos após a fundação do Estado de Israel, o filósofo Yeshayalu Leibowitz escreveu uma carta ao então primeiro-ministro David Ben-Gurion. Nela, ele reclamou de que palestinos inocentes estavam sendo mortos nas operações israelenses. “Eu discordo de você”, respondeu Ben-Gurion. “Embora seja importante que haja um mundo cheio de paz, fraternidade, justiça e honestidade, é ainda mais importante que nós estejamos nele”.

Esta ideia de um Estado bem fortificado que elimina os seus inimigos pela força sempre que possível ainda é apoiada pela grande maioria dos israelenses. Tais ações incluem assassinatos executados pelas forças armadas de Israel e pelo Mossad, o serviço de inteligência externa do país. De fato, organizações de direitos humanos estimam que as forças armadas israelenses mataram mais de cem pessoa nos territórios palestinos nos chamados “assassinatos seletivos”.

O incidente mais recente no qual o Mossad está metido revela que a maioria dos israelenses continua acreditando que tais assassinatos são justificados. Em janeiro, o Mossad teria matado um comprador de armas do Hamas em Dubai. No início desta semana, autoridades de Dubai divulgaram publicamente uma série de fotografias de vigilância mostrando os membros do suposto esquadrão de assassinos. Fontes de inteligência alemãs afirmam que só uma agência de inteligência é capaz de executar uma operação tão profissional. No Reino Unido, as autoridades do governo foram mais explícitas: elas dizem estar convencidas de que o Mossad é o responsável pelo assassinato de Mahmoud al-Mabhouh.

Mas, em Israel, o debate gira basicamente em torno de duas questões. Primeiro, a operação apresentou o típico grau de “profissionalismo” do Mossad? E, segundo, a operação deveria ser considerada um fracasso porque as fotos de 11 suspeitos de serem agentes tornaram-se públicas e o mundo acredita agora que o Mossad não tem escrúpulo em falsificar passaportes de países amigos, como Alemanha ou Reino Unido, ou em “tomar emprestadas” as identidades dos seus cidadãos?


Uma história de operações de sucessos

O medo que o Mossad inspira entre as agências de inteligência deve-se principalmente à sua história de operações ambiciosas. Ele libertou reféns em situações em que não havia esperança, encontrou uma maneira de trazer um caça russo Mig-21 para Israel a pedido dos seus líderes políticos e, durante a guerra fria, o serviço era conhecido por fornecer à CIA documentos sigilosos roubados dos soviéticos.

Mas os esquadrões da morte do serviço de inteligência possuem a sua própria mística. Se o Mossad realmente estiver por trás do recente assassinato em Dubai, este terá sido apenas um de uma série de ataques sangrentos – embora as operações do Mossad também tenham tido a sua parcela de fracassos.

Nem sempre ficou claro se o Mossad foi o responsável por todo ataque letal – ou se o executor foi uma outra unidade israelense. A operação legendária para caçar e matar os terroristas do “Setembro Negro” que atacaram atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972, por exemplo, foi executada por uma unidade criada especificamente com aquele objetivo. Eles acabaram eliminando a maioria dos militantes – embora tenham também assassinado um garçom marroquino inocente na Noruega, após confundi-lo com um dos terroristas. E, pelo menos uma vez, em Beirute, em 1973, os agentes disfarçaram-se de turistas – assim como os “Onze de Dubai”.

Acredita-se que, durante meados da década de setenta, a então primeira-ministra Golda Meir tenha criado o chamado “Comitê X” que era – e que talvez ainda seja – responsável por organizar e manter uma lista de pessoas a serem assassinadas. No Mossad, uma unidade conhecida como “Cesária” teria recebido a missão de executar assassinatos seletivos.

É muito raro que Israel dê indicações do seu envolvimento em uma operação de assassinato. Como regra, o Mossad jamais reconhece a sua participação. Devido a este secretismo, é provável que o número de mortes atribuídas a esse serviço de inteligência seja maior do que o de assassinatos que ele realmente perpetrou. Mesmo assim, a lista de incidentes que pode ser atribuída com certeza ao Mossad é longa – e teve início há mais de 40 anos.

Na década de sessenta, por exemplo, o Mossad teria enviado cartas-bombas a cientistas alemães que estavam ajudando o Egito a construir um avançado programa de mísseis. Vários deles morreram.


 Setenta balas

Um dos assassinatos mais espetaculares atribuídos ao Mossad ocorreu em 1987, em Túnis, onde o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Khalil Al Wazir – também conhecido como Abu Jihad – estava morando. A operação teria envolvido cerca de 30 agentes, que chegaram à costa tunisiana em embarcações pequenas. Alguns deles fingiram ser turistas enquanto seguiam para a casa do auxiliar mais importante de Iasser Arafat. Outros se posicionaram, usando uniformes do exército tunisiano. Durante a operação um avião israelense Boeing 707 sobrevoava a região com o objetivo de interferir com todas as comunicações no local. O esquadrão de assassinato entrou a força na casa e matou alguns criados antes de disparar as suas armas – e 70 balas – contra Al Wazir, na presença da mulher e dos filhos do militante.

Em outubro de 1995, Fathi Shikaki, um membro do grupo terrorista palestino Jihad Islâmica, foi assassinado em Malta. O assassino aproximou-se em uma motocicleta e atirou três vezes na cabeça da vítima. Mais tarde descobriu-se que a operação fora meticulosamente planejada com antecedência. De fato, a motocicleta foi roubada dois meses antes. Especialistas acreditam que doze agentes estiveram envolvidos. Após a operação, todos eles desapareceram sem deixar nenhuma pista.

Em 1996, Yehiyeh Ayyash, o notório fabricante de bombas do Hamas, conhecido como “O Engenheiro”, foi assassinado na Faixa de Gaza quando o seu telefone celular recheado com uma bomba explodiu. Este novo método de ataque chocou os militantes palestinos. A maioria dos analistas acredita que o Mossad foi o responsável por este ataque.

Em setembro de 2004, um outro membro do Hamas – que acredita-se ter sido Izz Eldine Subhi Sheik Khalil – morreu em Damasco quando um explosivo foi detonado debaixo do seu carro. Ele era o responsável pela coordenação de operações do braço militar do Hamas. Embora Israel não tenha assumido oficialmente responsabilidade pelo ataque, este foi entendido como um recado aos líderes da Síria de que nem mesmo a sua capital está fora do raio de ação dos agentes israelenses.


Alguns fracassos notáveis

Damasco foi também o cenário de uma outra morte, em fevereiro de 2008, quando uma bomba destruiu o Mitsubishi Pajero pertencente ao líder do Hezbollah, Imad Mughniyeh, a quem foram atribuídas centenas de mortes. Embora Israel tenha negado oficialmente qualquer participação no assassinato, a maioria dos especialistas acredita que o Mossad esteve pelo menos parcialmente envolvido – possivelmente em colaboração com outros serviços de inteligência da região.

Até o momento, o fracasso mais espetacular do Mossad foi uma missão executada em Amã, na Jordânia, em setembro de 1997. Dois agentes do Mossad disfarçados de turistas canadenses tentaram assassinar o líder do Hamas, Khaled Mashal, com uma toxina letal que ataca o sistema nervoso, e que penetra no organismo através da pele. O ataque fracassou, e os guarda-costas de Mashal conseguiram capturar os agentes e entregá-los à polícia jordaniana. As autoridades jordanianas cercaram rapidamente a Embaixada de Israel, onde quatro outros agentes do Mossad, revelando a sua verdadeira identidade, buscaram refúgio.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu foi então obrigado a assumir a operação para conseguir trazer os seus agentes de volta com segurança. Ele voou para Amã para pedir desculpas ao irmão do rei Hussein – o rei não quis encontrar-se com ele pessoalmente. Após negociações difíceis, Israel entregou aos jordanianos o antídoto para o veneno do sistema nervoso que fora usado em Mashal, bem como a composição química do opiato, que teria sido usado em operações anteriores. Além disso, Israel foi obrigado a libertar o fundador do Hamas, Sheik Ahmed Yassin, e dezenas de outros palestinos e jordanianos.

No fim das contas, uma investigação oficial concluiu que o Mossad havia “se fixado em operações de alto risco”. O ataque frustrado foi uma nódoa na reputação do Mossad. Depois disso, durante vários anos, o serviço deixou de executar assassinatos seletivos – ou pelo menos foi muito mais cuidadoso ao perpetrar esses assassinatos.


Irã: o verdadeiro alvo

Se o assassinato em Dubai foi realmente perpetrado pelo Mossad, a operação terá sido mais um golpe para a reputação da agência. De fato, nunca antes uma operação de assassinato do Mossad havia sido filmada por terceiros e muito menos as fotografias dos membros do esquadrão de assassinos tinham sido reveladas publicamente.

De fato, há alguns anos o Mossad vem perdendo muito do brilho da sua reputação. Outros serviços de inteligência têm ganhado estima dentro de Israel. E, nos últimos anos, o serviço de inteligência da Jordânia tornou-se tão importante para os Estados Unidos na região quanto o Mossad.

Mas isto é válido principalmente na área de contra-terrorismo. No entanto, o atual foco do Mossad é o programa nuclear iraniano. Em relação a esta questão, os israelenses dizem que o Mossad tem se saído muito bem – distante dos olhos do público.

Yassin Mushabarsh

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Saladino




Saladino (em árabe: صلاح الدين يوسف بن أيوب, transl. Ṣalāḥ ad-Dīn Yūsuf ibn Ayyūb; em curdo: سهلاحهدین ئهیوبی, transl. Selah'edînê Eyubî; c. 1138 — 4 de março de 1193)

 No século XII, o curdo saiu do anonimato ao reconquistar os territórios sagrados tomados pelos cristãos durante as cruzadas. Em uma carreira meteórica, ele se tornou sultão de um império que se estendeu da Síria ao Egito, passando pela disputada Jerusalém


"Glória a Deus que gratificou o Islã com esta vitória e que reconduziu esta cidade ao bom caminho após um século de perdição! Honra a este exército que Ele escolheu para consumar a conquista! E saudação a ti, Saladino Yussef, filho de Ayyub, que restituiu a esta nação sua dignidade injuriada!". Foi com essas palavras, na sexta-feira de 9 de outubro de 1187, uma semana depois da reconquista de Jerusalém, que o cádi de Damasco, Mohiedin Ibn al-Zaki, abriu o seu sermão na mesquita de Al-Aqsa, dentro da Cidade Santa. Seu discurso era um agradecimento a Salah al-Din Yusuf bin Aiub, conhecido no Ocidente como Saladino, responsável por tomar a cidade dos cruzados. Finalmente, depois de quase 90 anos de dominação ocidental e longos e sangrentos combates, os muçulmanos voltavam a ocupar um dos lugares mais sagrados do Islã, de onde o profeta Mohammad (AS) teria ascendido ao céu, cinco séculos antes.

Feitos como esse fizeram de Saladino um verdadeiro herói do mundo islâmico. O Ocidente o conheceu, em parte, recentemente, por intermédio do filme Cruzada (2005), de Ridley Scott. No entanto, a figura do sultão e estrategista curdo, nascido no ano de 1138 em Tikrit (atual Iraque), é muito mais ampla que uma aparição coadjuvante em um longa-metragem hollywoodiano. Até hoje ele é lembrado como um dos principais chefes militares muçulmanos, um símbolo da luta e da resistência contra a ocupação ocidental. Muitos são seus atributos, como bem descrevem vários historiadores árabes e europeus. Foi retratado como um bravo guerreiro no campo de batalha, um negociador astuto no campo da diplomacia, uma pessoa generosa com os vencidos e também um homem de muita sorte, atributo que o acompanharia por toda a sua vida, cercada de mitos e lendas.

Foi em meio a intrigas, traições, avanços e batidas em retiradas que surge a figura de Saladino. Ele era filho de Ayyub (Jô, em português), daí o nome da dinastia aiúbida, da qual seria o fundador. Convidado por seu tio Chirkuh a conquistar terras egípcias e chegar ao Cairo (sede do califado xiita e da dinastia fatímida), ele entrou, aos 25 anos, como mais um anônimo e saiu, seis anos depois, como vizir do reino mais rico do mundo árabe. Saladino e seu tio serviram a Nuradin, filho de Zinke (comandante turco que reconquistou Edessa dos francos, no ano de 1144) e senhor da Síria, um dos mais fortes reinos do mundo muçulmano daquele momento.

Para Nuradin, a presença européia na região era considerada uma invasão e o xiismo, uma heresia. Por isso, ele conclamou um jihad contra os francos e os inimigos do sunismo, no caso, os xiitas fatímidas do Egito. Vale ressaltar que o termo jihad refere-se a um substantivo masculino e é erroneamente empregado no Ocidente como guerra santa. De forma simplificada, a palavra significa uma reação a uma ação, uma luta ou combate contra o mal, uma invasão, uma ofensa, a mentira, as injustiças, a opressão, um crime ou uma violência.

Foi com este pensamento que Saladino e Chirkuh partiram rumo ao Egito, onde o poder se alternava de mãos em mãos devido a disputas internas. O lugar era também objeto de extrema cobiça dos franj. Essa terminologia era usada, inicialmente, apenas para denominar os francos, mas acabou se tornando usual para se referir a todo indivíduo do Ocidente.

Após anos de batalha e três campanhas, as forças sírias saíram vencedoras. Chirkuh era a pessoa mais apropriada para governar as novas possessões de Nuradin, mas morreu vítima de um suposto mal-estar. Para ocupar a posição de vizir (governador) da extensão egípcia do império sírio, foi escolhido, intencionalmente, aquele que parecia o menos capaz para a empreitada: Saladino. "Era o mais jovem e parecia ser o mais inexperiente e o mais fraco dos emires do exército". Essa era a opinião dos conselheiros, de acordo com os relatos do historiador árabe Ibn al-Athir. Mas o curdo se mostrou justamente o contrário. E, em pouco tempo, consolidou sua autoridade.

O sucesso de Saladino no Egito era fonte de preocupação para Nuradin. O clima de tensão cresceu entre pupilo e mestre, a ponto de o segundo recusar, por diversos momentos, um encontro direto com o senhor da Síria. Em Damasco, o filho de Ayyub foi acusado de insubmissão e traição. Não é para menos. Por anos, recusou-se a colocar fim ao califado xiita, que havia dois séculos reinava ali. No lugar disso, preferiu "apenas" eliminar funcionários fatímidas que não lhe foram confiáveis. Quanto ao califa Al-Adid, preferiu não tocar nele temendo uma reação da população local, o que colocaria em risco sua posição.

O vizir Saladino preferiu esperar. Além de desenvolver uma sincera amizade com Al-Adid, que tinha apenas 18 anos, sabe que, apesar de sua jovialidade, é uma pessoa frágil e doente. Portanto, para que mexer em um vespeiro se supunha que a natureza lhe faria o trabalho que deveria ser dele? De fato, o califa morreu dois anos depois da entrada do curdo no Cairo, pondo fim à dinastia fatímida.

Nesse meio tempo, teve de ter habilidade e diplomacia para não entrar em um confronto direto com o seu mestre de Damasco. Em pelo menos um momento, Nuradin se dispôs a invadir o Egito. Saladino tinha homens dispostos e força suficiente para suplantar tal investida. A decisão que tomaria poderia justificar a pecha de ambicioso, já há muito empregada pelos funcionários de Damasco, ou servo fiel e leal, como seu pai fora a vida inteira. Foi justamente Ayyub quem alertou o filho de que o tempo estava ao seu favor, sendo equivocado medir forças com quem devia submissão.

Em vez da espada, o então vizir do Egito preferiu empunhar uma pena e escrever para Damasco. Na carta, ressaltou que o Egito pertencia a Nuradin e que bastaria que o seu senhor lhe enviasse um camelo ou um cavalo para que ele, Saladino, fosse até a Síria como homem humilde e submisso. A medida foi suficiente para aplacar a desconfiança de Nuradin, mas despertou em Saladino a desconfiança de que uma investida viria de fato a acontecer. Antecipando-se a esse momento, pediu para que seu irmão, Turanshah, conquistasse o Iêmen, ordem que foi cumprida. Doravante, esse país, localizado na extremidade da Península da Arábia, seria um porto seguro caso ele e sua família precisassem de abrigo. Jamais precisaram.

A "sorte" que levou Saladino ao posto de vizir do Egito, com direito ao título de al-malik al-nasser (o rei vitorioso), foi a mesma que o conduziu, mais tarde, ao posto do seu mestre intelectual. Com a morte de Nuradin, em 1174, o curdo se tornou sultão de um reino que já se estendia do Egito até a região central da atual Turquia. E, sem se fazer de rogado, levantou a mesma bandeira defendida por seu antigo senhor: unificação do mundo árabe, mobilização dos muçulmanos para a reconquista das terras ocupadas, sobretudo Jerusalém.

Aparentemente, tudo conspirou a favor de Saladino. Depois de Chirkuh e Nuradin, foi a vez de Amaury, rei de Jerusalém, morrer e passar o trono para Balduíno IV, um jovem de 13 anos que morreu de lepra aos 24 e passou o comando a Guy de Lusignan. O único soberano capaz de rivalizar com as forças de Saladino, por possuir um poderoso exército, era Manuel de Constantinopla. Mas os homens de Manuel acabaram sendo esmagados pelos soldados de Kilij Arslan II, neto de Nuradin, e o rei bizantino morreu pouco tempo depois, fato que deixou a região fragilizada e incapaz de se reorganizar. Com todas essas brechas do destino, Saladino só teria de esperar a hora ideal para tomar Jerusalém dos franj.

O momento certo para Saladino surgiu em 4 de julho de 1187, após a conquista da Mesopotâmia. Estrategicamente, o exército de Saladino ficou à espera dos soldados franj, posicionado em um ponto elevado da região, tendo às suas costas o lago de Tiberíades. Para não morrer de sede, os soldados de Jerusalém teriam de lutar, e muito, para vazar aquele bloqueio. Esse era o cenário da Batalha de Hattin, nome herdado da pequena vila localizada ali próximo. Naquele dia, totalmente sedentos, cansados e desnorteados, os 12 mil soldados do rei Guy de Lusignan foram cercados e esmagados.

Como prêmio, Saladino se apoderou de uma cruz trazida como amuleto pelos franj, que acreditavam ser a mesma na qual Cristo teria sido crucificado. A partir dessa vitória, o caminho foi aberto para Jerusalém. Mas nada foi tão fácil quanto parecia, e a entrada na cidade só se deu mais de dois meses depois. Antes de bater às portas da Cidade Santa, o sultão foi tomando todas as posições dos cruzados, como Tiberíades, a cidade de Acre, Galiléia, Samaria, Naplusa, Haifa, Nazaré, Jafa, Saida (depois de 77 anos de ocupação), Beirute, Jibail, Ascalon, Gaza e, finalmente, Jerusalém, que na época era liderada por Balian d'Ibelin.

Em 2 de outubro de 1187 (ou 27 rajab do ano 583 da hégira), Saladino assinou um acordo de salvo-conduto a todos os moradores da Cidade Santa, e Balian entregou a jóia da coroa ao filho de Ayyub. Finalmente, os muçulmanos puderam orar nos lugares sagrados da cidade como senhores e não mais como incômodos inquilinos. Naquele mesmo dia, uma cruz instalada na cúpula do Rochedo foi retirada, e a bela mesquita de Al-Aqsa, que havia sido transformada em igreja, voltou a ser lugar de culto muçulmano. Seria ali, depois de aspergida com águas de rosa, que o cádi de Damasco, Mohiedin Ibn al-Zaki, saudaria Saladino pela mais nobre de suas conquistas. "Allahou akbar" (Deus é grande) era a frase mais ouvida na Cidade Santa, nos dias que sucederam à sua retomada.

A conquista de Jerusalém pelos muçulmanos foi um duro golpe para a moral cristã. Não é à toa que pouco mais de um ano depois, o papa Gregório VIII convocou a Terceira Cruzada para a reconquista da Terra Santa. Foi a maior força cruzada já reunida desde 1095, mas não conseguiu o seu fim, apesar de algumas reconquistas.

Ciente de que em uma guerra nem sempre os acordos são respeitados e que entre os perdedores havia o medo iminente de um massacre, coube mais uma vez a Saladino dar mostras de sua sensatez, permitindo a peregrinação aos fiéis não-muçulmanos, aumentando a guarda dos lugares de culto dos cristãos, como a Igreja do Santo Sepulcro, e dando ordens rigorosas a seus homens para que não perseguissem quaisquer cristãos.


O sultão de modos afáveis, pequeno e de aparência frágil, apesar de sua reconhecida generosidade, em pelo menos dois momentos negou a misericórdia aos seus vencidos. Um deles foi em 1179, na tomada do castelo de Bait al- Ahazon. Ali teria ordenado a execução de 700 prisioneiros. Cerca de oito anos depois, pós-Batalha de Hattin, foi ele próprio o algoz de Renaud de Chatillon, a quem jurara matar com as próprias mãos. Nesse mesmo dia, os cavaleiros templários e hospitalários, inimigos mortais de Saladino, foram vítimas da mesma sorte. É um claro exemplo que a misericórdia do filho da Ayyub tinha limite e que não poderia faltar com a sua palavra ou demonstrar fraqueza diante dos seus comandados.

Com a morte de Saladino, seus domínios, que iam da Síria ao Egito, fragmentam-se em governos enfraquecidos, controlados por membros de sua família, os aiúbidas. Saladino deixou 18 filhos, sendo apenas um deles mulher, e dois irmãos. O reino do Egito foi o mais bem-sucedido, tendo um período de crescimento econômico e prosperidade graças à presença de mercadores italianos, franceses e catalães, que operaram com os portos sob controle aiúbida. Além disso, o Egito se tornou um centro de erudição e literatura árabe, e dividiu com a Síria a primazia cultural naquela região, conservando-a até o período moderno.


Para quem não queria a glória militar e por longos anos tinha se dedicado ao estudo da teologia islâmica, Saladino chegou ao fim da vida como modelo do salvador muçulmano.

Saladino manteve-se soberano de Jerusalém e, já na sua velhice, seguiu para Damasco, sua cidade preferida, onde morreu em 4 de março de 1193, aos 55 anos. Para os padrões da Idade Média, em que devido a guerras, doenças e fome e a expectativa de vida girava em torno de 30 anos, pode-se dizer que, conforme o termo bíblico, foi farto em dias.

Saladino morreu pouco depois da partida de Ricardo. Quando o tesouro de Saladino foi aberto não havia dinheiro suficiente para pagar por seu funeral; ele havia dado a maior parte de seu dinheiro para caridade.

Sua tumba fica em Damasco, na Mesquita de Umayyad, e é uma atração popular.

Considerado o campeão da guerra santa, Saladino se tornou o herói de um ciclo de lendas, que percorreram todo o Oriente médio e a Europa, e seus feitos são lembrados e admirados até os dias de hoje pelos povos muçulmanos.

Forte protetor da cultura islâmica, não era apenas um líder militar, mas também um excelente administrador dos seus domínios. Mandou reconstruir a mesquita de Al-Aksa na cidade de Jerusalém, e ordenou também a construção da cidadela do Cairo e outros monumentos de interesse.