Modelos mais baratos de impressoras que produzem objetos tridimensionais de plástico, chamadas impressoras 3D, começam a chegar ao mercado brasileiro. A empresa Robtec lançou no Brasil duas opções de impressoras 3D com preços mais acessíveis que permitem ao usuário criar objetos como capinha de celular ou peças de Lego.
Um dos modelos custa R$ 5,7 mil e permite imprimir pequenas peças em cerca de 20 minutos. Antes, impressoras 3D custavam a partir de R$ 60 mil e eram adquiridas apenas por grandes empresas. “Essas máquinas estão mais baratas porque são menores, o que limita o tamanho dos objetos, e por não proporcionarem tanto acabamento e precisão”, explica Luiz Fernando Dompieri, diretor-geral da Robtec.
Agora, consumidores domésticos podem ter a máquina para produzir peças de decoração ou como hobby. “No dia do lançamento, um cliente comprou uma das máquinas para tê-la em casa”, conta Dompieri.
consumidores finais, as máquinas também estão mais acessíveis aos pequenos empresários e escolas. “O objetivo das companhias menores é apenas visualizar como a peça ficará em 3D. Eles não estão preocupados com o acabamento”, explica Dompieri. “Nas escolas, um professor de Física poderá usar a impressora para criar uma peça geométrica, por exemplo”.
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As máquinas usam fios de plástico que são carregados por um tubo quente que esquenta o material até deixá-lo bem fino. Os objetos 3D são desenhados camada por camada por esse fio quase líquido
Para imprimir os objetos, o cliente precisa usar programas que criam desenhos em 3D, como o AutoCAD. Isso limita o uso da tecnologia hoje, segundo Michele Marchesan, vice-presidente da 3D Systems, que comprou a companhia inglesa Bits From Bytes (BFB), fabricante das máquinas.
Por isso, a BFB estuda disponibilizar desenhos já pré-montados que poderão ser apenas adaptados pelos consumidores. “As pessoas poderão baixar pela internet alguns arquivos e personalizá-los sem precisar ter nenhum conhecimento nesses programas”, afirma Marchesan.
“Quando compramos a Bits From Bytes, consideramos uma grande aquisição porque poderíamos democratizar o acesso as impressoras 3D. Nós acreditamos que esse é o futuro, que todo mundo terá uma impressora 3D em casa”, conclui.
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A impressora RapMan 3. custa R$ 5,7 mil, pesa 17 kg e precisa ser montada pelo cliente em casa. A segunda máquina é a “BFB – 3000”, que custa R$ 12,4 mil e pesa 37 kg. Nesse caso, a impressora já vem montada, por isso é mais cara. Ambas são fabricadas pela companhia inglesa Bits From Bytes (BFB).
Impressoras 3D
Impressora 3d Repman 3.2 Montada 2 Cabeças Pronta Entrega |
PRINTER3D |
Na década de 1970, grupos de entusiastas, ou hobbyistas, montavam seus próprios computadores e reuniam-se para trocar informações --uma consequência do barateamento de componentes, que deixou kits mais acessíveis.
Esse movimento levou ao surgimento de empresas como a Microsoft e a Apple e, posteriormente, à revolução da computação pessoal.
Hoje, uma nova geração de hobbyistas monta de tudo --inclusive impressoras 3D.
"Vejo muitos paralelos entre a indústria da computação e a da impressão 3D", diz Terry Wohlers, presidente da Wohlers Associates, consultoria especializada nesse mercado.
"Até recentemente, a maioria das impressoras 3D era equivalente aos antigos mainframes, diz ele. "Agora vemos kits 'faça-você-mesmo' que são, de certa forma, similares ao kit de computador da Altair de 1975."
Relativamente barato e flexível, o Altair 8800, da MITS, fez sucesso entre entusiastas e empresas e iniciou a revolução da computação pessoal.
Hoje, empresas como 3D Systems e MakerBot oferecem nos EUA, por pouco mais de US$ 1.000, impressoras 3D que podem ser montadas em casa. Futuramente, assim como ocorreu com os PCs, elas não serão limitadas a hobbyistas --mais baratas e simples, poderão ser compradas e utilizadas por usuários comuns.
Isso não necessariamente significa que todo o mundo terá o equipamento. Para Wohlers, o contato do consumidor com a tecnologia ocorrerá principalmente por meio de produtos derivados dela --peças impressas em 3D e vendidas na Amazon, por exemplo.
LONGA CAUDA DAS COISAS
Um fenômeno semelhante ocorreu com a computação pessoal: mais do que os aparelhos, seu principal legado para o usuário final são os programas e sistemas derivados dela. Entre eles, a internet.
A rede facilitou o acesso à informação e democratizou a criação e a distribuição de conteúdo. "A consequência foi um grande crescimento no alcance da participação e dos participantes em tudo o que é digital --a longa cauda dos bits", escreveu Chris Anderson, editor-chefe da "Wired". "Agora, o mesmo está acontecendo com a fabricação --a longa cauda das coisas."
Ferramentas mais simples e baratas, físicas e digitais, têm fortalecido o movimento "maker" (criador), formado por entusiastas em fabricação pessoal, interessados em produzir suas próprias coisas.
Eles encontram-se em eventos como a Maker Faire e em "hackerspaces" --tipos de laboratórios para atividades sociais e de criação. Sites como o Thingiverse, o Instructables, o Shapeways e o próprio YouTube servem como canais para troca de projetos.
E "o catalisador mais importante para o movimento maker", diz Wohler, será a impressão 3D. Ela diminui a importância da economia de escala no processo de fabricação, permitindo que indivíduos ou microempresas criem protótipos e produtos finais a um preço acessível.
É difícil prever quais serão as transformações a longo prazo desse fenômeno da fabricação pessoal, que Anderson chama de "nova revolução industrial", no qual "os átomos são os novos bits". Mas uma coisa parece certa: ao derrubar barreiras, ele promove a inovação.
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Imagine baixar um par de tênis, produzir um aparelho eletrônico na sua casa ou receber o transplante de um órgão produzido inteiramente em uma máquina, a partir de algumas células humanas.
Essas são algumas das possibilidades futuras mais espetaculares da impressão 3D, tecnologia que começa a ficar mais acessível no Brasil.
Usadas hoje principalmente por empresas, para criação de protótipos, e por profissionais como designers e arquitetos, as impressoras 3D são capazes de construir peças criadas em programas de desenho tridimensional.
Hoje, com máquinas que custam alguns milhares de reais, é fácil produzir brinquedos, apetrechos e peças plásticas, por exemplo, mas há potencial para criações muito mais complexas.
"Acredito que a impressão 3D vá causar uma nova revolução industrial", afirma Rodrigo Krug, diretor da Cliever, que em maio vai lançar a primeira impressora 3D fabricada no Brasil, a R$ 4.000.
Krug crê que, daqui a alguns anos, será possível produzir em casa um aparelho eletrônico completo em uma impressora 3D. "Em vez de comprar um produto fabricado na China, você comprará um design, que poderá ser impresso na sua casa."
Também no Brasil, três jovens desenvolveram um aparelho similar, a Metamáquina 3D. Para viabilizá-la, o trio tenta levantar R$ 23 mil no site de financiamento colaborativo Catarse.
"Daqui a dez anos, a impressão 3D vai ser tão comum quanto o acesso à internet, o envio de e-mails e a edição de texto", aposta Rodrigo Rodrigues da Silva, um dos criadores da impressora, que custará entre R$ 2.900 e R$ 3.700.
No site brasileiro Imprima 3D, é possível encomendar a impressão de objetos 3D, que são entregues pelo correio.
Os preços dependem do tamanho do objeto e do material usado. Um anel custa R$ 2,86, enquanto um boneco de 8x8x7,9 cm sai por R$ 442,53.
"Lançamos esse serviço para que as pessoas conheçam a tecnologia e saibam que ela não está tão distante assim, não é uma coisa de outro mundo", diz Vinicius Dourado, gerente da Imprima 3D.
A Robtec, empresa do mesmo grupo, comercializa no Brasil impressoras 3D importadas que custam de R$ 5.700 a R$ 179.900.
Em janeiro, o site de compartilhamento de arquivos The Pirate Bay criou uma nova categoria para arquivos de objetos 3D --medida que deve contribuir para estender os debates sobre direitos autorais a bens tangíveis.
"Acreditamos que, no futuro próximo, você vai imprimir peças de reposição para os seus veículos e, em 20 anos, vai baixar seu par de tênis", escreveu um dos responsáveis pelo Pirate Bay, de apelido WinstonQ2038, no blog oficial do site.
Neste ano, nos EUA, a empresa Organovo conseguiu gerar pequenos pedaços de tecidos humanos em uma impressora 3D a partir de células musculares.
A ideia é usar essa técnica para criar órgãos humanos inteiros que poderão ser usados em transplantes.
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Boa notícia: as pessoas talvez não sejam assim tão diferentes das máquinas.
Na terça-feira, uma pequena companhia de San Diego chamada Organovo Holdings, que já produz tecidos humanos em pequena escala, anunciou parceria com a produtora de software Autodesk para projetar uma plataforma bioimpressora.
A ideia é utilizar parte do software da Autodesk hoje empregado para o projeto e fabricação de objetos inanimados, tais como luminárias ou eletrodomésticos, a fim de construir tecidos vivos e, no futuro, órgãos humanos.
Caso órgãos vivos possam ser produzidos da mesma maneira que hoje fabricamos, por exemplo, floreiras e componentes de aviões, com o uso de impressoras tridimensionais, o custo da medicina talvez caia, e a capacidade dos serviços médicos aumentará.
"No momento, podemos criar uma fatia tridimensional de fígado instruindo uma 'impressora' quanto ao posicionamento de células", disse Keith Murphy, presidente-executivo da Organovo. "Podemos criar algo com menos de um milímetro de espessura, que colocamos em um banco de testes para estudos de medicamentos. A questão de longo prazo é se poderemos produzir um fígado inteiro".
Esse seria um processo mais complexo, envolvendo colocação precisa de células para a confecção do material do órgão e de complementos como veias e capilares, e ao mesmo tempo manter todo o complexo vivo. Murphy declarou que provavelmente serão necessários muitos anos de trabalho antes que isso aconteça.
A tarefa também seria muito mais ambiciosa do que os demais esforços de produção de órgãos, a exemplo da criação de uma traqueia adulta usando células-tronco em um tubo de plástico esterilizado, empreendida por uma equipe de cirurgiões de Baltimore.
Um projeto de prazo mais curto envolveria a produção de fatias de fígado para testes de medicamentos, o que permitiria que cientistas testassem facilmente coisas como dosagens variáveis de medicamentos, e a criação de tecidos para testes cirúrgicos. A Organovo teria de produzir quantidade significativa de material em suas impressoras, nesses dois casos.
Murphy disse que trabalhar com a Autodesk, que já trabalhou extensamente no segmento de impressoras 3D, oferecerá à sua empresa melhor compreensão de como desenvolver software 3D, o que ajudará a Organovo e outras companhias a projetar tecidos tridimensionais melhores.
A Autodesk, por sua vez, quer simular de que forma objetos tridimensionais não vivos são criados, para que possa melhorar suas operações básicas.
"Se você projeta um chassi de automóvel, o projeto não se altera", diz Carlos Olguin, que comanda o grupo de software biológico, nanodimensional e programável da Autodesk. "A impressão biológica envolve a montagem autônoma de coisas como células-tronco. É um paradigma de design diferente que pode ter grande efeito sobre coisas como protótipos em escala maciça".
"Porque que a biologia está se tornando uma disciplina mais madura em termos de engenharia, queremos encontrar muito mais parceiros", ele disse. As empresas não estão pagando uma à outra pela colaboração, e duas equipes de cerca de quatro pessoas, uma de cada companhia, trabalharão juntas em no que Olguin definiu como "primeira fase" do projeto.
"Os últimos dez anos foram sobre descobrir novas maneiras de criar, inventar e trabalhar em grupo usando a internet. Os próximos dez serão sobre aplicar essas lições ao mundo real."
"Este livro é sobre os próximos dez anos."
É com leve prepotência que Chris Anderson, editor da revista "Wired", define seu mais recente lançamento, "Makers: The New Industrial Revolution" ("Fazedores: A Nova Revolução Industrial"), publicado no início do mês.
A obra se propõe a analisar um novo movimento de "faça você mesmo", desencadeado pelo início da popularização de impressoras 3D --há exemplos até no Brasil, conforme noticiou (bit.ly/impressoras3D).
Por meio da transformação de bits em átomos --informação em objetos--, ou por possibilitar essa transformação, as empresas dos "makers" dariam um passo adiante.
Passo que Facebook, Google e outras companhias da era da informação não deram.
Dividido em duas partes, "A Revolução" e "O Futuro", o livro parte do pressuposto de que os "makers" são mais que sonhadores de fundo de garagem, e o leitor é obrigado a comprar a ideia se quiser seguir o raciocínio.
Para tentar provar o ponto de vista, Anderson usa como principais exemplos duas iniciativas: uma do avô materno dele, Fred, e outra tomada por ele próprio.
No primeiro caso, o inventor criou e patenteou um sistema elétrico para automatizar a rega de jardins. Depois, licenciou a tecnologia, recebendo por direitos autorais.
No segundo caso, o próprio Anderson criou uma empresa de aeromodelos, a DIY Drones. Tanto o design quanto o software são desenvolvidos on-line por voluntários, e tudo é licenciado por Creative Commons. A renda da empresa vem apenas de vendas.
Para o autor, esse modelo de criação traz vantagens, como o acesso gratuito a profissionais movidos por paixões pessoais e que sentem-se parte de uma comunidade.
Com texto rápido, Anderson leva o leitor a crer que a construção de comunidades on-line engajadas é tarefa simples, enquanto empresas investem milhões e batem cabeça para atingir a meta.
CÓPIAS BEM-VINDAS
E se outra companhia decidir copiar os produtos?
"Idealmente, outras empresas mudariam e melhorariam os produtos", diz Anderson. "Esse é o tipo de inovação que as plataformas de código aberto foram feitas para promover."
"Mas se querem apenas clonar os produtos e vendê-los por um preço menor, está tudo bem, também. Os consumidores irão decidir."
Nesse sentido, os principais valores das empresas de "makers" são marca e comunidade. Os desenvolvedores --que são, também, consumidores-- criam laços com o produto. Assim, eles preferem pagar mais por algo que ajudaram a criar, em vez de economizar com cópias.
Dentro do pensamento de Anderson, entretanto, inexiste a hipótese de uma comunidade abrir mão do produto que criou em troca de outro.
Como apêndice do livro, um manual para iniciantes em CAD (desenho auxiliado por computador), impressão 3D e escaneamento 3D pretende tornar o leitor mais empolgado um "fazedor digital".
Aos menos animados a leitura das 272 páginas talvez se torne enfadonha. Alguns argumentos utilizados pelo autor se repetem de modo insistente -e, algumas vezes, irritante- por toda a obra.
Nesse caso, a versão condensada do livro, reportagem de capa da "Wired" de novembro, talvez seja mais adequada (bit.ly/wirednov).
Makers: The New Industrial Revolution
AUTOR Chris Anderson
EDITORIA Crown Business
QUANTO US$ 14,88 (272 págs.)
PERGUNTAS E RESPOSTAS
1) O que são impressoras 3D?
São aparelhos que usam técnicas variadas --da deposição da resina plástica à moldagem de objetos com pó e laser-- para construir peças a partir de modelos digitais.
2) O que posso imprimir? Um busto meu? Uma réplica do meu gato?
As possibilidades são praticamente infinitas: brinquedos, peças de máquinas, adornos. Sim, é possível digitalizar você e seu gato e produzir um busto seu e uma réplica dele em uma impressora 3D.
3) Quanto custa imprimir em 3D?
No site brasileiro Imprima 3D, os preços dependem do tamanho do objeto e do material usado. Uma capa para iPhone, por exemplo, sai por R$ 52,97.
4) Posso ter uma impressora 3D em casa?
Sim, mas elas ainda são caras. No Brasil, podem custar a partir de R$ 4.000.
5) Qual é o público-alvo?
É bem amplo: inclui entusiastas, empresas e profissionais de áreas como desenho industrial e engenharia.
6) Quais são as vantagens?
Ela diminui a importância da economia de escala no processo de fabricação, que pode ficar mais barato, simples e rápido, diminuindo as barreiras para a criação de novos negócios e produtos.
7) E quais são os desafios?
A produção em massa permite a fabricação de produtos finais mais baratos do que os de impressoras 3D. Outras limitações incluem a dificuldade em fazer produtos complexos e a escassa oferta de materiais para impressão.
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