segunda-feira, 30 de setembro de 2013

"não existe diferença entre os terroristas moderados e os extremistas."

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid al-Moualem, afirmou nesta segunda-feira que não existe diferença entre os terroristas moderados e os extremistas.

A  crítica a países como Estados Unidos, França e Reino Unido, que defendem o apoio ao que consideram forças terroristas moderadas.

Para o chanceler Sírio, estes países incentivam o terrorismo dentro de seu país que, segundo ele, enfrenta uma guerra contra o terror.

 Para Moualem, os aliados dos terroristas estão violando resoluções contra o terrorismo aprovadas pela ONU ao respaldar os terroristas.

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"Eles treinam e fornecem suprimentos aos terroristas e não querem reconhecer que a Al Qaeda e suas associadas estão na Síria.
Vimos vídeos de terroristas destruindo corpos e comendo corações na televisão, mas essas imagens não os sensibilizam",
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"Esses mesmos terroristas sequestram crianças para vender seus órgãos, impedem que elas vão à escola e as treinam para a guerra, ensinando os conceitos da jihad [guerra santa para os islâmicos] e difundido esses conceitos pervertidos da religião".
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"Há uma relação sólida entre os desejos das pessoas e as medidas do governo, mas não podemos ter uma solução política com terroristas destruindo mesquitas e igrejas".
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Os  bombardeios de gás sarin. "Os Estados Unidos e seus aliados impediram e limitaram as funções da missão para seus próprios interesses. Certos países querem tocar os tambores da guerra".
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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

AÇÃO URGENTE Guarani-Kaiowás,



                                                      AÇÃO URGENTE

                      POVOS INDÍGENAS AMEAÇADOS NO BRASIL



Há preocupações pela segurança de cerca de 60 Guarani-Kaiowás, incluindo crianças, que no dia 15 de setembro ocuparam um canavial que eles afirmam ser sua terra ancestral, no estado do Mato Grosso do Sul. Eles têm sido ameaçados por seguranças armados de uma empresa privada, a serviço da fazenda.

No dia 15 de setembro de 2013, cerca de 60 Guarani‑Kaiowá da comunidade Apyka´i e de outras aldeias ocuparam a terra, onde atualmente há um canavial. Eles viveram naquela terra desde o século XIX até 1999, quando foram expulsos de lá e passaram a viver acampados à beira de uma rodovia. Desde que retomaram a terra, membros da comunidade relatam que seguranças de uma empresa privada a serviço da fazenda ameaçam matá-los.

A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) deveria ter definido a terra ancestral da comunidade Apyka'I em 2010, pelo compromisso assumido em Termo de Ajuste de Conduta assinado em novembro de 2007 pela Funai, Ministério da Justiça, Ministério Público Federal e 23 líderes indígenas.

Os Guarani-Kaiowá de Apyka´i denunciaram ao Ministério Público Federal que vem sendo ameaçados pelos seguranças da fazenda, que também os impedem de recolher água de um córrego que atravessa o canavial. Funcionários dessa empresa de segurança já foram acusados de terem cometidos crimes, incluindo dois assassinatos, em processos ainda em andamento. O procurador da República afirmou que a empresa realiza atividades “indiscutivelmente ilícitas” e demandou seu fechamento.

Por favor escreva imediatamente em português ou no seu próprio idioma:

    Instando as autoridades a garantir que os Guarani-Kaiowá não sejam submetidos a agressões e ameaças;

    Apelando às autoridades para que cumpram suas obrigações sob a Constituição brasileira, a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho e a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas, completando todas as demarcações de terra.



POR FAVOR ENVIE OS APELOS ANTES DE 4 DE NOVEMBRO DE 2013 PARA:

Ministério da Justiça
Ministro da Justiça
Exmo. Sr. José Eduardo Martins Cardozo,
Esplanada dos Ministérios,
Bloco "T", 4º andar,
70064-900 – Brasilia - DF, BRASIL
Fax: + 55 61 2025 7803
Saudação: Exmo. Sr. Ministro





Secretaria de Direitos Humanos
Ministra-Chefe da Secretaria de Direitos Humanos
Exma Sra. Maria do Rosário Nunes
Setor Comercial Sul-B, Quadra 9, Lote C
Edificio Parque Cidade Corporate,
Torre "A", 10º andar,
70308-200 – Brasília - DF, BRASIL
Fax: + 55 61 2025 9414
Saudação: Exma. Sra. Ministra


E cópias para:

ONG
Conselho Indigenista Missionário (CIMI)
CIMI Regional Mato Grosso do Sul,
Av. Afonso Pena,
1557 Sala 208 Bl.B,
79002-070 Campo Grande - MS, BRASIL



Por favor confirme com  sua seção ou escritório para enviar apelos depois da data mencionada acima.
Jandira Queiroz Praça São Salvador, 5 Laranjeiras Fax (21) 31748617 Email contato@anistia.org.br Saudação: Prezada

AÇÃO URGENTE

POVOS INDÍGENAS AMEAÇADOS NO BRASIL



INFORMAÇÃO ADICIONAL

O estado de Mato Grosso do Sul contém algumas das menores, mais pobres e mais densamente povoadas áreas indígenas do Brasil: bolsões rurais de pobreza cercados por grandes plantações de soja, canaviais e fazendas de criação de gado, nos quais a vida é afetada por más condições de saúde e de moradia. Cerca de 60.000 integrantes do povo Guarani-Kaiowá vivem uma existência precária – a ruptura de laços sociais levou a altos níveis de violência, suicídio e desnutrição. Frustrados pela demora no processo de demarcação de terra, os Guarani-Kaiowá começaram a reocupar suas terras ancestrais, mas têm sido submetidos à intimidação e remoções violentas.

Devido ao fracasso contínuo em solucionar as demandas pendentes por terra, diversas comunidades Guarani-Kaiowá terminaram vivendo à margem de rodovias, como a BR-463. Elas têm sido ameaçadas por seguranças contratados para impedi-las de tentar reocupar suas terras, e sofrem com problemas de saúde por causa da vida em abrigos temporários, sem assistência médica. Além disso, muitos foram mortos e feridos em acidentes de trânsito.

Tanto a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas (que o Brasil assinou em 2007) quanto a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, da qual o Brasil é parte, asseguram os direitos dos povos indígenas às suas terras ancestrais e convoca os Estados a estabelecer mecanismos para reconhecê-los e defendê-los nos tribunais. A Constituição brasileira (1988) também confirma esses direitos e a responsabilidade do Brasil em demarcar as terras indígenas.

Nome: 60 Guarani‑Kaiowá
Gênero: m/f: ambos


UA: 254/13 Index: AMR 19/008/2013 Issue Data: 23 de Setembro de 2013

domingo, 22 de setembro de 2013

Dener e Clodovil , no velório .



Esta quem contou foi o Clô.

Clô e o Dener saíram , se não me engano do antigo Teatro da Record na Rua da Consolação 
, 1.992.(antigo Cine Rio) , ao passar pela Igreja da Consolação , Dener observou que ocorria ali um velório.

Ele gritou para ...para...

Pararam  , e o Clô sem entender nada foi junto com ele para a Igreja , o Dener todo de Cor Rosa , terno , chapéu  , posicionou-se junto ao caixão e entristeceu-se.,
 

o Clô não entendia nada , os presentes muito menos.

Todos espantados com tal demonstração de afeto.

Retornaram ao carro , o Clô ainda emocionado perguntou ao Dener
, de onde ele conhecia o amigo falecido.

Dener respondeu : NUNCA O VI.

 

___   O  Brasil ,  São  Paulo ,  a  indústria  Paulista  ,deve  muito  a  estes  dois  Profissionais  ,  que com  muito  sacrifício  pessoal  ,  ajudaram  e  muito  ,  a implantar  a  Indústria  da  Moda  no  Brasil.

Ao  menos  o  nome  de  uma  Rua  para  eles  é  devido ,  não  é  mesmo .



A vida de Dener é contada em dois livros biográficos.,

O Bordado da Fama - Uma Biografia de Dener (de Carlos Dória, editora Senac) e
A Ópera de Dener (de Maria Doria, não editado). Apesar do nome de família em comum, os escritores não são parentes.
 Dener também escreveu uma autobiografia, intitulada Dener - o luxo, editada pela editora Laudes, do Rio de Janeiro, em 1972. O livro foi relançado pela editora Cosac Naify em agosto de 2007.

Domingo, dia 22 setembro,equinócio da primavera.





O próximo equinócio da primavera,  Domingo, dia 22 setembro, é um dos portais energéticos mais importantes de 2013.

Um portal energético é uma espécie de janela que se abre, e que permite com que a gente aguce nossa percepção sobre nós mesmos e sobre o mundo.

Vivenciar essas mudanças energéticas nos dá a oportunidade de acelerar imensamente nosso crescimento espiritual e, assim, encontrar um novo equilíbrio na nossa vida.

É um momento incrível para   ´clarear´ nosso propósito de vida e dar um direcionamento melhor sobre nosso futuro.

Também é um momento bom pra gente ‘jogar fora’ aquilo que não presta mais…
na verdade a gente fica um pouco mais sensível em relação ás coisas que não fazem mais sentido pra gente…
 

e sente que é mais fácil separar o joio do trigo, o que ainda faz sentido na nossa vida e o que não vale a pena manter.

Como a gente sabe se está sendo influenciado por esse portal  ?.

 A sensação mais comum é de estar em uma roda gigante…
as vezes a gente está se sentindo no topo, muito confiante, sentindo que a nossa vida está nas nossas mãos e que a gente é capaz de tudo…
 

de repente, de uma hora pra outra, a gente se sente por baixo, inseguro, meio desesperado, meio incapaz de enxergar o que está acontecendo e como dar um rumo pras nossas vidas.

 Dores de cabeça e um certo mal estar podem também ocorrer.. má digestão, certa intolerância para luz, barulho…

A tendência é que a gente se isole um pouco, até mesmo para diminuir a interferência externa e assim, conseguir assimilar melhor essas mudanças.

Muita gente já está se sentindo assim faz uns meses, se bobear desde o ano passado ou a alguns anos.

A tendência é que esses efeitos sejam potencializados esses dias – e principalmente no próximo domingo, durante o equinócio.

Para quem nunca percebeu nenhuma mudança, para quem a vida é a mesma desde sempre, é muito provável que venham a sentir efeitos dessa mudança de energia, mesmo que não saibam dizer o porque estão se sentindo tão diferentes.

É importante entender que cada pessoa vai ter uma experiência diferente e a intensidade com que cada um vai vivenciar as mudanças energéticas vai variar muito de acordo com o nível de consciência que cada um já se encontra.

 Não se preocupe se uma pessoa próxima de vc não está sentindo nada…
 ou se estiver sentindo sintomas muito fortes…
cada um tem o seu tempo para acordar, e isso precisa ser respeitado.

Ninguém vai ser deixado para trás! .

Algumas pessoas vão perceber as mudanças como muito positivas, outras como muito negativas… tudo depende do nível de consciência que cada um já atingiu.


Outro ponto importante é que o portal representa o pico energético.

Mudanças energéticas não ocorrem de uma hora pra outra, em um momento específico…
 elas já estão ocorrendo faz umas semanas e a cada minuto que a gente se aproxima do portal, a energia aumenta.

Tenho ouvido muitas pessoas reportarem mudanças muito fortes…
 algumas entendendo completamente o que está ocorrendo, e outras menos conscientes, mas simplesmente aceitando que a vida está ficando meio ‘diferente’ .

O importante é a gente entender que essas mudanças são naturais, elas acontecem porque nós estamos nos adaptando a uma nova realidade planetária que está sendo instaurada.

A cada novo portal, a cada nova leva de energia que a gente recebe, nossa frequência vibracional aumenta, o que torna a gente mais consciente…
faz com que a gente evolua na nossa jornada espiritual e ganhe um rumo mais concreto em relação ao nosso propósito de vida.

Temos que olhar para tudo isso de forma bem abrangente, sistêmica. Desde junho de 2012 a gente percorre um ciclo planetário pouco usual, que está presente para catalisar mudanças revolucionárias.

Esse ciclo continua até março de 2015. Isso quer dizer que até lá, o que precisar ser mudado na sociedade, em cada um , será mudado, vai pra luz.

 Então as revoluções sociais e principalmente as pessoais
 – porque a gente só muda fora quando muda dentro
 – irão ocorrer, mas é claro que não é da noite para o dia…
A quebra de paradigmas, a quebra de estruturas sociais…

isso tudo leva um tempo, mesmo quando as energias trabalham a nosso favor e por nós.
 É preciso ter paciência mas, principalmente, é preciso se abrir para essas energias.

Esses picos energéticos, como o que vamos vivenciar no próximo domingo, funcionam como um atalho na nossa evolução pessoal e coletiva.
 

É preciso aproveitá-la.

Mas o que fazer nesse domingo?
 

Descansar, meditar, caminhar na natureza, usar o tempo para refletir onde a gente estava, para onde a gente está caminhando
 

… buscar entrar em contato com as nossas emoções,..
tentar entender o que essa emoção diz sobre a gente, sobre o nosso momento de vida…
e sobre como olhar para frente.

É o momento de centrar, de se estabilizar, de se liberar de padrões de pensamento limitantes.


Fortes mudanças energéticas – Equinócio da primavera (22/09/13), por Bia R.

Anarquistas no Brasil




                                                          Anarquistas no Brasil

   

 Com 8.511.965 km² e uma população de cerca de 160 milhões de habitantes, "encontrado pelos navegadores portugueses em 1500", colonizado à força de chicotadas e da decepação de pares de orelhas com as mãos dos capitães do mato", cresceu pela força do trabalho escravo, como os demais países "descobertos" por espanhóis, italianos, holandeses, franceses, ingleses e outros.

    A questão social começou quando uns poucos figurões alugaram e compraram braços humanos para desbravar a terra, abrir estradas, construir pontes, moradias, carruagens e tudo o mais capaz de proporcionar uma vida confortável aos comandantes da miséria e do progresso do Brasil.

    Nos quase 500 anos de história aconteceu de tudo um pouco: compra e venda de gente como nós nos leilões em praça pública, uso de escravos novos para reproduzir filhos (mão-de-obra com pouco custo e nenhum risco) com escravas sadias, trabalho pela comida, trapaças para tomar terras férteis aos nativos, prisões, espancamentos a gosto dos patrões e tudo o mais que o cérebro humano é capaz de imaginar para dominar seus semelhantes. E eram todos boas almas tementes a Deus...

    A opressão seguiu-se às fugas e à formação dos quilombos, o mais importante foi instalado em Palmares (1602-1695), resistiu quase um século, teve 20 mil habitantes vivendo em comunidade sem leis nem amos. Zumbi e seus companheiros anteciaparam-se a Tiradentes dois séculos tentando formar uma nação dentro do Brasil.

    Independente em 1822, no grito do português Pedro I (4º de Portugal), o Brasil foi palco de muitas fugas e revoltas populares: a Setembrada e a Novembrada (1831); Levante de Ouro Preto (1833); a Sabinada (1837); a Balaiada (1838); a Cabanagem (1835-1840); a Guerra dos Farrapos (1835-1845); a Revolução Liberal (1842); a Revolução Praieira e a Proclamação da República em 1889. Pouco antes (13 de maio de 1888) havia sido promulgada a Lei Áurea acabando com a prática de comprar e vender gente.

    A rebeldia iniciada na contramão pretendia mudar a prática patronal, surrada, vergonhosa, anti-humana!

    Do velho mundo chegavam as idéias revolucionárias de navio, em livros publicados na Europa. Entravam pelos portos do Rio de Janeiro, de Santos, atravessavam as fronteiras invadindo o Brasil um pouco na cabeça de cada imigrante que vinha em busca de liberdade e de terra fértil para semear o anarquismo.

    Nas duas últimas décadas do século 19 alguns jovens brasileiros foram estudar na França e em Portugal e lá souberam das idéias libertárias. Outros estudaram no Brasil mesmo e encontraram livros de Kropotkine nas livrarias e na leitura respostas para suas inquietações.

    É dessa época Manuel de Mendonça, autor da novela social "Regeneração". O médico e higienista Fábio Luz encontrou na Bahia Palavras de um Revoltado, de Kropotkine, leu essa revolucionária obra e tornou-se anarquista. Escreveu e publicou Ideólogos e Os Emancipados, duas obras libertárias do início do século 20, sendo desde então considerados os primeiros escritores brasileiros a tratar da questão social no romance.

    Aos dois intelectuais anarquistas juntaram-se Elísio de Carvalho, o estudante de medicina J. Martins Fontes, Pedro do Couto, Rocha Pombo, Pausilipode da Fonseca, João Gonçalves da Silva e Maximino Maciel, formando o grupo que publicou, no Rio de Janeiro, mais adiante, a revista Kurtur, e fundaram a Universidade Popular, em 1904, duas iniciativas anarquistas.

    Avelino Foscolo, começou em Minas Gerais, Reinaldo Frederico Greyer, no Rio Grande do Sul, Ricardo Gonçalves (tem uma rua com seu nome em São Paulo), Benjamin Mota, Edgard Leuenroth e João Penteado, em São Paulo; Orlando Corrêa Lopes, Francisco Viotti, Domingos Ribeiro Filho, Lima Barreto e José Oiticica, no Rio de Janeiro. De Portugal chegou Neno Vasco, um ilustre advogado, fez escola como anarquista em São Paulo (1901-1911), entre outros responsáveis pela sementeira anarquista no território brasileiro.

    Em 1890 chegaram da Itália Giovani Rossi e seus companheiros para fundar a Colônia Cecília no Paraná.

    A São Paulo, Guararema, chegou o italiano Artur Campagnoli e aos poucos Gigi Damiani, Alexandre Cherchiai, Oresti Ristori, Frederico Kniestedt, valorosos militantes italianos e de outros países que, depois de dar um salto no escuro para se ajustar ao clima tropical, às formas de trabalho, aos costumes, à alimentação, ainda tiveram que aprender o idioma português. A única coisa que pouco diferenciava o Brasil da Europa era a questão social, a exploração do homem pelo homem.

    Lícito é destacar que o motor de propulsão do movimento anarquista no Brasil veio da Itália, foram os imigrantes deste país que sacudiram e agitaram com maior intensidade a questão social, as reivindicações e começaram uma propaganda sistemática do anarquismo e do anarco-sindicalismo. Em idioma italiano ou em português, publicaram dezenas de jornais, fizeram centenas de palestras, realizaram espetáculos teatrais com peças revolucionárias e por isso muitos foram presos, expulsos e outros tiveram de mudar de atividades para se esconder, embora uns poucos também tenham melhorado de vida e abandonado as idéias.

    Dessa sementeira que envolveu em primeiro plano os italianos, seguidos e apoiados por portugueses, brasileiros, espanhóis e outros, circularam pelo Brasil mais de uma centena de jornais e revistas (entenda-se títulos) anarquistas e anarco-sindicalistas, sendo quatro diários; fundaram e dirigiram escolas de ensino racionalista, formaram grupos de teatro e representaram mais de uma centena de peças libertárias e anticlericais, fizeram comícios públicos contra a guerra, o serviço militar obrigatório, reduziram a jornada de trabalho (quando chegaram oscilava entre 16 e 10 horas diárias), bateram-se pela higiene e segurança no trabalho, por uma infinidade de melhorias tornando o trabalho menos penoso para o proletariado do Brasil. Mais de um milhar foram expulsos com a roupa do corpo acusados de agitadores estrangeiros, umas dezenas morreram lutando com a polícia. O primeiro anarquista assassinado foi o italiano Polenice Mattei, em São Paulo, no dia 20 de setembro de 1898.

    Para se entender a trajetória do anarquismo no Brasil, confundido com o movimento sindicalista revolucionário ou anarco-sindicalista, é preciso definir ainda resumidamente o que os distingue e por que se confundem.

    Movimento Anarquista: ação de grupos anarquistas, em conjunto ou separadamente, composto por células orgânicas, comunas, grupos, centros de estudos, uniões e federações.

    O movimento anarquista não é exclusivamente uma organização de operários para operários, é ação de indivíduos que se opõem e dão combate ao capitalismo, almejando a derrocada do Estado e a reconstrução de uma Nova Ordem Social, descentralizada horizontalmente, autogestionária. Não é a revolta dos estômagos, é a revolução das consciências! O Movimento Anarquista não se firma na luta de classes ou pretende instalar os governados no lugar dos governantes, seus fins são de acabar com as classes, tornar o homem irmão do homem, independente de cor, idade ou sexo. Não visualiza a igualdade metafísica ou de tamanho, força, necessidades, quer a igualdade de possibilidades, de direito e deveres para todos.

    Anarco-Sindicalismo: corrente sindicalista, assim chamada a partir da cisão provocada no 5º Congresso da AIT (Primeira Internacional dos Trabalhadores), em Haia, no ano de 1872, adotada pela maioria dos operários do Brasil até a implantação dos sindicatos fascistas pelo Estado Novo de Vargas, em 1930.

    O anarco-sindicalismo é ao mesmo tempo uma doutrina e um método de luta.

    Como doutrina, parte do trabalhador, célula componente da sociedade que pretende aperfeiçoar e desenvolver. Como método de luta, pretende a anulação do sistema capitalista pela ação direta, pela greve geral revolucionária e a substituição por uma sociedade gerida por trabalhadores em autogestão. Sua força reside no conjunto de organizações operárias (sindicatos, uniões e federações) voluntárias, livremente associadas.

    A diferença entre sindicalismo e anarquismo consiste nos métodos e alcance. O movimento anarquista é de indivíduos, pretende torná-los unidades ativas, independentes, capazes de produzir e gerenciar em autogestão, sem as muletas políticas, religiosas, sem chefes: vai até onde a liberdade e a inteligência o possa levar. O sindicalismo é um movimento de operários (inclusive de ofícios vários), voltado mais para a gerência da produção e do consumo. Seu espaço é limitado, materialista, sem a dimensão e o alcance de filosofia de vida do anarquismo.

    Bolchevismo: Variedade de socialismo. Doutrina política dos democratas russos que desejavam a aplicação integral do programa máximo de Lenin e Plekhanov. É empregado também como sinônimo do comunismo e do marxismo. Nasceu em agosto de 1903, durante o 2º Congresso do Partido Social Democrata Russo, iniciado em Bruxelas e terminado em Londres. Chegou ao Brasil depois da Revolução Russa de 1917, ganhando corpo com a formação do PCB em 1922. Disputou com os anarco-sindicalistas a supremacia dos sindicatos, transformando-se desde então num sério opositor aos movimentos anarquista e sindicalista.

    Revendo a caminhada histórica do movimento libertário brasileiro, descobre-se que andaram pelo Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo socialistas da escola de Fourier, Garibaldines, Maria Baderna da escola de Mazini; anarquistas adeptos de Proudhon e Bakunin e revolucionários da Comuna de Paris chegados clandestinamente ao Brasil em busca de asilo político.

    Para o autor a história do anarquismo em terras brasileiras começou a ser escrita efetivamente em 1888 com a chegada de Artur Campagnoli. Foi este bravo militante italiano, artista joalheiro, falecido em 1944 em São Paulo, quem teve o mérito de fincar o mais visível e incontestável marco anarquista no Brasil. Chegou a São Paulo em 1888, comprou uma área de terra considerada improdutiva e fundou a Colônia Anarquista de Guararema , com ajuda de libertários russos, franceses, espanhóis, italianos (a maioria) e nas décadas de 20 e 30 teve a colaboração de brasileiros. Dois anos mais tarde veio o engenheiro agrônomo Giovani Rossi e cerca de 200 imigrantes da Itália, em duas levas, para fundar a Colônia Cecília no Paraná. Esta experiência ácrata resistiu de 1890 a 1894 às investidas do governo da República, que acabava de implantar-se no Brasil. Asfixiada por cobranças de impostos indevidos, pelas invasões militares, os mais resistentes esperaram a expulsão, radicando-se nas imediações para olhar de longe a palmeira onde por quatro anos tremulou a bandeira preta e vermelha do Anarquismo.

    São desta mesma época os periódicos ácratas: Ghi Schiavi Bianchi, São Paulo, 1892, em idioma italiano e tendo como diretor Gallileu Botti; L'Avenire, São Paulo, 1893, em italiano e português; Il Risveglio, São Paulo, 1893, em italiano.

    O Libertário, em português, saiu em 1898, em São Paulo, sob a direção de Benjamim Mota; O Despertar, Rio de Janeiro, em 1898, sob a direção de José Sarmento Marques, e em janeiro do mesmo ano de 1898 realizou-se o Primeiro Congresso Operário no Rio Grande do Sul com a participação de dois centros anarquistas. Em 20 de setembro foi assassinado Polenice Mattei, o primeiro mártir do anarquismo, em São Paulo, Brasil.

    Em mais de cem anos, o movimento anarquista do Brasil sofreu inúmeros revezes. Chegou a contar com o apoio de quatro diários, dezenas de semanários, mensários, bimensários e periódicos. Atravessou fases dificílimas sem nenhum porta-voz nem poder reunir seus militantes.

    Nesse mesmo período foram publicados alguns livros e folhetos, a maioria por iniciativa de grupos libertários que se cotizavam para angariar recursos com os quais custeavam edições. As obras clássicas foram lançadas por editoras comerciais. Somado o esforço dos libertários às iniciativas dos livreiros, o número de títulos de livros publicados em terras brasileiras pouco excede as duas dezenas até 1960.

    Em 1964 chegou a ditadura militar e com ela um frutífero período de grande efervescência editorial de obras libertárias. Paralelamente à repressão, escritores e editoras afrontaram a ditadura na década de maior repressão (1970-1980), prosseguiu durante a varrida do entulho autoritário, entrando na "nova-velha república" pesquisando e publicando livros ácratas.

    O anarco-sindicalismo e o anarquismo caminharam no Brasil muito entrelaçados enquanto movimento. Sua distinção era notada na imprensa.

    Mais preocupados com a ideologia, os anarquistas desenvolviam um trabalho educativo. Viam no elemento humano a "peça" mais importante a preparar, tanto no terreno profissional quanto no cultural, a fim de que cada militante fosse capaz de se autogerir sem muletas religiosas, patronais ou policiais. Colocava sempre os cérebros acima dos estômagos.

    Com estes objetivos os anarquistas fundaram escolas livres, universidades populares, grupos de teatro social, desenvolveram intensa propaganda educativa, sociológica, de cultura geral, libertária.

    Nas duas primeiras décadas do século 20 promoveram manifestações estrondosas na defesa do fundador da Escola Moderna, Francisco Ferrer y Guardia, e de companheiros presos, torturados e expulsos do Brasil. Apoiaram e ajudaram os trabalhadores russos quando da revolta de 1905, os mexicanos em 1910, os russos em 1917, reverenciavam os Mártires de Chicago, no dia 1º de maio, e não esqueciam as vítimas do capitalismo selvagem no Brasil e no mundo.

    Durante a guerra de 1914-1918, os libertários brasileiros atuavam em diversas frentes, em nível de Brasil: contra o desemprego, o aumento do custo de vida, a escassez de alimentos de primeira necessidade, combatiam a burguesia açambarcadora, o clero corruptor das mentes, o Estado "pai de todos", que garantia inclusive a carnificina humana nos campos de batalha.

    Para minimizar a fome, o governo, pressionado pelo proletariado libertário que fazia comícios nas portas das fábricas, autorizou a venda de gêneros diretamente do produtor ao consumidor (processo hoje conhecido como feiras livres, um pouco mudado) sem taxação de impostos.

    Em nível internacional realizaram o Congresso Pró Paz, no Rio de Janeiro, e enviaram três delegados ao Congresso realizado no Ateneu Sindicalista do Ferrol, em 1915, dissolvido aos tiros pelo governo espanhol.

    O que aconteceu com os representantes do movimento anarquista brasileiro aparece no seguinte texto:

    "Realizou-se na quarta-feira à tarde, no largo de S. Francisco, um comício convocado pela Comissão Popular de Agitação Contra a Guerra formado de representantes de várias agremiações operárias daquela cidade.

    Abriu o meeting às 5 horas e pouco João Gonçalves da Silva, que explicou os fins do mesmo, que era protestar principalmente contra a proibição feita pelo governo espanhol à reunião do Congresso Internacional Pró Paz de Ferrol.

    Seguiram-se com a palavra José Elias da Silva e Dr. Orlando Corrêa Lopes, atacando os governos da Europa e mostrando que o proletariado é o único a sofrer com a conflagração, devendo ele, portanto, rebelar-se contra e esforçar-se por lhe pôr um paradeiro.

    Falou depois a operária Juana Buela, companheira de João Castanheira, o operário vítima da sanha da polícia de Espanha. Profundamente emocionada Juana Buela, que leu o seu discurso, proclamou bem alto e bem firme os seus ideais revolucionários, que não esmoreceram com a morte daquele que foi o seu companheiro de vida, antes mais se arraigam e mais se acentuam."

    Por fim, Leal Júnior, usou da palavra encerrando o comício com a seguinte moção de protesto:

    "Considerando que o direito de reunião e livre manifestação do pensamento é um direito primordial conquistado, adquirido e reconhecido em todo o mundo civilizado e;

    Considerando que o Congresso Internacional Pró Paz convocado pelos elementos proletários e revolucionários de Ferrol, Espanha, e tendo por fim combinar uma ação conjunta dos proletários da Europa e da América no sentido de uma afirmação positiva e concreta contrária à guerra e favorável ao estabelecimento de uma paz real baseada na solidariedade efetiva desse proletariado, colimava um escopo altamente humanitário e de verdadeira defesa da civilização;

    A massa popular reunida em comício organizado pela Comissão Popular de Agitação Contra a Guerra e realizado no Largo de S. Francisco de Paula, às 5 horas da tarde de hoje, deixa firmadas nesta moção as expressões de seu indignado protesto contra o ato do governo espanhol, proibindo aquele Congresso, perseguindo e deportando os delegados ao mesmo idos de outros países e assassinando, pelo instrumento da sua política, um dos delegados enviados por associações proletárias e libertárias do Brasil, o operário João Castanheira, como consta dos telegramas publicados pela imprensa desta cidade.

    Rio de Janeiro, 12 de maio de 1915"

    O comício do Rio de Janeiro terminou com grande passeata na frente da Federação Operária, no antigo Largo do Capim. Sucederam-lhe manifestações dos libertários do Paraná, Rio Grande do Sul e de diversas cidades do Estado de São Paulo. Os jornais operários e anarquistas também atacaram de rijo os beligerantes, inclusive distribuindo postais com alegorias de repulsa à guerra, produzindo grande impacto ao longo dos quatro anos em todo o Brasil.

    São Paulo foi palco de greves insurrecionais em 1906 e 1907 pela conquista da jornada de oito horas diárias; em Santos as greves para conseguir as oito horas só terminaram em 1921.

    O proletariado de tendência libertária procurava abrir caminho na selva capitalista deflagrando greves que vieram a desembocar na insurrecional de 1917, nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná, por solidariedade.

    Em 1918, movimento insurrecional explodiu no Rio de Janeiro com um saldo de três operários assassinados pela polícia carioca e cerca de meia centena de presos e deportados. Em 1919, Epitácio Pessoa aproveitou para expulsar do país três dezenas de anarquistas. Contrariando as expectativas do governo, que acreditava que com as expulsões e deportações reduzia a pujança do movimento libertário, ainda em 1919, formou-se o Partido Comunista do Brasil, de que logo se arrependeriam seus organizadores ao saber que o governo soviético prendia, torturava, matava e expulsava anarquistas que haviam ajudado a derrubar a dinastia dos Romanov.

    A burguesia vivia apavorada, exigia respostas imediatas aos "desordeiros..."

    Uma onda nacionalista começava a formar-se no Brasil em oposição às "esquerdas". Em 1920 são expulsos do Rio de Janeiro mais de dois mil portugueses, pescadores de Matosinhos e da Póvoa de Varzim, vítimas desse patriotismo brasileiro. Muitos haviam chegado ao Brasil adolescentes, casados e já tinham filhos nascidos no Rio de Janeiro. O único pecado desses trabalhadores do mar era não quererem naturalizar-se brasileiros.

    Uma lei vesga proibia-os de exercer suas profissões, acabando por servir ao integralista capitão Frederico Vilar, para mandar de volta gente honrada, com o aval do presidente Epitácio Pessoa.

    Neste mesmo ano foram expulsos também anarquistas e anarco-sindicalistas italianos, portugueses, espanhóis, precipitando protestos de operários e intelectuais em todo o país e na Europa.

    No sul, alemães e russos anarquistas marcavam suas presenças em oposição aos seus patrícios que pretendiam ficar ricos e aos brasileiros xenófobos exploradores.

    Greve na indústria têxtil de Santa Catarina é o pretexto para expulsar dois anarquistas nascidos na Alemanha.

    Em Porto Alegre o anarquista alemão Frederico Kniestedt abre espaço com os jornais Der Freie Arbeiter, Aktion, Alarm e o Sindicalista, os três primeiros publicados em seu idioma e o último em português.

    Ainda no Sul, mais exatamente em Erebango, (Getúlio Vargas), fixaram residência e formaram uma comunidade várias famílias de russos da Ucrânia. Sua atuação anarquista é-nos contada por um dos seus componentes, Elias Iltchenco que visitamos já muito doente.

    "No ano de 1920 os emigrantes de Getúlio Vargas - ex-Erechim - já tinham condições emocionais e de locomoção e começaram a formar grupos coesos, a reunir-se uma vez por mês. Nosso grupo tinha mais de 40 membros espalhados numa área de 40 a 50 km, englobando grupos de Floresta, Erechim, Erebango e outros lugares.

    São dessa época:

    União dos Trabalhadores Rurais Russos, de Getúlio Vargas (antigo Erechim). Seu presidente chamava-se Sérgio Iltchenco, o secretário Paulo Uchacoff e o tesoureiro Simão Poluboiarinoff;

    União dos Trabalhadores Russos, de Porto Alegre. Esta tinha como presidente Niquista Jacobchenco;

    União dos Trabalhadores Rurais Russos de Guaraní, Campinas e Santo Ângelo. Componentes: João Tatarchenco, Gregório Tatarchenco e outros.

    União dos Trabalhadores Russos de Porto Lucena.

    Um dos mais ativos militantes russos no Rio Grande do Sul, distribuidor do jornal Golos Truda, publicado na América do Norte de 1911 a 1963, e de toda a propaganda escrita que chegava da Argentina, chamava-se Demétrio Cirotenco. Durante mais de duas dezenas de anos foi o mais importante elemento de ligação, o aglutinador das Uniões de Trabalhadores em Erechim e Erebango principalmente. Depois sofreu um acidente e morreu, deixando um vazio entre os camponeses russos, que só em 1925 perderam a esperança de ver implantada em seu país uma sociedade de fundo e forma libertária."

    O mais eminente elemento anarquista russo no Brasil, escritor, jornalista, teatrólogo, professor e conferencista carregava uma barba semelhante a de Kropotkine e chamava-se Ossef Stepanovetchi. Era natural da Ucrânia e marcou a sua presença no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba-Paraná, onde faleceu.

    Os jornais mais lidos entre os emigrantes chegavam da Argentina, Canadá e dos Estados Unidos (Golos Truda) de 1918-1930; Golos Trujnica, de Detroit, de Nevada, Chicago e Nova Iorque, Dielo Trouda Probuzdenia.

    Na segunda e na terceira décadas do século 20 o movimento anarco-sindicalista e anarquista chegou ao seu ponto mais alto. Além, dos jornais libertários, alguns militantes dispunham de espaços diários na imprensa comercial. Um deles nascido em Portugal, José Marques da Costa, tinha uma coluna diária no jornal A Pátria, do Rio de Janeiro, e publicou a seguinte nota: "Camilo Berneri na reunião do grupo Os Emancipados. Sexta-feira próxima, na sua sede à rua Buenos Aires, 265, às 20 horas em ponto, os anarquistas, simpatizantes e trabalhadores em geral terão oportunidade de ouvir uma brilhante Conferência de Camilo Berneri, sobre Giordano Bruno na Philosofia e na Renascença-Vida e Pensamento do grande filósofo da liberdade.

    Entrada franca, tribuna livre
    Os Emancipados

    Da Rússia e da Itália chegavam também ao Brasil e fizeram grandes estragos no movimento libertário duas correntes políticas na época batizadas de Bolchevista e de Integralista.

    A primeira orientada pela Terceira Internacional e a Internacional Sindical Vermelha, com sede em Moscou, agia em nome da Ditadura do Proletariado, no seio do Partido Comunista Brasileiro, criado em março de 1922 por 11 egressos do movimento ácrata e um socialista. Começaram disputando a direção dos sindicatos e acabaram por ajudar os governos de Artur Bernardes, Washington Luiz e Getúlio Vargas a reduzir sensivelmente o movimento libertário e os sindicatos livres. Em 1927 assassinaram os anarquistas Antonino Dominguez e Damião da Silva e feriram mais de 10 militantes no Sindicato dos Gráficos, à rua Frei Caneca, 4, sobrado, Rio de Janeiro. Assaltaram e roubaram o acervo do Sindicato dos Trabalhadores em Calçados, à rua José Maurício, 41. Ajudaram assim a encher o Campo de Concentração do Oiapoque e a implantar a ditadura nazi-fascista no Brasil com seus sindicatos verticais, controlados pelo Ministério do Trabalho.

    A segunda corrente política veio dos porões do Vaticano com o nome de fascismo. No Brasil, por muitos anos, apelidado de Integralismo O projeto foi elaborado por D. Annunzio, Bertolotti, Papini e outros e tinha como "filosofia": "Poder tudo, absolutamente tudo! O único amor é o poder; o único fim é o poder; extremo sonho o poder!"

    No Brasil, o chefe, Plínio Salgado, e seu alto comando reuniam a fina-flor dos desordeiros dispostos a tudo fazer para derrubar o governo e chegar ao poder: era o candidato a ditador Plínio lutando contra o ditador Getúlio.

    Para Plínio, os decretos nº 19.433 de 26 de novembro de 1930; 19.770 de 19 de março de 1931 e 22.969 de 11 de abril de 1933 obrigando os trabalhadores a aderirem às fileiras "sindicais do Ministério do Trabalho, tornando-os eleitores com representantes profissionais na Assembléia Nacional Constituinte, num total de 40 membros, sendo 18 representantes dos empregados, 17 dos empregadores, dois funcionários públicos e três profissionais liberais". Queriam copiar Mussolini totalmente.

    Vargas contava, para convencer os recalcitrantes, com a polícia política de Batista Luzardo, Felinto Müller, Emílio Romano, Serafim Braga e outros profissionais do argumento do cassetete.

    No Rio de Janeiro, o jornal O Primeiro de Maio, de 1933, denunciava: "Em um só xadrez da polícia acham-se presos 50 proletários, sem nota de culpa. Muitos deles sofreram castigos corporais por terem protestado com a greve de fome contra a alimentação que nem para os cães prestava."

    Em Porto Alegre, sob a orientação do anarquista Frederico Kniestedt, Aktion, de 1º de maio, fala das pretensões nazistas sobre o Brasil em idioma alemão. E no dia 19 de maio de 1933 um grupo armado invade a Federação Operária de São Paulo, arromba as portas das secretarias do Sindicato dos M. de Pão, Liga Operária da Construção Civil, Trabalhadores em Moinhos e Armazéns, União dos Canteiros e União dos Empregados em Cafés, destrói seus acervos e leva os detidos para a Central de Polícia, onde permanecem 24 horas. Quando chegaram o chefe de polícia e o delegado da "ordem política e social" determinaram que fossem em liberdade, que a ordem de prisão não partiu daquele departamento policial.

    Em 1933, os jornais A Lanterna, A Plebe e O Trabalhador, a Federação Operária, o Centro de Cultura Social e as Ligas Anticlericais viviam de prontidão para não serem surpreendidos pelas marchas integralistas.

    Em alguns bairros de São Paulo, os mensageiros do "Duce" trabalhavam desesperadamente no recrutamento dos "squadristi", que deviam envergar a camisa verde oliva e iniciar a matança, o incêndio e a destruição, fazendo reviver, em pleno século 20, a invasão dos bárbaros inimigos da ciência e da civilização.

    O alerta vinha do Comitê Antifascista Libertário e tinha a data de agosto de 1933.

    Os comandantes do Integralismo Brasileiro formavam pela seguinte ordem nos anos de 1933-1934: "Plínio Salgado (comandante nacional); Gustavo Barroso (vice-comandante e presidente da Academia Brasileira de Letras); Ribeiro Couto; 130 jornalistas do Distrito Federal que "assinaram o manifesto fascista dirigido aos intelectuais do Brasil". Ei-los: D. João Becker; Oswaldo Aranha (um dos comandantes da revolução getulista de 1930); Oliveira Viana (escritor); Madureira de Freitas, Osvaldo Chateaubriand (diretor do Diário da Noite); Tristão de Atayde (escritor e jornalista); Cláudio Ganns; Lourival Fontes; Hélio Viana; Américo Lacombe; Câmara Cascudo (escritor); os sacerdotes inscritos na Ação Integralista Don Nicolau de Flue Gut, os cônegos Matias Freire, Valfredo Gurgel, Helder Câmara, etc.; os professores da Faculdade de Direito Miguel Reale, Alpinolo Lopes Casali, Damião Neto, Domingos Cantola, Ângelo Simões de Arruda, Loureiro Júnior, Rolando Corbusier, Manuel Ferraz de Campos Salles Neto, Walter Moreira Sales, Homero de Sousa e Silva, Paulo Azevedo Barroso, Manuel Tavares da Silva, Guilherme Luis Riberio, Osvaldo de Sousa Shreiner, Antonio Arruda, Sebastião Martins de Macedo, Ziegler de Paula Bueno, Alcebíades Blanco, Ruiz de Arruda Camargo, Alfredo Buzaid, Ernani Silva Bruno, Epaminondas Albuquerque, Vicente Laporta, Sinval Gonçalves de Oliveira, Antonio Dourado, Alberto Zirondi Neto, Nicolino Amato, José de Barros Bernardes, Carlos Schmidt de Barros Júnior, Milton de Sousa Meireles, Agostinho Lúcio Correa, Arual Antonio dos Santos, Waldemiro Dalboni, Augusto de Oliveira Filho, Ítalo Záccaro, Vitório Nascimento, Cândido de Oliveira Barbosa, Francisco Luis de Almeida Sales, Francisco Gottardi, João José Pimenta de Castro, João Edson de Melo, José de Camargo Rocha, Rio Branco Paranhos, Júnio de Carvalho, José Cândido Silveira Lienert, Antenor Santini, Alceu Cordeiro Fernandes, Antonio Barbosa de Lima, José Vila do Conde e Ranulfo Oliveira Lima.

    Com objetivos bem definidos e sem tutores políticos, formava-se no Rio de Janeiro a Aliança Estudantil Pró-Liberdade de Pensamento, cujo manifesto de fundação, A Lanterna, semanário anticlerical e libertário, São Paulo, 9 de novembro de 1933, resume:

    "Companheiros.O clero romano que sempre tem vivido aliado aos governantes, embora o artigo 72 da Constituição de 1891 e seus parágrafos estabeleçam em nosso território a liberdade de pensamento, neste instante prepara novos golpes contra o direito de pensar, agir e de orar."

    O A Plebe, quase ao findar do ano de 1933, alertava os antifascistas: "O Integralismo pretende, como o fascismo, escravizar e acorrentar o povo. Para não termos que chorar depois como energúmenos, defendamos agora a nossa liberdade como homens."

    "Já soou o clarim da redenção humana! Unamo-nos contra todas as guerras, contra todas as tiranias, contra todos os paliativos que nos apresentam. A nossa felicidade, a fraternidade, a liberdade, residem em nós mesmos, na força coesa que há-de triunfar."

    Em homenagem aos arruaceiros integralistas, o escritor Menotti del Picchia, candidato a "Duce", lança as bases do Fáscio Paulista com os Camisas Brancas.

    Em Niterói (A Plebe, de 2 de dezembro de 1933), o presidente da Academia Brasileira de Letras, Gustavo Barroso, chefe integralista, atacou às bengaladas e quebrou um braço à jovem operária Nair Coelho, 16 anos, quando esta discursava contra os desordeiros fascistas, em cima de um banco de jardim e em Belo Horizonte; quem precisou fugir do Teatro Municipal foi o professor de línguas Casale. O povo, que assistia ao discurso do arruaceiro integralista, resolveu interrompê-lo, expulsar o vendilhão do palco.

    Em São Paulo, depois da derrota que tiveram no Salão Celso Garcia, o "bando de Plínio Salgado marcou para o dia 24 de dezembro uma demonstração de força destinada a depredar os sindicatos e assassinar os sindicalistas mais ativos" (Nossa Voz, de 1º de dezembro de 1933): "Marchariam no centro de São Paulo 18 Centúrias (companhias) dispostas a exterminar canibalescamente os anarquistas e outros esquerdistas que se opusessem à sua passagem."

    O trabalhador anarco-sindicalista resistia às exigências do Ministério do Trabalho. Contra ele tinha os bolchevistas aderentes desde a primeira hora, os patrões, a polícia, os integralistas invasores de sindicatos operários, que segundo substancioso manifesto do Sindicato dos O. em Fábricas de Vidros de São Paulo, fevereiro de 1934, "naquele momento pleiteavam na Assembléia Constituinte a pena de morte para o Brasil!"

    Em março de 1934 a Federação Operária de São Paulo, com sede na rua Quintino Bocaiúva, 80, lançava três manifestos de grande significado. Um contra a Lei Monstro, outro contra a guerra e o terceiro em formato de encarte, enfocando as "organizações operárias, a legislação trabalhista, a lei de sindicalização, a caderneta profissional, a nova lei de férias, a nova Constituição e comunica as conferências de Edgard Leuenroth, Germinal Soler e Hermínio Marcos".

    Do Rio de Janeiro, sob o comando do acadêmico Gustavo Barroso, chegavam à Praça da Sé "500 guardas verdes de segurança", tropas de choque, treinados para imobilizar opositores. A polícia também montou metralhadoras em pontos estratégicos para coibir possíveis ataques aos integralistas, ainda "bem-vistos" pelo governo. Além do grande contigente policial, o coronel Arlindo de Oliveira tinha 400 homens do 1º, 2º e 6º Batalhões de Infantaria, do Corpo de Bombeiros e Regimento de Cavalaria no local.

    A parade de integralistas contava com a presença de 10 mil soldados do Sigma dentro de suas camisas verdes novinhas em folha empunhando grandes estandartes com o símbolo do integralismo.

    Nas imediações da Sé haviam começado a formar-se grandes agrupamentos de curiosos de todas as ideologias. E mal a coluna alcançou a escadaria da Catedral ouviram-se gritos de "morte ao fascismo", "Abaixo os Camisas Verdes" e em seguida tiros. Diz-se que foi uma metralhadora da Guarda Civil Montada, em frente à rua Senador, que ao ser movimentada disparou acidentalmente. Outros garantiam que os tiros foram disparados por comunistas que estariam no meio da multidão aguardando o desfile. O certo é que começou o tiroteio antes da hora marcada pelos libertários para atacar os integralistas, desencadeando-se uma correria infernal. Gente fugindo e gritando, outros caindo feridos mortalmente e a parada e o juramento de fidelidade ao comandante integralista, Dr. Plínio Salgado, Fuhrer brasileiro, não aconteceu.

    Correndo nas "estradas" abertas pelos integralistas com a colaboração dos "comunistas" do PCB e dos dirigentes do Partido Católico Brasileiro do Cardeal Sebastião Leme, assessorados por "50 juristas", Getúlio Vargas não teve maiores dificuldades em implantar o Estado Novo, que durou até 1945.

    Em síntese, os anarco-sindicalistas e anarquistas do Brasil realizaram:

    Primeiro Congresso Operário Brasileiro - Centro Galego, rua da Constituição, 30-32, Rio de Janeiro, de 15 a 20 de abril de 1906. Ao todo 12 sessões. Discutiram 23 temas previamente acertados e um acessório. Compareceram delegados de 23 entidades de cinco estados do Brasil. Esteve presente o engenheiro italiano fundador da Colônia Cecília, Giovani Rossi.

    Segundo Congresso Operário Brasileiro - Centro Cosmopolita, rua do Senado, 215, Rio de Janeiro, de 8 a 13 de setembro de 1913. Ao todo os trabalhadores anarquistas e anarco-sindicalistas realizaram 12 sessões, debateram 24 temas com a presença de 117 delegados de 8 estados, sendo dois federações estaduais, cinco federações locais, 52 sindicatos e quatro jornais libertários.

    Terceiro Congresso Operário Brasileiro - Sede da União dos Trabalhadores em Fábricas de Tecidos, rua do Acre, 19, Rio de Janeiro, de 23 a 30 de abril de 1920. Efetuaram 23 sessões com a presença de 39 organismos de 11 estados do Brasil.

    Primeiro Congresso Estadual de São Paulo - Teve lugar no Salão Excelsior, rua Florêncio de Abreu, 29. Ao todo foram discutidos três temas principais, de 6 a 8 de dezembro de 1906. Objetivo: Pôr em prática as resoluções do 1º Congresso Nacional do Rio de Janeiro.

    Primeira Conferência Estadual de São Paulo - Realizada em 1907 com o propósito de elaborar e aprovar os temas para o 2º Congresso Estadual. Ao todo discutiram 22 temas.

    Segundo Congresso Estadual de São Paulo - Realizado nos dias 7 e 8 de abril de 1908. Dele participaram 22 organizações operárias comprometidas com o anarco-sindicalismo.

    Primeiro Congresso Estadual do Rio Grande do Sul - Teve lugar nos dias 1º e 2 de janeiro de 1898 com a presença de delegados de 10 associações, um jornal e um grupo anarquista. Foi o primeiro encontro de trabalhadores com idéias sociais no Brasil.

    Segundo Congresso Operário Estadual do Rio Grande do Sul - Na rua Comendador Azevedo, 30, dias 21 a 25 de março de 1920. Estiveram presentes delegados de 30 associações todas comprometidas com o sindicalismo revolucionário.

    Terceiro Congresso Operário do Rio Grande do Sul - De 27 de setembro a 2 de outubro de 1925. No total foram 12 sessões com a presença de delegados de 23 entidades operárias e do Comitê Pró-Presos Sociais e de dois jornais. Foi aprovada uma Declaração de Princípios da AIT e criado um Pacto de Solidariedade Internacional Anarquista.

    Quarto Congresso Operário do Rio Grande do Sul - clandestino em data que não ficou registrada. Realizaram três sessões durante dois dias com a presença de 16 entidades operárias, dois jornais, sies grupos anarquistas, vários militantes de São Paulo refugiados naquele estado do sul do Brasil (Florentino de Carvalho, Domingos Passos e outros) e delegados do Uruguai, Paraguai e Argentina.

    Primeiro Congresso da Federação de Trabalho do Estado de Minas Gerais - Realizou-se em Belo Horizonte em junho de 1912. Ao todo foram debatidos e aprovados sete temas.

    Congresso Operário do Paraná - Realizou-se no ano de 1907. Contou com a presença da Federação Operária, fundada por italianos remanescentes da Colônia Cecília, com o Grupo Filo-Dramático, 12 associações operárias e o delegado do jornal O Despertar, fundado e dirigido pelo anarquista italiano, expulso do Brasil em 1919, Gigi Damiani.

    Outros Congressos - Os trabalhadores anarco-sindicalistas brasileiros participaram ou marcaram presença no Congresso dos Operários Chapeleiros Sul-Americano, realizado na Argentina e Uruguai, em julho de 1920. As pesquisas deixam perceber que os anarquistas estiveram na linha de frente de todos os congressos anarco-sindicalistas e ainda realizaram os seus.

    Conferência Libertária de São Paulo - Rua José Bonifácio, 39-2º andar. Ao todo realizaram sessões nos domingos 14, 21 e 28 de junho, 5, 12 e 26 de julho de 1914. O objetivo principal era preparar e indicar dois delegados para representar o Brasil no congresso anarquista de Londres que não chegou a acontecer por causa da guerra.

    Congresso Anarquista Sul-Americano - Realizou-se no Rio de Janeiro de 18 a 20 de outubro de 1915 na sede da Federação Operária, praça Tiradentes, 71, sobrado. Estiveram presentes delegados do Brasil, da Argentina e do Uruguai.

    Congresso Internacional da Paz - Realizado de 14 a 16 de outubro de 1915. Seu ponto de debates foi a sede da Federação Operária, na praça Tiradentes, 71, Rio de Janeiro, com a presença de delegados da Federación Obrera Regional Argentina, delegados do Chile e do Uruguai.

    Congresso Anarquista do Brasil - Realizado na Nossa Chácara, no bairro de Itaim, São Paulo, de 17 a 19 de dezembro de 1948. Este marca o ressurgimento do movimento anarquista no Brasil após a derrubada da ditadura de Getúlio Vargas. Contou com a presença de anarquistas de vários pontos do Brasil e diversos militantes italianos, espanhóis e portugueses residentes no Brasil ou de passagem.

    Encontro Anarquista na Urca - De âmbito nacional. Teve lugar nos dias 9 a 11 de fevereiro de 1953 na rua Osório de Almeida, 67, no Rio de Janeiro, com a presença de mais de três dezenas de anarquistas. Foi um encontro muito proveitoso.

    Congresso Anarquista do Brasil - Realizado de 26 a 29 de março de 1959 em Nossa Chácara, no Itaim, São Paulo, com grande presença de militantes de todo o país, exilados espanhóis e alguns italianos. Foi aprovada a reativação dos Centros de Cultura Social e fundada a Editora Mundo Livre, do Rio de Janeiro. Ao todo foram debatidos e aprovados 10 temas.

    Encontro dos Libertários Espanhóis Exilados - Foi na sede do Centro de Cultura Social, na rua Rubino de Oliveira, 85, São Paulo, nos dias 7 e 8 de outubro de 1961. Estiveram presentes anarquistas brasileiros e exilados da CNT e da FFLL.

    Encontro Anarquista - São Paulo de 20 a 22 de abril de 1962. Reuniram-se em Nossa Chácara 100 militantes anarquistas de todo o Brasil, incluindo alguns companheiros estrangeiros. Foram realizadas cinco sessões muito proveitosas.

    Décimo Encontro Anarquista - Realizou-se nos dias 15 a 17 de novembro de 1963. Reuniram-se para tratar do rumo do movimento anarquista no Brasil mais de 100 militantes, Os assuntos foram divididos em seis temas principais.

    Maio de 1964 - Em Nosso Sítio. Encontro clandestino de avaliação dos anarquistas do Rio de Janeiro e de São Paulo para acertar os rumos diante da ditadura militar implantada em 1º de abril do mesmo ano. Saíram desse encontro algumas resoluções para resguardar o acervo dos anarquistas.

    Encontro em Nosso Sítio - Realizado em 1968, em Mogi das Cruzes, São Paulo. Clandestino.

    Encontro dos Grupos Pró COB - Realizado em maio de 1986 na rua Rubino de Oliveira, 85.

    O movimento libertário do Brasil participou também do Congresso de Ferrol, Espanha em 1915, com três delegados. Em 1928 com um delegado indireto e depois de 1945 enviou como delegado à França Joseph Tibogue, e mensagens de apoio aos demais congressos.

    A trajetória do anarquismo no Brasil teve a participação de uma confederação, várias federações, mais de 100 grupos especificamente libertários, seis editoras, três livrarias, mais de uma dezena de escolas racionalistas, duas universidades populares, uma intensa propaganda através do teatro ácrata, possui uma propriedade comprada pelos anarquistas, desde 1939, com moradias modestas e arquivo em prédio próprio. Foi uma sementeira que germinou, e hoje alimenta pesquisas, teses de doutoramento e sensibiliza várias editoras comerciais para publicá-las.

    No Rio de Janeiro, com o falecimento de José Oiticica em 1957, três militantes libertários tiveram a idéia de formar o Centro de Estudos Professor José Oiticica, na sala onde o mestre dava aulas, à Av. Almirante Barroso, 6-sala 1.101. Nos dias seguintes os três realizaram uma reunião na Avenida 13 de Maio, 23, sala 922, e resolveram procurar companheiros afastados do movimento por razões diversas e convidá-los para fazer parte do centro e subscrever sua ata de legalização em 22 de julho de 1960. (O centro começou suas atividades em 1958)

    Em 1969, um "punhado" de militares da aeronáutica rebentaram a porta aos coices, carregaram parte do acervo cultural, máquina de escrever, mimiógrafo e outros objetos "subversivos", depois foram nas moradias dos diretores do centro, "confiscaram livros, etc.", prenderam-nos e formaram um processo contra 16, impernunciando um. Torturaram alguns detidos e finalmente levaram-nos a um julgamento que durou até 1972.

    O Centro de Estudos do Professor José Oiticica, durante sua existência (12 anos), fundou a Editora Mundo Livre por cotas, editou cinco livros, promoveu curso sobre Anarquismo no Teatro Carioca, recebeu anarquistas da América e da Europa, conduziu várias campanhas de protesto e apoio, realizou mais de uma centena de cursos e conferências, e parte de suas atividades foram anunciadas pela imprensa. Acabou por força da ditadura militar.

    Não se pode ignorar também os diários: A Plebe, São Paulo, 1919; A Hora Social, Recife, 1919; Voz do Povo, Rio de Janeiro, 1920; Vanguarda, São Paulo, 1921-1923; A Lanterna, São Paulo, 1901-1934. Os semanários: O Amigo do Povo, São Paulo, 1903; A Terra Livre, São Paulo-Rio de Janeiro, 1907-1910; La Bataglia, São Paulo, 1904-1913; Remodelações, Rio de Janeiro, 1945-1947; Ação Direta, Rio de Janeiro, 1946-1959. As revistas: Remodelações, Rio de Janeiro, 1921-1922; Renascença, São Paulo, 1923; A Vida, Rio de Janeiro, 1914-1915; Revista Liberal, Porto Alegre, 1921-1924; e umas centenas de periódicos.

    Um grupo de professores estudiosos do anarquismo promoveu curso na ABI (Associação Brasileira de Imprensa). O Grupo Anarquista José Oiticica, formado por novos militantes libertários, realizaram, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, nos dias 9, 16, 23 e 30 de julho de 1987, um curso de anarquismo envolvendo Problemas Atuais do Socialismo; Anarquismo Hoje e Movimentos Alternativos; Movimento Sindical e Anarco-Sindicalismo; e O Estado Hoje. Teve o apoio do Centro de Cultura Social de São Paulo, a Sub-Reitoria 5, a Comissão de Organização Estudantil, Comissão Cultural do IFCS, e mesmo sendo pago, a freqüência foi boa, o salão ficou literalmente cheio.

    No Rio Grande do Sul, grupos de libertários e simpatizantes comemoram o Centenário dos Mártires de Chicago e meio século da Revolução Espanhola, os 67 anos do fuzilamento de Francisco Ferrer e outros eventos.

    Na capital do Brasil os anarquistas realizaram um Simpósio Libertário e fundaram a Editora Novos Tempos, que já produziu várias obras de real valor literário e cultura anarquista. Em São Paulo as Universidades de Campinas, São Carlos e da Capital formaram valiosas bibliotecas de História Social, predominando publicações anarquistas e anarco-sindicalistas, e periodicamente promovem cursos sobre anarquismo, sempre com a participação de membros do Centro de Cultura Social que têm uma longa experiência militante e mantêm permanentemente em sua sede, na rua Rubino de Oliveira, 85-2º, no Brás, círculos de conferências libertárias. E apoiado pelos núcleos Pró COB (Confederação Operária Brasileira) e pela AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores), com sede na Espanha, o Centro de Cultura Social de São Paulo continua promovendo sessões comemorativas em defesa da natureza, contra a Bomba Atômica (no aniversário da explosão de Hiroshima), pela passagem dos 70 anos da Greve Insurrecional Libertária de 1917, na cidade de São Paulo, e debatendo a autogestão na luta social e as estratégias da luta sindical.

    Em seus ciclos de palestras, temas como "Feminismo e a Reapropriação do Corpo", "Feminismo, Reinventando o Feminino e o Masculino"; "Feminismo, Questões que se Levantam"; "Recuperando a Memória" e "Cavernas do Estado de São Paulo". E nos cursos de Extensão Universitária tratam "O que é o Anarquismo"; "As Origens: Da Revolução Francesa a Proudhon"; "A Primeira Internacional: Marx, Bakunin e a Comuna de Paris"; "Anarco-Sindicalismo, Kropotkine e Malatesta"; "Anarquismo no Brasil"; e "Anarquismo Hoje, Liberdade e Autogestão". Estas iniciativas contaram com o apoio da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Em sua produtiva trajetória, o Centro de Cultura Social de São Paulo realizou recentemente um Ciclo de Educação Libertária enfeixando os seguintes temas: "O Movimento Anarquista e o Ensino Racionalista em São Paulo, 1912-1919"; "Escola e Trabalho no Brasil Hoje"; "Educação Popular: da Educação Libertária à Educação Libertadora"; "Organização e Poder: Estado, Escola, Empresa"; "A Educação pelo Trabalho, pela Pedagogia Freinet"; "Lutas Autônomas e Autogestão Pedagógica"; e "Uma Terapia Anarquista".

    Este movimento ideológico vem sendo divulgado pela revista Autogestão, pelo próprio Boletim do Centro de Estudos Sociais, prospectos avulsos, cartazes e pela imprensa comercial que noticia alguns cursos.

    Hoje, o anarquismo não assusta mais ninguém no Brasil. Palavra temida, ridicularizada, esta filosofia de vida resiste ao tempo e virou tema de teses de doutoramento, peças de teatro, novelas exibidas na televisão e filmes de curta e longa metragem.

    Os anarquistas do Brasil – salvo os que se dizem e não se encontraram ideologicamente – continuam com Kropotkine: "Quem acha que uma instituição de formação histórica pode servir para devolver privilégios que ela mesmo desenvolveu mostra com isso a incapacidade de compreender o que significa a vida de uma sociedade, uma formação histórica.

    Deixa de aprender a lei básica de todo o desenvolvimento orgânico, isto é, que novas funções requerem novos órgãos e que estes se devem criar por si mesmos."

    Colaboraram para tornar possível a trajetória anarquista no Brasil: Fábio Luz, João Gonçalves da Silva, Avelino Foscolo, Ricardo Gonçalves, Benjamim Mota, José Martins Fontes, Ricardo Cipola, Rozendo dos Santos, Reinaldo Frederico Greyer, Pedro Augusto Mota, Moacir Caminha, José Ramón, Domingos Passos, João Perdigão Gutierrez, Florentino de Carvalho, Domingos Ribeiro Filho, Lima Barreto, Orlando Corrêa Lopes, Manuel Marques Bastos, José Puicegur, Diamantino Augusto, José Oiticica, José Romero, Edgard Leuenroth, Felipe Gil Sousa Passos, Pedro Catalo, João Penteado, Neno Vasco, Adelino Pinho, Giovani Rossi, Gigi Damiani, Artur Campagnoli, José Marques da Costa, Rodolfo Felipe, Isabel Cerrutti, João Perez, Antonino Dominguez, Manuel Perez, Romualdo de Figueiredo, Juan Puig Elias, Maria Lacerda de Moura, Rafael Fernandes, Angelina Soares, Paula Soares, Elias Iltchenco, Frederico Kniestedt, Jesus Ribas, Cecílio Vilar, Oresti Ristori, Maria Lopes, Manuel Moscoso, Polidoro Santos, Amilcar dos Santos, Pedro Carneiro, Atílio Peçagna, Rudosindo Colmenero, Maria Silva, Maria Rodrigues, Pietro Ferrua, Pedro Ferreira da Silva, Câmara Pires, Ramiro de Nóbrega, Maria Valverde, José Simões, Manuel Lopes, Vitorino Trigo, Mariano Ferrer, Luisi Magrassi, Sofia Garrido, Joaquim Leal Junior, Lírio de Resende, Jaime Cubero e tantos outros intelectuais e operários a quem se homenageia, mesmo ausentes...

    In: Universo Ácrata. Florianópolis: Editora Insular, 1999

    Edgar Rodrigues

sábado, 14 de setembro de 2013

Vladimir Vladimirovitch Putin,  Влади́мир Влади́мирович Пу́тин.



Os recentes acontecimentos relativos à Síria encorajaram-me a falar diretamente ao povo americano e a seus líderes políticos. É importante fazê-lo num momento em que a comunicação entre as nossas sociedades mostra-se insuficiente. As relações entre nós passaram por diferentes estágios. Estivemos de lados opostos durante a Guerra Fria. Mas em certo momento também fomos aliados e juntos derrotamos o nazismo. Uma organização internacional universal, a ONU, foi então criada para impedir que a devastação se repetisse.

Os fundadores da ONU entenderam que as decisões sobre a guerra e a paz só deveriam ser tomadas por unanimidade, e, com o consentimento dos EUA, o veto dos membros permanentes do Conselho de Segurança foi consignado na Carta da ONU. A profunda sabedoria desta determinação constitui, há dezenas de anos, a base da estabilidade das relações internacionais.

Ninguém quer que a ONU tenha o mesmo destino da Liga das Nações, cujo fracasso se deu porque carecia de poder real. Mas isso poderá ocorrer se países que detêm uma grande influência ignorarem a ONU e empreenderem uma ação militar sem a autorização do Conselho de Segurança.

Um possível ataque dos EUA contra a Síria, a despeito da forte oposição de muitas nações e de importantes líderes políticos e religiosos, entre eles o papa, provocaria mais vítimas inocentes e a escalada do conflito, e poderia espalhar-se muito além das fronteiras da Síria. Um ataque intensificaria a violência e desencadearia uma nova onda de terrorismo. Ficariam assim comprometidos os esforços multilaterais para a solução do problema nuclear iraniano e o conflito palestino-israelense, com a desestabilização do Oriente Médio e do norte da África. E também seria comprometido o equilíbrio de todo o sistema internacional da lei e da ordem.

A Síria não está testemunhando uma batalha pela democracia, mas um conflito armado entre governo e oposição em um país em que convivem muitas religiões. Há poucos campeões da democracia na Síria. Mas há um número mais do que suficiente de combatentes da Al-Qaeda e de extremistas de todas as tendências lutando contra o governo. O Departamento de Estado americano designou a Frente Nusra e o Estado Islâmico do Iraque e o Oriente Médio, que combatem ao lado da oposição, como organizações terroristas. Esse conflito interno, alimentado por armamento estrangeiro fornecido à oposição, é um dos mais sangrentos do mundo.

Mercenários dos países árabes que lutam naquele país e as centenas de militantes procedentes de países do Ocidente e até mesmo da Rússia, são motivo de grande preocupação para nós. Não poderiam retornar aos nossos países com a experiência adquirida na Síria? Afinal, depois de lutar na Líbia, os extremistas rumaram para o Mali. Essa é uma ameaça para todos nós.

Desde o início, a Rússia defendeu o diálogo pacífico a fim de permitir que os sírios criassem um plano de compromisso para o seu futuro. Nós não estamos protegendo o governo sírio, mas a lei internacional. Precisamos usar o Conselho de Segurança da ONU e acreditar que a preservação da lei e da ordem no complexo e turbulento mundo de nossos dias é um dos poucos meios capaz de impedir que as relações internacionais resvalem para o caos. A lei é ainda a lei e nós devemos obedecê-la, gostemos ou não. Segundo a atual lei internacional, a força é permitida somente em defesa própria ou por decisão do Conselho de Segurança. Tudo o mais é inaceitável de acordo com a Carta da ONU e constituiria um ato de agressão.

Ninguém duvida de que foi usado gás tóxico na Síria. Mas há todas as razões para acreditar que não foi usado pelo Exército sírio, e sim pelas forças da oposição, a fim de provocar a intervenção de seus poderosos patrocinadores estrangeiros que apoiam os fundamentalistas. Não devemos ignorar as informações de que os militantes preparam um novo ataque - desta vez contra Israel.

É alarmante que a intervenção militar nos conflitos internos em outros países tenha se tornado comum para os EUA. Será do interesse dos EUA no longo prazo? Duvido. Milhões de pessoas em todo o mundo já não consideram os EUA um modelo de democracia, mas um país que recorre exclusivamente à força bruta, criando coalizões com base no slogan "ou vocês estão conosco ou contra nós".

A força tem se mostrado ineficiente e sem sentido. O Afeganistão cambaleia e ninguém pode prever o que acontecerá depois que as forças internacionais saírem. A Líbia está dividida em tribos e clãs. No Iraque, a guerra civil continua, e dezenas de pessoas são mortas a cada dia. Nos EUA, muitos estabelecem uma analogia entre o Iraque e a Síria, e perguntam por que o seu governo haveria de querer repetir erros recentes. Não importa quão cirúrgicos os ataques possam ser ou quão sofisticados sejam os armamentos, as vítimas civis serão inevitáveis, mesmo entre os velhos e as crianças, que os ataques supostamente deveriam proteger.

O mundo reage indagando: se não se pode contar com a lei internacional, é preciso encontrar outros meios para garantir a segurança. Por isso, um número crescente de países tenta adquirir armas de destruição em massa. É lógico: se você tem a bomba, ninguém o incomodará. Falam-nos da necessidade de reforçar o princípio da não proliferação, quando na realidade ele está sendo debilitado. Devemos parar de usar a linguagem da força e buscar de novo a solução diplomática e política civilizada.

Nos últimos dias, surgiu uma nova oportunidade de evitar a ação militar. Os EUA, a Rússia e todos os membros da comunidade internacional devem aproveitar do fato de que o governo sírio está disposto a colocar seu arsenal químico sob o controle internacional para sua posterior destruição. A julgar pelas declarações do presidente Obama, os EUA a consideram uma alternativa à ação militar.

Aplaudo o interesse do presidente em continuar o diálogo com a Rússia sobre a Síria. Devemos trabalhar juntos para manter viva essa esperança, conforme concordamos na reunião do G-8 em Lough Erne, na Irlanda do Norte, em junho, e então conduzir novamente a discussão para as negociações. Se pudermos evitar a força contra a Síria, isso melhorará o clima das relações internacionais e fortalecerá a confiança mútua. Será um sucesso para ambos e abrirá portas para cooperação em outras questões cruciais.

Minha colaboração e minha relação pessoal com o presidente Obama são marcadas por uma crescente confiança. Aprecio isso. Estudei cuidadosamente seu discurso à nação na terça-feira. Discordaria apenas de sua defesa do excepcionalismo americano, quando declara que a política dos EUA é "o que torna os EUA diferentes. É o que nos torna excepcionais". É extremamente perigoso encorajar pessoas a se considerarem excepcionais, qualquer que seja a razão.

Há países grandes e países pequenos, ricos e pobres, os que têm longas tradições democráticas e os que ainda buscam o caminho da democracia. Suas políticas diferem entre si. Todos nós somos diferentes, mas ao pedirmos as bênçãos do Senhor, não devemos esquecer de que Deus criou todos os homens iguais.

*Vladimir V. Putin

domingo, 8 de setembro de 2013


Ônibus retrô da Viação Cometa nas estradas de São Paulo





















Na rodoviária, na estrada e nas paradas nas pequenas cidades, a cena é a mesma. As pessoas se aglomeram e tiram fotos. Muitas. A tietagem é tanta que a viagem chega a atrasar meia hora.


A estrela em questão é um ônibus restaurado da Viação Cometa, o Flecha Azul, um clássico das estradas.

Em comemoração aos 65 anos, a empresa restaurou o último modelo, produzido de 1983 a 1999, e fará 65 viagens pelo Brasil até outubro.
Antes disso, outros modelos, como o Papo Amarelo, Flecha de Prata e Jumbo, fizeram sucesso.


Na última quinta, a  viagem  de São Paulo à Franca à bordo do Flecha Azul.

No trajeto de pouco mais de 400 km, o ônibus foi parado quatro vezes por policiais rodoviários. Não era blitz, nem excesso de velocidade.

"Os guardas param para tirar fotos do ônibus, fotos deles com ônibus ao fundo e fotos deles com o motorista, é claro. É uma festa sempre", conta o motorista Marco Ernesto, 11 anos na Cometa.


Seu traje também remete a um passado glorioso do transporte de passageiros, quando os motoristas dirigiam com camisas alinhadas, gravata, quepe e óculos escuros grandes, uma das marcas dos motoristas da Cometa.


Segundo Ernesto, desde que as viagens comemorativas começaram, em agosto, os "busólogos" (aficcionados por ônibus) e nostálgicos estão fazendo vários trajetos. "Dias desses, era tanta gente que praticamente fecharam a rodovia de Belo Horizonte."

No ônibus, havia passageiros de todos os tipos. Os que viajavam somente por causa do ônibus, como o piloto Murilo Cerqueira Ambrósio, 22, não perdiam um só detalhe. Fotografaram o motor, as lanternas e a lataria do veículo.

"Passei vários anos da minha infância nos ônibus da Cometa, fazendo o trajeto São Paulo-Franca-São Paulo porque meu pai trabalhava em São Paulo. Lembro do banco de couro vermelho, parecia uma cama", diz Ambrósio.


O couro legítimo, no entanto, que era usado nos modelos antigos, foi trocado pelo sintético no ônibus retrô.
Também foram incorporados vidros fechados, lanternas LED, ar-condicionado e wi-fi.

Outros passageiros estavam em seus deslocamentos normais e se surpreenderam com a viagem comemorativa.


O aposentado Masame Tiausa, 76, foi um deles.
"Não sabia, foi uma surpresa bacana. Lembrei de quando era adolescente.
Morava em Taubaté, gostava de ver os ônibus azuis da Cometa cruzarem a via Dutra."


Os preços das passagens são os mesmos cobrados normalmente pela empresa para rotas previstas.
Uma viagem de São Paulo à Franca no Flecha Azul custa R$ 70,01. A lista de roteiros disponíveis está na internet: www.cometa65anos.com.br.

    O  ônibus  na  Estação  Rodoviária  ,  quem  se  esquece ?.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

طهران Teerã

























الحقّ يُقال، ان الوضع متوتر بعض الشيء في طهران كما في معظم بلدان المنطقة. كمراقب قد تكون هذه آخر رحلة لي بين دمشق وطهران نظراً للحسابات والتكهّنات حول ما قد يحصُل خلال الأيام المقبلة. ولكنني لست على عجلة أبداً لمغادرة الجمهورية الإسلامية.

أحبّ إيران وأهلها الذين في قيمهم الأساسية وتطلعاتهم حول الحياة أشبه بالأميركيين إلى حد كبير. فالإيرانيون يفكّرون مليا كما أفكّر أنا واصدقائي من الاميركيين وكل الاميركيين وذلك على الرغم من الصور المتطرفة التي ترسمها حكومة كل بلد لمواطنيها عن البلد الاخر بدوافع سياسية.

حضوري في مؤتمر منظّمة "هابيليان" (لعوائل ضحايا الإرهاب في إيران) حول الإرهاب وضحايا الارهاب في طهران اثناء قيامي بمهمة متابعة طلّاب في جامعة طهران يبحثون في آثار العقوبات الإقتصادية الأميركية المستهدفة للمجتمع المدني، كان بمثابة فرصة رائعة للإستماع الى وجهات نظر الإيرانيين حول عدد من الأحداث الراهنة.

الطلاب يبحثون موضوع العقوبات المفروضة أميركياً والتي تستهدف عوائلهم وأبناء بلدهم من أجل هدف سياسي يقضي بتغيير النظام. يوظف حزءٌ من عملهم لتعريف مصطلح "الإرهاب الإقتصادي" المستخدم من قِبَل البنتاغون والممارس من قِبَل الحكومة الأميركية وحلفائها. الطلاب مذهلون من حيث صفاء التفكير اذ يُظهِرون تفاؤلاً مُلهِماً وإنسانيةً في هذه الأوقات العصيبة. وكانت إحدى النقاط التي تمت مناقشتها في اللقاء الإيراني حول الإرهاب هي "الإرهاب الإقتصادي". وقد قرر الوفد الأميركي التركيز على ذلك الموضوع فقط خلال تقديم عرضه الذي استغرق تحضيره أشهراً عدّة. وكجزء من عمله، قدّم مسوّدة إتفاق دولي يمنع استخدام العقوبات الإقتصادية التي تستهدف المدنيين من أجل أهداف سياسية، منها تغيير النظام.

وقد عرض الوفد الأميركي تفاصيل حول تاريخ "الإرهاب الإقتصادي" ، وحثّ حركة عدم الإنحياز ومقرها طهران على استخدام قوتها السياسية الدولية الجديدة لقيادة حملة مصادقة عالمية على مسوّدة الإتفاق الجديدة التي تمنع العقوبات الإقتصادية ضد المدنيين وتقديمها إلى الأمم المتحدة خلال الجلسة الإفتتاحية للجمعية العامة الشهر المقبل. وقد وعد قادة الحركة بدراسة المسوّدة وتنظيم لقاءات إستشارية لمتابعتها.

وقد أكّد الوفد الأميركي في المؤتمر أيضاً أنه عندما تستهدف أي حكومة، بما في ذلك الحكومة الأميركية، التي ما تزال تشكّل الكيان العالمي الأكثر فرضاً للعقوبات مع تاريخ مليء باستهداف المدنيين من خلال العقوبات الإقتصادية (كما في كوبا وفييتنام والصين وكوريا وإيران ونيكاراغوا وغيرها من الدول) من أجل أهداف سياسية كتغيير النظام بالقوة كما هي الحال في سورية وإيران، فهي بذلك ترتكب عملاً إرهابياً كما تعرّفه الكثير من الوكالات الحكومية الأميركية.

ولتوخّي الدقة، لا بدّ من القول إنّه وبسبب مشاكل طارئة في تأشيرة الدخول، لم يضمّ الوفد الأميركي في المؤتمر سوى محامٍ واحد في المجال الدولي. وقد اقتضى جهد الدقيقة الأخيرة التملّق لجيفري فلتمان، الذي على حدّ علمي لم يكن لديه مشاكل في تأشيرة الدخول أبداً، والذي كان مقيماً في الفندق نفسه للمشاركة في مؤتمر الإرهاب ما يضاعف حجم الوفد الأميركي ووزنه ونفوذه. وكانت قد عُرِضت على السيد فلتمان أيضاً رئاسة الوفد الأميركي لتحفيزه.

ولكن الرجل، للأسف، رفض بحجّة ارتباطه بالتزامات أخرى. وحصول الأميركيين على تأشيرات لدخول إيران وسورية هذه الأيام لم يعُد بالأمر السهل بسبب التغييرات المتبادلة في سياسات وزارتي الخارجية في كلا البلدين، والخطوط العريضة المعدّلة العام الماضي من قبل الحكومتين والمرسلة إلى سفاراتهما حول كيفية التعامل مع طلبات تأشيرات الدخول العائدة للأميركيين. فالأميركيون الذين يريدون السفر إلى هذه البلدان يدفعون ثمناً باهظاً مقابل استهداف حكومتهم المدنيين.

ومن خلال الحديث مع عدد من الإيرانيين وأصحاب المحالّ والطلاب خصوصاً ، يرسم المرء فكرة جيدة بعض الشيء حول انخراط الرأي العام الإيراني بالأحداث الراهنة. فهم يمثّلون صورة مختلفة تماماً عمّا يصوّره الإعلام الغربي المَدين بالفضل للشركات التي تدفع الضرائب. ولكن هذا ينطبق أيضاً على الإعلام غير الغربي أيضاً. يشعر المرء بالفخر في طهران بصمودها أمام العقوبات السياسية والإقتصادية الأميركية بالرغم من أن جميع السكان قد عانوا من تكاليف الحياة الآخذة بالإرتفاع التي باتت أقرب لوصفها بالتضخّم المستشري.

والرؤية المشتركة التي قدّمها المؤتمر إلى جانب النقاشات الجانبية كانت الإعتقاد بأنه في حين وجود عدد من الدول ضمن المجتمع الدولي تمارس الإرهاب بأشكاله المختلفة، بما في ذلك الإرهاب الإقتصادي، إلا أن ما هو غير اعتيادي هو أن الولايات المتحدة تجادل في تاريخها الحديث من العلاقات الخارجية بأنها ملتزمة رسمياً بالإرهاب الإقتصادي الدولي، بوتيرة تفوق غيرها من الجهات حول العالم. وقد لخّص لي أحد الأساتذة الجامعيين تحليله حول تأثيرات العقوبات الإقتصادية الأميركية المفروضة بدوافع سياسية، زاعماً أنها تصل إلى مستوى "الإرهاب الإقتصادي". وقد أشار إلى التأثير الحاد على المستهلكين الايرانيين في متاجر الخضار، وتقلّص الدخل بشكل كبير، وجهود الحكومة للحفاظ على بعض المعونات للتقليص من تأثيرها، والطرق المبتكرة من الحكومة والقطاع الخاص على حدّ سواء التي استطاعت التقليل من بعض العقوبات مع تجنّب عقوبات أخرى تماماً في الوقت ذاته.

واضافة الى مع تسببت به العقوبات الأميركية من نشر روح ابتعاد الايرانيين عن بعظهم البعض ، فقد أدّت وبشكل غير متوقع إلى المزيد من المبادرات بين الجيران بهدف مساعدة من يعانون مشاكل اقتصادية. ويجد المرء في الإيرانيين غضبا عارما حول قضية اجتياز "الخطر الاحمر" باستخدام السلاح الكيميائي في سورية والتي قد تتسب بحرب في المنطقة. وكانت النظرة هنا إلى الحملة الأميركية لضرب سورية على أنها تشكل أقصى درجات النفاق لدى الحكومة الأميركية.

وقد عبّر أكثر من شخص ممن حاورت عن ازدراء حكومتهم لما قامت به حكومة الرئيس ريغان في أواخر الثمانينيات عندما لم يكتفِ البيت الأبيض بالصمت إزاء استخدام صدّام حسين الأسلحة الكيميائية ضدّ القوات الإيرانية وضدّ شعبه أيضاً، بل قامت الولايات المتحدة آنذاك بتقديم معلومات استخباراتية واحداثيات حول أماكن تواجد الإيرانيين لقتلهم وتوفير الغاز لتحقيق الهدف نفسه. وقد كتبت صحيفة "تهران تايمز" مؤخراً: "لقد اخبر مسؤولو الإستخبارات الأميركية العراقيين عن أماكن تواجد القوات الإيرانية المرسلة إلى العراق، وهم على علم تام بأن القوات العسكرية التابعة لصدّام حسين ستهاجمهم بالأسلحة الكيميائية، بما فيها غاز السارين الذي يقضي على الأعصاب".

تأثير هذه الهجمات بالغاز التي تم تسهيل شنها من قبل الاميركيين، كان جليا في كلّ مكان في إيران حيث تظهر الندوب الجلدية والأحوال الصحية المتدهورة لمئات الآلاف من ضحاياها. والسؤال السائد هنا هو التالي: "كيف يستطيع الشعب الأميركي أن يقبل بازدواجية المعايير حيث يكون ضرب الإيرانيين وأعدائه بالغاز ومساعدة الحكومة في ذلك مقبولاً؟" ثمّة حماس واضح ونوع من الفرح هذا الصباح لأن البرلمان البريطاني، مضيفا الى رصيده الضخم ، صوّت ضدّ تحرّك حكومة كاميرون القاضي بالسماح للقوات البريطانية بضرب سورية. وبنظرة تفاؤلية، عبّر سائق سيارة أجرة قائلاً: "هل سيحذو الكونغرس الأميركي حذو البرلمان البريطاني"؟

يبدو أن الإيرانيين يرون ان التصويت البرلماني يشكل انتصاراً لهم لأن القليلين هنا، إن وُجِدوا، يعتقدون أن الهجمات الأميركية على سورية لا تستهدفهم، ذلك أن دور الجمهورية الإسلامية يُعدّ محورياً في مقاومة الإحتلال الصهيوني لفلسطين وأهداف الهيمنة الأميركية الإسرائيلية على المنطقة. والرأي العام في إيران إزاء الإحتمالات الخطرة التي تلوح في الأفق كطبول الحرب أصبح تصمّ الآذان في عواصم الدول ولكن الخطابات أقلّ انفعالاً مما كانت عليه في السنوات الماضية. ومما لا شكّ فيه أن هناك الكثير من الأسباب وراء ذلك، بما فيها نتائج الإنتخابات الأخيرة في إيران التي تعتبر هنا إشارة إلى الإستقرار والديمقراطية في المنطقة.

وقد أوضحت طهران لـ "جيفري فلتمان" هذا الأسبوع أنها جاهزة لتعاون جدّي من أجل حلّ الأزمة السورية سلمياً. وكما أشار الباحث في جامعة برينستون حسين موسويان، فإن التعاون بين الولايات المتحدة وإيران حول أفغانستان عام 2001 الذي نتج عنه سقوط طالبان والقاعدة (على الأقل لفترة من الزمن)، يشكّل مخططاً لتعاون جديد. وبحسب موسويان: "يجب أن يكون هذا التعاون محصوراً في المسألة السورية. فالشرق الأوسط يتطلّب إدارة ازمة في الوقت الحالي للتعامل مع هذه الأزمة وغيرها ، وهو ما يعتبر وسيلةً جيّدةً لهذا التعاون".

أما أنا فأؤمن بأن معظم الرأي العام الإيراني والأميركي موافق على أن ثمّة إشارات توحي بالتفاؤل خلال هذه الفترة المرعبة من العد العكسي.








Armas quimicas , punição a Síria .

Armas quimicas , punição a Síria .

Secretário de Estado John Forbes Kerry , que chamou duas vezes a América Latina de "quintal" durante a sabatina no Senado americano , que o confirmou no cargo, continua o mesmo , insidioso e maledicente , nada produz para a paz .

O relatório da inteligência americana , que conclui que há "um alto nível de certeza" , revela , o presidente Bashar Al Assad usou armas químicas , a ação deixou 1.429 mortos, sendo 426 crianças.

A inteligência britânica informa que o número de mortos ultrapassaria os 350, número similar aos 355 apontados pelos Médicos Sem Fronteiras , enquanto a França calcula 281 mortos.

Na Alemanha , informa o Bundesnachrichtendienst , Serviço de Inteligência Federal , que também acredita que o presidente Bashar Al Assad estava por trás dos ataques.

O chefe do Bundesnachrichtendienst Gerhard Schindler recentemente falou a autoridades do governo em uma reunião secreta que a evidência não foi absolutamente conclusiva, uma "análise de plausibilidade" apoia a ideia de que o governo sírio usou agentes químicos.

O Bundesnachrichtendienst no tempo do major-general Reinhard Gehlen , certamente produzia relatórios , digamos mais românticos que estes hoje apresentados , certamente porque talento não é algo hereditário , não é mesmo.

Como podem observar Vossas Senhorias , eles não chegaram a um numero , e tiraram o da Al-Qaeda da reta , sim os ATIVISTAS TAKFIRE'S defendidos por muitos continuarão sua limpeza étnica e religiosa , estão matando cristãos como galinhas , a tiros , obama não falou e não fala nada a respeito , o porque cabe a quem o desejar , auferir .

No entanto querem ir matar na Síria , querem bombas , misseis etc sendo lançados sobre o povo sírio .

Tudo que escrevi portanto não passou de um mero exaurimento , em resumo vão praticar mortes , vão matar alguém , que nem sabem quem , que certamente não tem culpa alguma .