Qual a moral ianque sobre armas quimicas. ?



A Convenção de Armas Químicas (CWC) é conseqüência do Protocolo de Genebra de 1925, que proibiu a utilização, durante a guerra, de gases asfixiantes ou tóxicos, bem como de armas bacteriológicas para fins bélicos.

Apesar de proscritas pelas Convenções de Genebra , armas químicas foram fartamente usadas pelos EUA, durante a Guerra do Vietnã ,  utilizando  brechas  na Convenção .

A mais conhecida delas foi o Napalm, uma mistura de gasolina com uma resina espessa da palmeira que lhe deu o nome e que, em combustão, gera temperaturas a 1.000 °C.

Se adere à pele, queima músculos e funde os ossos, além de libertar monóxido de carbono, fazendo vítimas por asfixia.

Além do Napalm, o exército norte-americano despejou sobre o Vietnã, desde 1961 (com a aprovação do presidente John Kennedy) até 1971, cerca de 80 milhões de litros de herbicidas.

 Entre eles, o mais utilizado, devido à sua terrível eficácia, foi o Agente laranja, que é uma combinação de dois herbicidas: o 2,4-D e o 2,4,5-T, sendo que a síntese deste último gera um subproduto cancerígeno, a Dioxina tetraclorodibenzodioxina, considerada uma das substâncias mais perigosas do mundo .

 O impacto ecológico do uso dessas armas químicas foi catastrófico para a cobertura vegetal e para a população que habitava a região.

Mais de 40 anos depois da guerra, a dioxina produzida pelo Agente Laranja continuava biologicamente ativa.

E, atualmente, as concentrações encontradas em várias regiões do Vietnã superam em 400 vezes o limiar de toxicidade, conforme evidenciado pela Canada Hatfield Consultants.

A dioxina foi culpada pela alta incidência de doenças de pele, malformações genéticas, câncer, incapacidades mentais e outros problemas que afetam a população vietnamita (e ex-militares dos EUA).

Milhares de crianças nasceram com problemas de pais que não foram expostos ao herbicida durante a guerra, mas que comeram alimentos contaminados por ele.

Como de praxe, a maioria das vítimas pertence às famílias mais pobres .


 Amparado por evidências questionáveis reveladas ao mundo por seu secretário de Estado, diante de uma nação dividida e passando deliberadamente por cima da ONU, o presidente norte-americano surpreende a todos e avisa que vai atacar um país do Oriente Médio.

Foi o que George W. Bush fez em 17 de março de 2003, dias antes de invadir o Iraque, depois de Colin Powell anunciar que os EUA haviam comprovado que o governo de Saddam Hussein tinha capacidade de produzir armas de destruição em massa (o que se mostraria uma inverdade).

É o que Barack Obama faz agora, dez anos depois, ao dizer na tarde de sábado que os EUA devem agir militarmente contra alvos do regime sírio, após John Kerry afirmar que está claro que Bashar al-Assad usou armas químicas (o que ainda não foi 100% comprovado).

Mudam os atores, o filme é o mesmo? Mais ou menos.

Bush quis esticar o crédito de boa vontade mundial conseguido após o ataque da Al-Qaeda ao World Trade Center (2001), que resultou na Guerra do Afeganistão, com ação militar autorizada pelo Congresso e avalizada pelas principais potências mundiais.

Perdeu-se porque, no Iraque, cumpria uma agenda pessoal, quase uma vendeta de faroeste. No anúncio, feito solitariamente num corredor interno da Casa Branca, o republicano mencionava Saddam e seus filhos e dava um ultimato a eles: saiam do poder ou encarem as consequências.

Ontem, Obama seguiu outro roteiro. Acompanhado do vice-presidente, Joe Biden, sob o sol do jardim da residência presidencial, disse que, embora não precise, o líder da "democracia constitucional mais antiga do mundo" pedirá autorização ao Congresso para agir.

Bush se isolou antes mesmo de o primeiro míssil ser disparado. Obama divide o peso da decisão com senadores e deputados. Além disso, diferentemente de seu antecessor, que no auge do conflito enviou dezenas de milhares de soldados para o front, o presidente do "drone", que intensificou o uso dos aviões não tripulados, só fará ataques pontuais por ar.

É uma grande diferença. Quando ele atacar --já parece ser uma questão de "quando", não de "se"--, fará sem baixas do lado norte-americano e com o Legislativo ao seu lado. O resto do mundo continua sendo ignorado, mas o público interno tenderá a estar mais unido.

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