Brasileiros são retidos e maltratados no aeroporto de Madri




















— Eles nos tratam como cachorros. Temos que mudar isso.






Pelo menos oito brasileiros, entre eles duas senhoras, estão retidos nesta quarta-feira (28), no aeroporto de Barajas, em Madri. O voo UX 84 da companhia Air Europa partiu de Salvador às 10h da terça-feira (27) e chegou a Madri, capital espanhola, às 9h desta quarta. As autoridades espanholas afirmaram que todos os brasileiros retidos devem retornar à Salvador na quinta-feira (29) em um voo as 15h (horário local)


De acordo com o passageiro Fábio Nascimento, oito brasileiros estão presos no aeroporto desde a chegada do voo. A maior parte dos passageiros brasileiros não tinha como destino final a Espanha. 


De acordo com Fábio,  todos os pertences dos passageiros detidos foram retirados e por isso eles não possuem sequer uma caneta para anotar o telefone da embaixada brasileira em Madri. 




Ele comentou também que, por esse mesmo motivo, uma das senhoras brasileiras de 63 anos, que iria para Florença na Itália e não quis se identificar, ficou privada de seus remédios, apesar de sofrer de diabete e pressão alta. 




Conforme informações dos passageiros, a senhora não estava se sentindo bem e as autoridades se recusaram a devolver os remédios. No momento da entrevista ela estava repousando no local.


Fábio iria embarcar em uma conexão para Roma, capital da Itália, acompanhado de dois amigos italianos. 


Ele está indignado, pois além de possuírem mais de um cartão de crédito internacional e comprovantes de renda solicitados pelas autoridades espanholas, eles estavam acompanhados de europeus que os convidaram pessoalmente para visitar a região. Fábio foi enfático:


—Não nos respondem nada e nos negam tudo. Eu trouxe tudo conforme fui informado e ainda estava acompanhado de dois amigos italianos com os quais me hospedaria em Roma. Não havia razão para me prenderem aqui.


O principal motivo da revolta dos brasileiros, que conversaram com o R7, foi o tratamento dado pelos funcionários do aeroporto de Madri. Eles disseram ter recebido apenas dois cartões para fazer ligações em um telefone público disponível na sala em que estão. Cada um dos cartões possui limite de 12 reais (5 euros), o que possibilita poucas ligações internacionais. A preocupação de muitos é que os familiares só deverão saber do ocorrido pela mídia, ou quando aterrissarem novamente no Brasil.


O local foi descrito pelos brasileiros como uma prisão em que não se pode sequer ir ao banheiro com privacidade, já que as instalações não possuem portas que isolem os sanitários. 




Outra preocupação é o fato deles estarem junto de retidos de outras nacionalidades, dentre elas, senegalenses e argentinos. Uma das brasileiras, que não quis ser identificada para não assustar o familiares no Brasil.


— Não há divisão entre homens e mulheres nos banheiros nem nos quartos. Como e onde iremos passar a noite? Aqui estão pessoas que nunca vimos na vida e de culturas diferentes das nossas. Todas as autoridades são muito grossas e não nos dão respostas.


Os brasileiros disseram que lhes foi servido apenas um prato de batata frita com um frango praticamente cru. Todos  afirmaram que cooperaram desde o início com as autoridades aeroportuárias e estavam preparados com documentos e comprovantes de renda de acordo com as exigências locais. Fábio que levou tudo, inclusive os R$ 730 (300 euros) por dia exigidos, está bastante surpreso com o bloqueio e afirmou:


—Nós brasileiros tratamos os estrangeiros muito bem, mas eles nos tratam como cachorros. Temos que mudar isso.


Na próxima segunda-feira (2), entrará em vigor nos aeroportos brasileiros a lei que receberá os espanhóis no Brasil com as mesmas exigências e restrições aplicadas aos brasileiros que entram na Espanha.












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